8 OU 80

É, my fellow riders, o Campeonato voltou com força. No meu último texto eu dizia que ia assistir in loco, mas acabei não indo a Silverstone. No começo das férias do circo o MotoGP fez uma pesquisa de opinião sobre o campeonato e o que poderia ser feito para aumentar o interesse do público. Eu acho o MotoGP excelente, mas lembrei dos perrengues que passei quando fui assistir a corridas na pista. O Rio tinha um dos poucos circuitos onde a visão da arquibancada cobria boa parte da pista. Na maioria dos circuitos o frequentador fica limitado a uma sequência de curvas e aos telões, e a internet fica no esquema réveillon em Copacabana. Eu gosto de acompanhar as corridas com o Live Timing, que é a melhor ferramenta para prever o que pode acontecer na disputa. Na falta de companhia, acabei vendo de casa mesmo e não me arrependi.

Bagnaia está a 49 pontos do Quartararo, mesmo tendo vencido 4 corridas. Para ser campeão é preciso ganhar todas as provas que dá pra ganhar e garantir um Top 6 nas que não dá… vencer ou cair é receita para ser vice. Ainda assim, o francês saiu de Silverstone preocupado, porque mais uma vez sofreu com a dificuldade de ultrapassar as V4 quando anda no grupo. Sendo a próxima prova no velocíssimo Red Bull Ring, a previsão é ver a sua vantagem de pontos diminuir, aumentando a responsabilidade em Misano.

Até sábado de tarde o Bagnaia estava meio desanimado, andando menos do que o Zarco e o Miller. À noite a LeNovo Ducati analisou a telemetria do francês e ajustou a 63 para o warm up. Zarco foi vítima de uma daquelas mudanças de última hora que parecem corretíssimas na teoria, mas que acabam não funcionando na prática. O cara estava super-rápido no sábado com pneu macio na frente e duro atrás. No grid resolveu (ou resolveram por ele) botar o pneu médio na frente por causa da temperatura. Parecia fazer sentido, mas o sujeito deu trocentas voltas com uma combinação que andava bem: trocar na última hora não funcionou. Perdeu a frente de maneira boba e jogou fora um pódio, talvez uma vitória.

Qualquer corrida que tem disputa pela vitória na última volta é muito boa, e o Viñales deu mole. Tinha mais moto, talvez não tanto motor. Chegou a passar na penúltima volta e levou o X, mas não teve calma para preparar uma tentativa mais madura na mesma curva. Afobou-se ao retardar muito a freada logo nas primeiras curvas da última volta e nem teve chance de chegar junto. Tanto que fez o pior tempo dos Top 4 na última volta por meio segundo, quando tinha sido mais rápido do que o italiano nas voltas 17, 18 e 19. Ele está pegando o jeito da Aprilia e vai incomodar o Aleix no resto do campeonato.

Aleix que foi heróico no domingo, depois de um high side horroroso no FP4, caindo com os dois calcanhares no chão (e a fratura no direito foi confirmada nesta segunda-feira). Ainda assim foi o primeiro a rodar em 1’57” no Q2, pegou um bom P6 e perdeu só um ponto pro El Diablo na corrida.

A Ducati botou quatro motos no Top 5, com destaque para o Bastianini com uma moto toda torta ultrapassando o Martin na última volta. Não define quem vai pra equipe oficial, mas foi um ippon moral no espanhol. Miller correu meio acomodado, na minha opinião. Eu esperava mais.

Miguel Oliveira voltou bem das férias, botando 5 segundos no Brad Binder. Diz que ele vai para a RNF correr de Aprilia satélite, mas eu queria vê-lo na Repsol. Não acho que a Honda deva contratar o Mir, já que já assinou com o Rins. O campeão de 2020 está bem mal este ano, com 5 quedas e nenhum pódio. Oliveira levaria informações sobre a KTM, o que poderia ser útil para o desenvolvimento da moto de 2023.

Falando em Honda, o Formiga, que não correu 6 provas, ainda é o piloto mais bem pontuado da marca. Largaram em 17º (AM), 18º (Bradl), 19º (Pol) e 21º (Naka): daqui a pouco o Puig vai enlouquecer. Salvaram um 13º e 14º na corrida, porque caíram dois que estavam à frente deles. Um vexame.

Bezzecchi fechou o Top10 colocando 7 segundos no Marini, que, como piloto, é o irmão preferido do Rossi. Fraco.

As outras duas corridas também foram muito boas, com o Augusto Fernandes mostrando a força da equipe do Aki Ajo, vencendo a terceira seguida com uma ultrapassagem cirúrgica na última volta. Fez o que o Maverick não teve capacidade de fazer. É uma pena não ter um assento pra ele no MotoGP em 2023: 22 motos é um número pequeno e espero que a Dorna consiga mais 2 equipes em 2024. O Ai Ogura conseguiu um bom terceiro lugar, fragilizando ainda mais a situação do Nakagami na LCR/Honda Asia.

Na Moto3 os dois protagonistas do campeonato, pilotos da Aspar, foram derrubados e zeraram, permitindo que o temperamental, mas rápido, Dennis Foggia, tenha se aproximado na classificação. O Diogo Moreira conseguiu sua primeira pole e vejo nele potencial para disputar o título no ano que vem. Como a maioria dos rookies, ele tem cometido erros de inexperiência, mas é rápido e faz ultrapassagens arrojadas. Os comentaristas do MotoGP o cobrem de elogios, o que é um ótimo sinal.

Contando os dias para o GP da Áustria.

Até lá!

Pai orgulhoso do João e da Nanda, botafoguense, motociclista e cabalista. 15 anos como CIO e membro do Board de empresas multinacionais, participando no desenho e implantação de processos de logística, marketing, vendas e relacionamento com clientes e canais de vendas, inclusive por dispositivos móveis; Morador em Londres, é Fluente em Inglês e Espanhol, com conhecimentos avançados (leitura) e intermediário de Francês e Italiano; Possui cidadanias brasileira e francesa.

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