Após o que me pareceu uma eternidade foi dada a largada do Campeonato 2024 da MotoGP. Como escreveu o Mario Barreto, aparentemente foi mais do mesmo: Martin fazendo pole e ganhando a Sprint, Bagnaia acertando a moto no domingo e dominando a corrida que conta. Acredito que haverá mudanças nesse cenário, embora continue apostando no domínio da Ducati. Entre KTM e Aprilia, a balança continua favorável à marca austríaca, cujo motor está empurrando muito. As japonesas farão a série B, ou, como disse o comentarista da MotoGP, a Copa Japão, pra lá do décimo lugar. Apareceram pouco na TV, mas Quartararo, Zarco e Mir parecem ter se divertido. Chegaram colados, nessa ordem, a 17s do bicampeão: 11°, 12° e 13°. Se havia alguma dúvida se o Marc Marquez tomou a decisão acertada ao largar a Honda de fábrica por uma Ducati satélite do ano passado, o resultado foi esclarecedor.
Falando rapidamente da Sprint, vou repetir pela enésima vez: a largada é decisiva. Também é decisiva no domingo, claro, mas há menos tempo para se recuperar na prova curta. MM caiu pra 7° e ficou se enrolando com o Miller e o Diggia. Sentiu que teria que ser mais esperto na prova longa. E foi. Passou a 2a curva em 4° e acabou em 4°. Eu achei a moto dele mais lenta em reta do que as KTM e as GP24, mas pode ser que ele não tenha acertado como fazer a última curva para entrar lançado no retão. Muitos dirão que ele tomou uma passada do rookie, que foi até muito bem, mas a experiência venceu a empolgação: o garoto estava gastando pneus como se não houvesse amanhã e acabou em 9°.
Não se pode negar que o Acosta está no patamar um tiquinho acima da média dos ótimos pilotos que estão no grid. Miller já está de olho nos classificados de empregos. Só que ainda quero ver como será o desempenho dele quando chegar verde em uma pista, pois os dias de treino que precederam a corrida o ajudaram a encontrar o melhor acerto.
As GP24 são o aprimoramento do que já era bom. Quem usava a GP22 no ano passado está tendo alguma dificuldade com a GP23. Pelo menos foi o que disseram os pilotos da VR46: Bez desaparecido e o Diggia fazendo um bom 7°, mas sem nunca ameaçar chegar mais à frente, depois de um tombaço assustador na Sprint. Alex Marquez não comprometeu, com um 7° e um 6°, mas ficar atrás do irmão que nunca tinha corrido com a moto italiana é um pouco desmoralizante.
Aleix Espargaró continua esculachando o Viñales, uma estrela que já se apagou. Muita gente no paddock achava que a Aprilia tinha chance de vencer no domingo, depois de fechar a Sprint cheia de fôlego. Não aconteceu. Aleix ficou flutuando ali pelo 9° e só passou o rookie porque os pneus da GasGas estavam na lona. Oliveira está com uma moto 2024, mas ainda não se acertou com ela. Classificando em 14° não se podia esperar muito na Sprint e ele ainda teve que pagar uma volta longa na corrida. Salvou um pontinho, mas precisa botar o seu talento na pista.
Rins e Morbidelli correram machucados então nem seria justo critica-los, mas é inevitável pensar que aquela GP24 na mão do ítalo-brasileiro é um desperdício.
Marini tomou um choque de realidade ao chegar em último nas duas corridas. A boa notícia é que ele já tem contrato para 2025. Apenas outros 3 já tem assento garantido: Bagnaia, Binder e Zarco, e eu tenho a impressão que este será o último ano de muita gente no MotoGP.
Bagnaia correu com autoridade. Quando lidera a prova me lembra muito o Lorenzo: é constante sem dar espetáculo. Bastianini ficou devendo. Classificou-se bem, mas fez papel de coadjuvante. Chegou entre os irmãos Marquez nas duas corridas… acho que não é isso que a Ducati espera dele.
Enfim, Lusail foi um bom aperitivo, mas já estou contando os dias para Portimão, que me parece um circuito mais seletivo, com uma curva veloz antes da reta, o que deve diminuir a vantagem de quem acelera melhor.
Até lá!