A Tragédia de Monza

Hoje acordei e o meu Facebook mostrou-me esta foto de Saarinen, Pasolini e Agostini. Um grupo gringo de corridas de moto, nem lembro qual. Achei que seria bacana para os “jovens” leitores do Motozoo® terem contato com a Tragédia de Monza, uma vez que talvez 99% da meia dúzia de leitores não sabem quem foram Jarno Saarinen, Renzo Pasolini e há apenas uma pequena chance de que conheçam Giacomo Agostini, porque este está vivo!

Saarinen, Pasolini e Agostini, nesta ordem

Fiz muitas coisas além de andar de moto nos meus quase 61 anos, entre elas uma Licenciatura em História na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, sou portanto Historiador e Professor de História diplomado, estou habilitado a dar aulas!!! kkkkkkkkk.

Para contextualizar a história que eu vou contar, imagine que em domingo qualquer, Jorge Martin, The Martinator, escorregue em uma poça de óleo não sinalizada na pista, e é atingido em cheio por Pecco Bagnaia, em um acidente em que morrem instantaneamente os dois pilotos, um deles o atual campeão do mundo. Chocante o suficiente? Pois saibam que isso aconteceu em 20 de maio de 1973, na Tragédia de Monza.

O simpático Piloto, Campeão e Engenheiro Jarno Saarinen

Jarno Saarinen, o Finlandês Voador, foi várias vezes campeão finlandês de motociclismo. Só pôde dedicar-se completamente ao campeonato mundial de motovelocidade após acabar a faculdade onde se formou como Engenheiro Mecânico. O loirinho simpático era rápido como uma flecha, enquadrou Agostini e com quatro vitórias e 9 pódiums em 10 corridas, foi campeão do mundo de 250 cc em 1972, sendo vice-campeão na 350 cc. Credita-se a ele a invenção da técnica de colocar o joelho no chão para fazer as curvas. Com os pneus de hoje, encosta-se para medir a distância e sentir o chão. Na época de Saarinen, ele apoiava a moto mesmo, sem raspadores Alpinestar. Estrela maior da Yamaha, tinha uma carreira imensa pela frente. A Yamaha retira-se do campeonato neste ano, de luto pelo morte de seu piloto. Saarinen largou 46 vezes, obtendo 15 vitórias e 32 pódiums em sua carreira no mundial.

Renzo Pasolini, o Leão de Rimini

Renzo Pasolini, seguiu a paixão do pai, também piloto, e começou desde cedo a correr com motos. Trabalhou na fábrica italiana da Aermachi, de onde virou piloto oficial com excelentes resultados. Mesmo assim, mudou-se para a Benelli e tinha uma intensa rivalidade com Giacomo Agostini. Dominava o campeonato italiano, mas no mundial nunca conseguiu ser campeão, por pouco… perdeu o campeonato de 250 de 1972 para Saarinen por apenas 1 ponto. Já estava novamente correndo com Aermachi, agora Harley Davidson. Ficou em terceiro na 350, atrás de Ago e Saarinen. Eram os caras da sua época. Renzo largou 51 vezes, com 6 vitórias e 35 pódiums no mundial.

Em 20 de maio de 1973, vinham os três na ponta do GP quando Renzo Pasolini escorrega em uma poça de óleo deixada por um acidente com Walter Villa, cai e é atingido em cheio por Jarno Saarinen. Os dois morrem na hora, vários pilotos também caem. Ago sai incólume do acidente. Ironicamente, Walter Villa, que não tem nenhuma culpa pelo acidente, mas de cuja moto vazou o óleo, foi tetracampeão do mundo com a Aermachi-Harley Davidson que era do Pasolini. A falha foi da direção de prova, que não notou ou não tomou providências para o óleo na pista. Isso nunca mais aconteceu ou acontecerá, vide o último fim de semana, quando Nicholas Spinelli venceu a primeira prova do WSBK em Assen na Holanda, porque a prova foi imediatamente interrompida por conta de óleo na pista.

A linda Ducati Cagiva (reparem no elefantinho no tanque) Paso 750

Em 1986 a Cagiva, então dona da Ducati, produz a Ducati Paso, outra obra prima de Massimo Tamburini, dedicada e em homenagem ao Leão de Rimini, Renzo Pasolini.

Muito mais eu poderia escrever, mas “os pessoal” não gosta mais de ler. Hoje em dia as normas são mais severas, não se morre mais na pista como morriam pilotos de motos e de carros nos anos de 1970,

Abraços.

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestas em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo®, www.motozoo.com.br, onde escreve sobre motociclismo. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

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