Triumph Scrambler

Meus camaradas, tem tempo que eu não testo uma Triumph. Testei algumas aqui para o Motozoo®, como a Thruxton,  a Street Twin,  Explorer 1200 e finalmente a Tiger 800.

Quando a Scrambler foi lançada eu a achei impressionante. Peças de ótima qualidade, mas achei a moto muito grande, meio com proporções desajustadas. Achei o farol redondinho pequeno, achei a moto muito alta. Incrível como os carros e as motos cresceram nos últimos anos. Até parece que o ser humano cresceu junto, mas não. Já de cara senti que aquela descarga “em cima” iria esquentar e incomodar.

A moto do “tipo scrambler” é uma moto que em teoria seria uma moto de cidade com capacidade de dar um rolé tranquilo no off-road. Sem correr, sem disputar corridas ou saltar, mas uma moto que topa um chão para um pic-nic, para um passeio na terra. Fazer isso mas sem ser um TT, tanto no estilo como no desempenho. É perto, mas não seria uma trail. É difícil a classificação das motos em categorias.

Mas a Triumph Scrambler pode ser também encarada como uma Big-trail, já que as BMW GS, Ducati Multistrada e até a próprias Explorer e Tiger seriam Gigant Trail. As que são chamadas de Big trail trail cresceram prá caramba, ficaram enormes. A Triumph Scrambler para mim seria então mais uma Big trail do que Scrambler. Pneus mistos, guidon largo, suspensões de longo curso, rodas raiadas. O motorzão da Bonneville seria um pouco de demais, eu acho que um motor menor, uma moto toda menor, seria mais scrambler.

O que a coloca imediatamente na categoria scrambler é justamente o design da sua descarga elevado, algo que ficou característico desta categoria, muito embora as Scramblers Ducati não as tenham. É uma moto tipo moto e pronto. Farol redondo, tanque tanque, banco, guidon tipo guidon, dois amortecedores atrás. Clássica como uma Triumph tem todo o direito de ser.

Mas Armandinho fez algumas modificações na sua Scrambler. A maior e melhor, tirou a descarga elevada e mandou o Arashi fazer uma descarga por baixo, copiada de uma gringa, que ficou über bem feita e resolveu o problema de esquentar a perna. Teve que fazer também uma tampa lateral e tudo ficou ótimo ali. Teve amigo que achou que descaracterizou a moto, teve amigo que adorou. Eu adorei, achei que ficou mais bonita e confortável. E com um som ótimo, mais leve e o desempenho deve ter melhorado um pouco também. Ele também trocou as molas dos amortecedores traseiros e abaixou um pouco as mesas da suspensão dianteira. A moto ficou um pouco mais baixa, outra coisa que eu também curti muito. Para terminar, trocou o banco, por um com mais espuma e com espuma mais macia. Também curti. Viajei com a moto, com garupa e o banco resistiu bem, mesmo não sendo um bancão de bigtrail. Foi feito no grande Erê.

E vamos lá… subi na moto, pés no chão, chave no bolso, a moto é keyless. Visual simples e retrô, guidãozão na mão e painel totalmente digital e colorido proporcionalmente pequeno na frente. Bonito o painel, de operação simples e com poucos botões nos punhos. Mas tem que estudar a operação… agora todas as motos você antes de andar tem que ler o manual de operação para saber como mudar os mapas de condução, piloto automático, aquecimento de punhos e todas as funções eletrônicas. Meti o dedo no botão de partida e a moto ligou com um som muito gostoso e uma vibração boa de moto. Eu não gosto de moto lisinha de 4 cilindros. Moto prá mim tem que ter vibração e som de moto, kkk. E este motor não tem aquele miado/chiado chato das Triumph 3 cilindros, que chegam a fazer mais barulho do que a descarga.

O cambio é simplesmente perfeito, com bons cliques o tempo todo, apenas um clang ou outro para botar a primeira quando ele pára “fora do ponto”, mas de resto é um cambio perfeitinho e suave. A embreagem, mesmo sendo a cabo, é uma manteiga.

