E em mais uma corrida sem muitas surpresas, voltamos a ver uma lógica que nos acostumamos nos últimos anos. E qual é? É a Ducati oficial vir melhorando e crescendo até a apoteose do Pecco no domingo. Igualzinho e já um clássico. Pecco não assustou nos treinos, não assustou na Sprint Race, mas barbarizou na corrida que marca mais pontos e sai do Q(C)atar como líder do campeonato.

É o seu estilo. Não sei se ele esconde o jogo ou se é assim mesmo que ele trabalha, melhorando a moto a cada degrau, até ter uma moto muito boa no domingo. Hoje, por exemplo, largou lindamente e teve tempo de desviar do engarrafamento em sua frente, jogou para a esquerda, passou uma galera por fora na curva 1, ficou bem posicionado e pegou a ponta na curva 2, para não ser mais importunado. Virou como um relógio, em tempos muito bons e muito rápidos, nunca deixando o segundo colocado, posto em que se revezaram Brad Binder e Jorge Martin, o atacassem. Tirou onda, venceu sem cometer nenhum errinho sequer.

Pecco corre com um estilo que não é muito espetacular. A moto não anda muito de lado, não levanta muito a traseira… ele não nada… só anda, e muito.

O segundo lugar do Binder foi muito bom também. Foi difícil, Martinator não deu mole mas Binder também foi muito preciso, não errou nada e usou o seu motorzão para fazer a diferença. Sim amigos, a KTM apresentou-se hoje com mais velocidade de reta do que a Ducati. Só que a Ducati visivelmente freia com mais compostura. Binder passou, foi passado, observou, aprendeu e finalmente passou definitivamente. Muito bom para a KTM. Binder é outro piloto que também não assusta muito nos treinos, mas que se apresenta bem nas corridas, quando a moto dá condição. Hoje deu.

Jorge Martin sabe que falta ainda alguma coisa para que ele consiga fazer corridas normais igual ele faz as Sprint Races. Eu não sei o que é, mas ele sabe, deve estar trabalhando para resolver isso e talvez seja por este motivo que ele chegou feliz em terceiro hoje. Seu conjunto não estava no nível do de Pecco, levou pau até do Binder e em certo momento chegou até a sentir um calorzinho vindo por trás, de Marc Marquez. Mas ele ainda tinha uma margenzinha e a usou para se livrar dele.

Marc Marquez sabe muito mais de MotoGP do que eu e de que todos os seus fãs. Sempre foi realista em suas falas e o que vimos foi o que ele disse que iria acontecer nestas primeiras corridas. Eu queria mais, eu queria bruxaria, mágica, mas isso não existe no MotoGP. Para primeira corrida os resultados foram muito bons, sendo ele o primeiro dos “outros”, do elenco de apoio que está ali para compor o cenário dos que realmente disputam o campeonato. Antigamente os reais competidores eram os primeiros pilotos de cada fábrica, mas hoje em dia com as japonesas fora de combate, a briga real está entre os pilotos da Ducati e, com sorte, Brad Binder. Novamente um MM diferente, mais redondinho na moto.

Seu irmão andou muito bem também, bem como Enea Bastianini. Reparem que ele chegou na frente do Enea, e isso não é pouca coisa.

Pedro Acosta, contra a minha torcida, está barbarizando para um rookie. Chegou a andar em quarto, mas no final foi sendo ultrapassado até chegar em nono. Normal, primeira corrida, estas motos são dificílimas de gerenciar e certamente seus pneus devem ter mudado muito a moto.

As Aprilias, após a boa exibição de ontem, especialmente no final da prova, eram apontadas como protagonistas. Mas foram coadjuvantes discretas hoje, nunca mostrando ritmo e maltratando especialmente o Miguel Oliveira, que tem a minha torcida.

Yamaha invisível na pista, bem como a Honda. Marini fez a proeza de chegar novamente depois do Morbidelli. Os problemas são realmente sérios.

Que venha Portugal!!!