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O Dilema

O dilema do momento é a escolha do companheiro do Bagnaia em 2025 e estou vendo muito especialista no Brasil e aqui na Inglaterra afirmando que seria uma enorme injustiça com o Martin, atual líder disparado do campeonato, se ele for preterido mais uma vez.

Pra começar, Bastianini levou a vaga na Ducati LeNovo em 2023 porque correu 2022 com uma GP21 e ganhou 4 corridas. O Martin, que é tão bom quanto é chorão, tinha uma moto igual à do Bagnaia e não ganhou nenhuma.

A Ducati evolui todos os anos. Claro que a GP22 era melhor que a GP21, assim como a GP23 era melhor que a GP22. Só que a 22 era mais fácil de entrar na curva. Bastianini começou 2023 estranhando muito a diferença da moto nova para a de dois anos antes. Depois foi atropelado pelo Marini em Portimão, caiu em Montmeló, e passou boa parte do ano com problemas físicos. Até por solidariedade às dificuldades que ele passou a Ducati não fez o switch dele com o Martin ao final do ano.

A Pramac tem a mesma moto que a LeNovo: a única diferença está no número (talvez também na experiência) de engenheiros acompanhando nos bastidores. A equipe oficial tem mais e melhores técnicos e todo piloto quer isso.

Bez, Diggia e Alex Marquez ainda estão sofrendo para entender a GP23. Marc Marquez, que veio de uma trozoba chamada RC213V, adaptou-se mais rápido. E a adaptação não foi apenas a uma nova moto, mas também a uma nova equipe, novo engenheiro-chefe, novos mecânicos. E está disputando a ponta.

Jorge Martin está no auge da forma e deu show em Le Mans, mas… ele está no 4° ano de Ducati, familiarizado com a equipe e correndo com uma moto igual à da fábrica. Será que tem potencial para melhorar ainda mais ou já atingiu seu pico?

É isso que o Gigi analisa, comparando os dados.

Bastianini está bem. Não é protagonista mas está em ótima forma, a 2 pontos do bicampeão. Acho que ele deve ir para a Aprilia, no lugar do Aleix. Ou ficar na equipe que terá a GP25, caso a Pramac cometa a loucura de quebrar uma parceria que vem de 2005 com a Ducati.

Acho uma pena que já se discuta contratos pro futuro em maio/junho. Tanto a F1 quando o MotoGP só deveria permitir essas negociações decorridos 3/4 do campeonato.

Imaginem se o Martin fecha com a Aprilia em julho. Vocês acham que a Ducati vai continuar dando todo o suporte que lhe dá hoje? Há também uma questão incômoda para a gestão da Ducati que são as constantes reclamações do líder do campeonato. Dall’Igna já rebateu esse choro afirmando que o Martinator tem uma moto idêntica e todo o apoio possível da fábrica. Tanto que disputou o título ano passado e lidera em 2024.

No mais acho que a vantagem de 38 pontos do Martin sobre o Bagnaia é muito mais significativa do que a vantagem de 40 pontos que ele tem sobre o Marquez. É uma espécie de demérito para o bicampeão. Marquez correu apenas 5 vezes com a moto que era do Zarco no ano passado e está chegando junto. O campeonato está muito no início, e com 37 pontos por rodada muita coisa pode acontecer. Achar que a taça já está na mão do Martin é muita ingenuidade.

Os últimos boatos dizem que a balança da Pramac voltou a pender para o lado da Ducati. Má notícia para a Gresini e para o Gigi, porque, se estender o contrato, a Pramac tem prioridade para as motos do ano. Marquez não vai querer trocar a Gresini pela Pramac e se adaptar a um novo engenheiro-chefe, mecânicos, ambiente etc. Lorenzo disse que a solução mais factível seria, na mudança da Pramac para Yamaha, dar as GP25 para a Gresini que correria com Marquez e Aldeguer, levando o Martin para a LeNovo.

Continuo achando que essa decisão deveria ser tomada logo depois das férias de verão, antes da 10° corrida, o GP da Inglaterra (2 a 4/ago). A Pramac tem até 31 de julho para exercer seu direito de estender o contrato atual. Haveria um cenário mais claro, quase na metade do campeonato. e o que fosse decidido teria mais embasamento. Só acho.