Com recorde de público tivemos um fim de semana sensacional em Jerez. A pista espanhola tem características bem específicas: todo mundo a conhece muito bem, possui curvas de todos os tipos, retas curtas, e um asfalto que não tem muita aderência.
Isso ajudou bastante as Ducatis, que estavam tendo problemas com asfaltos muito aderentes: a suspensão traseira fazendo que o pneu desse pequenos pulos ao invés de escorregar. Ao mesmo tempo, por motivos opostos, Aprilia e KTM encontraram dificuldades que não tinham acontecido nas primeiras três corridas. Como resultado, cinco Ducatis no Top5. E seriam seis, se o Martin não tivesse caído.
A Sprint foi o tipo de corrida que não gosto. Por causa do asfalto que minava água, muitos pilotos caíram. Aí Pedrosa beliscou um bronze, mas… tem valor quando 5, 6 pilotos caíram à frente dele e um foi derrubado (Bagnaia)? Aliás este fim de semana foi bastante agressivo. Eu não entendo como o Binder nunca é punido: no sábado abusou das ultrapassagens “meto por dentro e me escoro em você”. No domingo, Aleix tirou Zarco da corrida, assim como Morbidelli tirou Miller: ninguém foi punido. MotoGP vai virar Moto3…
As únicas punições aconteceram no sábado e foram causadas por pressão abaixo do limite nos pneus dianteiros. As equipes vivem em um dilema: quem vai andar no bolo tem que largar com uma pressão mais baixa, porque andar colado em outro piloto esquenta o pneu, aumenta a pressão e diminui a aderência. Quartararo largava em 23°, mas já estava em 11° na primeira volta, foi promovido a 9° e andou a maior parte do tempo de cara pro vento. Acabou punido em 8s porque o pneu não esquentou, não “encheu”. É uma regra chatinha…
O que abrilhantou o domingo foi a disputa Bagnaia x Marquez. O octacampeão admitiu que começou a corrida muito duro em cima da moto, depois das quedas em Austin e na sprint. Chegar era o objetivo principal, mas ele pilotou mal as primeiras voltas e acabou atrás de Martin, Bagnaia e Bezzecchi, passando a sofrer com a temperatura do pneu dianteiro. Bagnaia fez uma primeira volta de gala. A ultrapassagem dupla que ele fez em cima de Bez e Martin estará com certeza nos melhores momentos do campeonato. Ele já tinha tentado essa manobra em cima do Binder e do Martin na Thailandia, ano passado. Fazê-lo na primeira volta, com pneus e freios ainda frios, foi uma façanha de quem tem autoridade.
Antes da corrida, o Simon Crafar entrevistou o Gino Borsoi, chefe da Pramac, sobre as chances do Martin. O Gino respondeu que era uma corrida cerebral e que não era momento de correr riscos desnecessários e cometer erros bobos. Que boca… Martin entregou 25 pontos de graça pro Bagnaia. É Indonésia 23 de novo…
Voltando ao clímax da corrida, MM se livrou do Bez e tirou 1.3s de diferença pro Bagnaia. Aproveitando sua especialidade em curvas para a esquerda, aproveitou as curvas 7 e 8, para passar na 9, que é a primeira de quatro curvas para a direita. Bagnaia ganhou na raça. Ele já definiu o tom: prefere correr o risco de cair do que deixar o Marquez passar. Em Portimão, caíram. Em Jerez, o Marquez arregou. Ainda assim, Bagnaia fez a melhor vokta da corrida na penúltima, e Marquez fez sua melhor volta na última. É disso que o povo gosta…
No parc fermé o clima foi de cordialidade, assim como na salinha pré pódio. Nisso a Liberty vai intervir: esses papinhos entre os tres primeiros acontecem em espanhol ou italiano. Os americanos vão forçar para que seja em inglês.
Aguardem muitas disputas entre o 63 e o 93. Bagnaia é herdeiro do Rossi e já disse que pra disputar com o Marquez tem que ser agressivo. MM era só sorrisos, mostrando o macacão marcado pelo pneu do italiano. Ele não faz mimimi, mas haverá troco, para desespero do Tardozzi.
Gigi foi pego em flagrante sorrindo pela pole do Marquez. Ele quer ver suas criaturas na frente, não importa o piloto.
No teste de hoje em Jerez, Yamaha e Honda levaram muitas novidades, mas o resultado não foi nada promissor. Marini agradeceu à presença do Savadori, que o livrou da lanterna. Na frente, os suspeitos habituais, com Viñales finalmente fazendo a Aprilia andar em Jerez, fazendo o 2° melhor tempo.
Le Mans certamente será outra boa corrida. Os torcedores franceses vão invadir, para retomar o recorde de público que tinham obtido em 2023, quebrado neste fds. A pista é uma das mais aderentes do campeonato, o que pode ajudar Aprilia e KTM e despertar os problemas de shattering da Ducati. A menos que o Dall’Igna faça a sua mágica.
Estou contando as horas.
Até lá!