Como não tem carenagens enormes e parabrisa na sua frente, a saída e supertranquila e rapidamente você está em casa com a moto, que continua alta e passa o guidon por cima da maioria dos espelhos dos carros. Com a moto no modo road o mapeamento é perfeito, a conexão com o acelerador é ótima e a moto é realmente muito fácil de andar. E gostosa… As suspensões são simplesmente perfeitas. Todas as Triumph em que andei são super equilibradas e acertadas de suspensão. Os súditos da rainha em Hinckley responsáveis por este item estão novamente de parabéns. Também não economizaram e foram no que não tem erro… escolheram Ohlins para a traseira e sabemos que esta marca usa segredos cochichados por Odin em pessoa. Tudo o que fazem é sensacional. O resultado é que a Triumph Scrambler é macia quando tem que ser macia, dura quando tem que ser dura, encara as curvas da estrada agarrada em um trilho e é super ágil na cidade. Bate nos buracos da Tijuca com a maior competência possível, parece até que asfaltaram a cidade toda. Tudo isso sem ser uma suspensão elétrica/eletrônica. Faz tudo isso apenas escolhendo bons e acertados componentes.

Os freios são todos Brembos de último tipo, com manetes radiais, impressionam pelo hardware, mas usando são discretos. Não sei se foram tunados para um uso fora de estrada, quando um freio muito potente pode levar a um tombo, mas o fato é que o ataque dos freios é muito suave e a potência, apesar de eu não ter exigido deles, discreta o tempo todo.

A experiência da tocada da moto, é toda calma e suave. Logo nos primeiros quilômetros percebe-se que a moto gosta de andar devagar. Não que ela não desenvolva, ela desenvolve, mas sem violência. Até porque o motor é forte em torque mas perto das bigtrail esportivas, é fraco, com apenas uns 76 CV’s na roda. É mais do que suficiente para tudo. A moto não sente subidas, não sente garupa, não se incomoda de andar por horas a 130 Km/h. Cheguei a dar 180 km/h nela, com a cabeça querendo ser arrancada do pescoço, pois ela não tem nenhuma proteção aerodinâmica. Armandinho disse que deu 200, mas teve que deitar no tanque.

É muito gostosa de acelerar, mas é suave, não tem nenhuma ignorância. Seus mapas de condução dão boa diferenciação entre o Rain e o Road, mas o Sport e o Off Road não são facilmente distinguíveis quando selecionados. No modo rain ela fica ainda mais calma e suave e incrívelmente subiu o consumo… no modo road eu viajei fazendo 19 km/l e na cidade no modo Rain ela estava querendo fazer 15 km/l, que é muito pouco.

Andei bastante com ela, fui conhecer Sana, depois fui ao encontro de Penedo e voltei parando em Morro Azul, ali do ladinho de Miguel Pereira. Andei na terra, no asfalto, na estrada e na cidade. Em momento algum senti falta de alguma coisa. Só da proteção aerodinâmica, mas isso é outra coisa. A iluminação da moto é boa, com um DRL lindo e bons faróis, já que ela conta com faroletes auxiliares e ótimos piscas de Led.

Diz o manual que ela tem conexão bluetooth para vc usar o aplicativo da Triumph e ter um GPS no painel, bem como integração com camera GoPro… mas não achei de jeito nenhum estes features, acho que a moto testada não os tinha. Achei a entrada USB debaixo do banco pouco prática e a tranca de guidon feia ali em cima no painel, podiam ter dado outro jeito para a moto ter tranca.

Uma moto ótima para um senhor da minha idade que não vai ficar por aí saindo para saltar na terra e disputar enduros, mas que gosta de pegar trechos de off-road no modo passeio. É bonita, bem feita, tem peças boas e bem versátil para uma moto de uso misto, sem ser enorme como as bigtrail de hoje em dia. Existem umas bolsas específicas para ela, bonitas, e assim ela poderia ficar ainda mais versátil. Ao mesmo tempo discreta e imponente, forte mas comportada, classuda no último furo, é uma moto incrível e que ficou ainda melhor com as modificações que o Armandinho fez. Parabéns. Vejam abaixo um álbum de fotos.

Adorei, obrigado Armandinho.

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestas em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo®, www.motozoo.com.br, onde escreve sobre motociclismo. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

Um comentário em “Triumph Scrambler”

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