Voltamos à Programação Normal

E os “três” (93, 73, 63) que citei na coluna pós GP da Tailândia voltaram a dividir o pódio, como seria de se esperar após a pré-temporada. Um domingo de sol, sem vento, condições ideais para correr: deu a lógica.

Marc venceu pela 7a vez em Aragón, liderando todos os treinos, batendo récorde para conquistar a pole, vencendo as duas corridas com melhores voltas e récorde. Isso não acontecia desde Sachsenring em 2015. Alex minimizou as perdas fazendo P2 no Q2, na Sprint e na Corrida, e a boa surpresa foi a recuperação do Bagnaia no domingo, depois do decepcionante 12° de sábado.

O PULO DO GATO DO BAGNAIA

Embora a Brembo recomendasse os discos de 340mm, de sábado para domingo resolveram instalar os de 355mm na moto do italiano. Embora aumente o peso não suspenso da frente e, em tese, dificulte a troca de direção, os discos maiores deram mais segurança ao bicampeão, que passou a sentir a frente da moto mais “no chão” e teve mais confiança na freada e na entrada de curva. Isso ficou visível na disputa que teve com o Acosta no início da corrida, onde o espanhol, por ter sido o único a largar com pneu duro na frente, freava 10 metros depois de Deus me livre. O terceiro lugar é um resultado que chega em boa hora, uma vez que teremos Mugello e Assen na sequência. Suas duas pistas favoritas. Foi o quarto hat trick (pole, sprint, corrida) do Formiga no ano: metade das corridas. Um Bagnaia motivado é importante para que tenhamos corridas mais animadas.

A Gresini tem muitos motivos para comemorar neste fim de semana. Alex correu com inteligência para perder o mínimo de pontos possível para o irmão. Largou na 2a posição e cedeu apenas 3 pontos no sábado e 5 no domingo. Controlou o revigorado Pecco sem lhe dar uma chance de se aproximar. Aldeguer também está mostrando provas de amadurecimento. Levou uma medalha de bronze no sábado e protagonizou a melhor disputa de domingo. Perdeu pro Morbidelli, que tem muitos anos a mais de experiência, mas aprendeu algumas lições importantes que vão deixá-lo mais forte nas próximas corridas. A equipe do falecido Fausto Gresini está dominando a VR46 na disputa de melhor equipe satélite. Diggia teve um fim de semana apagado, onde falou bobagens mais do que correu. Morbidelli, com uma GP24, fez bons 4° e 5°, enquanto Fábio fez 6° e 9° com a moto do ano.

Foi um bom fim de semana para a KTM, que colocou 3 motos direto no Q2, pontuou com as mesmas 3 no sábado, e conseguiu um belo 4° com Acosta e um 12° com Bastianini no domingo. O espanhol não estava particularmente feliz, já que conseguiu dois terceiros em Aragon 2024, mas as características da pista ajudaram, com a imensa reta. A posição do Bastianini não foi necessariamente honrosa, mas ele reportou um melhor entendimento com a RC16 e empatou com o Binder em pontos. Ou seja, é a pior KTM “pero no mucho”. Viñales tinha potencial para fazer melhor do que fez (7° no sábado, queda na corrida), mas duas largadas ruins o atrapalharam.

Quem me impressionou bastante foi o Bezzecchi. Um tombo bobo na 1a tentativa de volta rápida no Q1 fez com que ele largasse em 20°, mas virando tempos bem competitivos foi 8° nas duas corridas. Fiquei com a impressão que ele poderia ter brigado pela 4a posição ou até mesmo um pódio se tivesse largado mais à frente. Ogura não correu e Savadori é café com leite, então a única outra Aprilia foi a do Raul Fernandez que fez 10° no sábado e no domingo. Raul é outro piloto que está rendendo bem abaixo do esperado, e já se fala abertamente que o Rivola está decepcionado com ele. coincidência ou não, ofereceram ao Mano Gonzalez, líder do campeonato de Moto2, a oportunidade de testar a Aprilia da Trackhouse nesta 2a-feira. Diz o Manuel Pecino que também ofereceram esse “presente” (como explicou o Davide Brivio) ao Diogo Moreira, que teria recusado por causa das suas conexões com a Yamaha. O manager da Trackhouse afirmou que esse teste não tem nenhuma implicação com futuras escolhas da marca de Noale, mas é bom que o Raul fique esperto.

Yamaha e Honda tiveram um fim de semana apagado se comparado aos seus resultados de Silverstone. É fato que o 7° lugar do Joan Mir foi seu melhor resultado desde o maluco GP da Índia de 2023, quando foi 5°, mas Zarco foi 16° no sábado e caiu no domingo, interrompendo uma sequência de pódios. O pior: nem ele nem a LCR conseguiram entender o quê aconteceu. As Yamahas andaram em comboio no terceiro grupo. Quartararo ainda tirou leite de pedra, se classificando em 9°, mas não marcou nenhum ponto. Rins, em 11°, puxou o trem azul com Augusto Fernandez, Miller e Oliveira entre 13° e 15°. Não foi bonito ver os dois pilotos da Pramac atrás do piloto de testes. Miller tem alguns brilharecos esporádicos mas destrói os pneus e perde rendimento durante as provas. Miguel não está rendendo e, embora tenha contrato para o ano que vem, não sei se continua. Há o fantasma do Toprak que aparentemente correrá de M1 ano que vem. Há talentos no Moto2 querendo subir de categoria.

Contratos prevêem a possibilidade de término antecipado: basta pagar a multa. Tem gente que já está fazendo hora extra no MotoGP e não está nem ajudando a desenvolver a moto nem obtendo bons resultados. Talvez alguns se salvem porque trazer alguém de fora no último ano do atual regulamento e dos pneus Michelin pode ser um tiro no pé dos rookies, mas prevejo muitas caras novas em 2027.

As corridas de Moto3 e de Moto2 tiveram finais emocionantes entre pilotos que nunca venceram em suas categorias. Ambas as corridas foram definidas na última curva. Na Moto 3 o polêmico David Muñoz (feio como um maquinista de trem fantasma) venceu o estreante Max Quiles, que já fez 2 segundos lugares em aoenas 4 corridas na categoria.

Na Moto2 o nosso Diogo Moreira fez uma corrida madura, poupando pneus no início e se mantendo nos Top 4 até aumentar o ritmo nas últimas voltas, passar o turco Deniz Önčü no primeiro trecho da última volta e perder na reta de chegada por TRÊS MILÉSIMOS, a menor diferença em uma prova de Moto2. O brasileiro está evoluindo a cada prova, está em 3° no campeonato e certamente ainda vencerá este ano. É um piloto que está chamando a atenção de comentaristas e chefes de equipe e prevejo que ele seguirá os passos do Alex Barros e vai chegar ao MotoGP.

Daqui a duas semanas, Mugello. Logo depois, Assen. Duas corridas clássicas que darão uma boa percepção do quê acontecerá na segunda metade do campeonato.

Mal posso esperar.
Até lá!

Pai orgulhoso do João e da Nanda, botafoguense, motociclista e cabalista. 15 anos como CIO e membro do Board de empresas multinacionais, participando no desenho e implantação de processos de logística, marketing, vendas e relacionamento com clientes e canais de vendas, inclusive por dispositivos móveis; Morador em Londres, é Fluente em Inglês e Espanhol, com conhecimentos avançados (leitura) e intermediário de Francês e Italiano; Possui cidadanias brasileira e francesa.

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