E vai recomeçar. Finalmente

Meus camaradas, que tempos malucos estamos vivendo. Difícil de comentar, difícil de viver, difícil de suportar. Mas finalmente está passando talvez a pior parte (quem sabe?) e vamos recomeçar com os campeonatos de moto. De jeito muito estranho, mas vamos.

Estranho porque? Porque teremos provas sem a presença do público, porque teremos provas seguidas no mesmo circuito, porque teremos muito menos provas. E cada coisa destas terá suas consequências.

Menos provas requer um planejamento mais cuidadoso, pois qualquer abandono tem um peso maior. Qualquer instabilidade técnica na moto ou piloto, tem maior peso. Não dá tempo de recuperar piloto ou acertar a moto. Provas seguidas no mesmo circuito também podem complicar para alguns. Sabendo nós que existem circuitos melhores para um ou para outro, duas provas seguidas em um circuito bom para um, prejudica o outro. Se o clima não mudar, vamos ver os tempos caírem bastante do primeiro ao último dia de cada prova, pois moto de corrida, quanto mais tempo andando, mas rápidas ficam. As motos vão desenvolver muito menos. Primeiro porque mudaram o regulamento para a pandemia, segundo porque correrão muito menos. Motos, pneus, equipamentos. 2021 será igual 2020.

Históricamente também será marcante, pois vai demorar até ter um outro GP da Styria… quem vencer este vai ficar marcado como único vencedor deste GP. Vai atrapalhar as estatísticas dos pilotos em número de vitórias e etc.

Os pilotos terão menos pista para mostrar talento, os patrocinadores menos oportunidades para aparecer, uma cáca geral.

Mas vamos ter corridas. Começa dia 19, Jerez, Espanha. É o que importa. E nisso tudo, estão as fofocas dos pilotos, o que considero um saco e um perigo. O perigo é acabar ficando como a Fórmula 1, onde este tipo de assunto, regulamento e etc, são mais importantes quase do que a técnica. Parei de acompanhar, mas enquanto acompanhava via mais notícias sobre dinheiro, contratos e puxações de tapetes do que sobre os carros.

Com tantas arrumações já para 2021, será uma temporada muito esquisita. Exemplo, apesar de correr de fábrica em 2020, Petrux já vai andar de KTM ano que vem, ou seja, a Ducati não vai mostrar segredos ou desenvolvimentos para ele. Vai andar com quase a mesma moto do início ao fim do campeonato. A Ducati, sempre a pior equipe no sentido de tratar os seus pilotos, seguida pela Honda, já está aí atritando Dovi. O mesmo com Rossi, que vai correr já sabendo que está demitido. Acho que todos sabem disso, principalmente os pilotos, pois ninguém quis ir para lá. Tentaram Maverick, Quartararo, Rins…

Eu acho que devia ser proibido este negócio de transações de pilotos antes de começar o campeonato. Se rolar, que seja escondido, na encolha. Não consigo imaginar em coisa mais estranha, feia e perturbadora do que o “estranho caso de Alex Marquez”, que perdeu o lugar na equipe antes mesmo de correr uma única prova. Certamente terá consequências, eu duvido que Marc tenha gostado disso.

Passando rapidamente pelas equipes, acho que Honda vem sempre bem com Marc Marquez, em que pese não ter treinando bem no início do ano. Estava se recuperando e a moto apresentou algumas características indesejáveis. Para as duas coisas o tempo parado ajudou. Alex não se mostrou brilhante, mas Cal Crutchlow vai vir babando porque pode perder a moto ano que vem.

A Ducati vem com meio Petrux, pois não vai dar tudo prá ele. Um Petrux inteiro já não dava para o gasto, imagine meio. E mais meio Dovi. Meio puto e meio quebrado no início do ano, pois caiu no motocross (muita gente secando) e quebrou a clavícula. Alguns não sabem, mas os pilotos não podem andar com suas motos fora dos treinos oficiais. E dizem que andar de SBK é ruim para os reflexos e muito perigoso. É um “parecido mas diferente” que estraga a pilotagem. Daí eles gostarem de treinar no MX, que é muito diferente, mas treina muito o físico  e a confiança. Eu andei de MX e SBK, sinto-me seguro para afirmar que o MX é mais difícil que a pista. E a pista é muito difícil, para ver como eu acho o MX difícil. Continuando,  sendo a Ducati uma das moto de mais difícil setup, tem aí a perspectiva de perder sua referência, que é Dovi e passar um ano gastando pneu e gasolina pois ano que vem pode bem ter 2 novos pilotos na marca, com os inputs dos pilotos atuais meio que invalidados.

A Yamaha no papel vem bem, apesar de Quartararo nunca ter vencido uma prova. Tendo uma moto boa e pista favoráveis, Viñales provou que ganha. Para 2020 voto mais nele do que no Dovi, por exemplo. A moto apresentou-se como sempre no início da temporada, suave na nave.

A Suzuki apostou na constância de desenvolvimento mas não acho que tenha conjunto para ganhar campeonato. Nem investe para isso. Acho que o objetivo da Suzuki é vencer mais do que o bom ano passado. A moto, a equipe, os pilotos, tudo bom, mas prá ganhar tem que ser ótimo.

A KTM também está sacudida de pilotos, nesta maluquice de troca troca e deve perder seu melhor marcador, Pol Espargaró. A moto vem evoluindo mas acho que periga de brigar com a Aprilia, que mudou tudo e ao que parece acertou. A moto veio rápida, apenas com problemas de confiabilidade normais em projetos zerados, que o tempo parado ajudou a consertar. Lógico que não aposto em vitórias da Aprilia, não sou maluco, mas não será maluquice se Aleix andar na frente das KTMs.

Agora temos Honda, Ducati, KTM e Aprilia de V4 em 90 graus, contra Yamaha e Suzuki de 4 em linha. Vamos ver no que vai dar.

Abraços
Mário Barreto

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestas em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo®, www.motozoo.com.br, onde escreve sobre motociclismo. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

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