Triumph Explorer 1200

Meus camaradas,

Finalmente cavei uma oportunidade para testar mais completamente a incrível Triumph Explorer 1200.  Não foi a primeira vez que andei na moto, mas todas as anteriores foram  apenas pequenos e rápidos contatos. Desta vez, passei o fim de semana inteiro com a moto do meu amigo Cid, para fazer um pequena viagem na serra com a Karina. Foi tudo ótimo.

Algumas motos inventam categorias, e a categoria desta moto, Bigtrail Aventureira, foi meio que inventada pela BMW GS. Comparando, são as SUV do mundo das motos. É uma categoria de prestígio, com motos top, caras, bem construídas e que exploram todas as opções de motores. Temos a BMW GS com o motor de 2 cilindros flat boxer, a Yamaha Teneré e Honda Africa Twin com seu paralelo twin,  a Ducati Multistrada e Suzuki VStrom com o motor twin em L, a KTM Adventure e Aprilia Dorsoduro com os seus motores em V mais fechado, a Kawasaki Versys e a BMW XR com 4 cilindros em linha, a Guzzi Stelvio  com um grande V transversal e finalmente, a Explorer com o seu potente 3 cilindros em linha. Acho que não esqueci de nenhuma… Cada escolha dá uma personalidade diferente ao motor.

Explorer 1

Já conheço algumas delas no sentido bíblico, mas não pretendo escrever como um comparativo, e sim relatar como foi a minha experiência com a Triumph.

De todas citadas, talvez a que mais espelhe a GS seja a Explorer, na aparência, no tamanho. Ela é grande, bem grande. Eu não sou muito grande e nem estou muito forte, de maneira que eu tenho que ter muito cuidado no manuseio da bruta com o motor desligado. Sentado na moto ela nem é tão alta, com 1.74m eu apoio bem os pés no chão. O largo guidão dá uma excelente alavanca de manobra, o problema é apenas o peso. Enquanto eu não fizer nada errado e não precisar segurar o peso no braço, tudo bem. Mas não posso me meter em situações limites. Consegui colocar no descanso central, mas não foi fácil. Com treino e mais intimidade eu com certeza eu irei melhorar e aumentar o envelope de manobras, mas sempre dentro de um limite estreito.

Ligou o motor e o peso deixa de ser problema. Tem motor para carregar umas 10 Explorers uma em cima da outra. O 3 cilindros em linha de 1200cc é bem forte, bem elástico, suave, vibra pouco e tem um “arranhadinho” no ronco e vibração que são característicos dos 3 cilindros. Não é lisinho como um 4 em linha, nem vibra como um 2. Fica no meio, neste caso um pouco mais para o 4, mas ainda assim no meio. Digo isso porque o 3 cilindros da Triumph 675, por exemplo, em tudo parece um 4 cilindros. O motor da Explorer é silencioso, prestativo, retoma sem hesitar desde os mais baixos giros. Mas não é um 2 cilindros em torque. Não reclama mas ele gosta mesmo é de girar mais alto. Fica ali pelos giros baixos sem reclamar mas pedindo para ser acelerada. Não é aflita, mas é quase.

Na cidade vai bem, como moto bem polida que é, mas não é fã dos corredores entre os  carros e até os 90 km/h ela sopra calor nas coxas do piloto. É engraçado, porque parada ela não esquenta as pernas, e depois dos 90 km/h o vento leva o calor para longe sem perturbar, porém, na cidade até os 90, fica um calor nas coxas. Chegou na estrada livre, um imenso sorriso se abre no rosto, é disso que ela gosta, é disso que ela precisa, espaço para esticar as rodas.

Explorer 2

É uma delícia usá-la na estrada, uma moto fácil de usar, sem macetes ou manias. Reparei que o acelerador é um pouco sensível demais para o meu gosto. Ser leve é bom, mas ser sensível me incomodou as vezes, acredito que ele pode ser mais suave e progressivo. A moto é muito potente e as vezes esta brutalidade no toque do acelerador faz balançar e assustar o garupa.

Para liquidar os reparos que faço, também não fiquei fã do “ataque” do freio dianteiro. Ele é muito “madeirado”. Explicando, ao testar um freio eu observo o ataque, a potência e a sensibilidade. O ataque é aquela mordida inicial, que na Triumph me pareceu fraca. Depois a potência aparece, mas eu gosto de freios mais agressivos. Talvez uma simples troca de pastilhas resolva.

De todas as qualidades da moto, a que mais me impressionou, na verdade me surpreendeu, foi o incrível equilíbrio e estabilidade do conjunto. A muito é muito bem suspensa e calçada. Fiz um trajeto com incontáveis curvas, com garupa, e hora nenhuma tive que mudar de idéia por conta de alguma dificuldade da moto em seguir minhas linhas. Não é leve nem pesada, é precisa, é fácil, é telepática. Fico tentado a dizer perfeita, porém lembrei que acabei de escrever que o acelerador pode melhorar, bem como o freio. Falta pouco.

O computador de bordo calculou um consumo de 17.5 km/l, que não achei uma maravilha mas é adequado para o que recebi em performance e conforto.

Explorer 3

Eu e a Karina adoramos o passeio, todo feito no maior conforto e tranquilidade. A moto é sólida como uma rocha, esbanja qualidades e merece o sucesso que tem feito. Suas concorrentes são fortíssimas, algumas mais completas, outras mais potentes, outras ainda melhores para o off-road, mas além de tudo, a Triumph Explorer tem bom preço. Por isso o pacote tem feito tanto sucesso de vendas.

Obrigado Cid pela moto e a Karina pela adorável companhia.

Abraços

Mário Barreto

Explorer 4

 

 

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestras em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo®, www.motozoo.com.br, onde escreve sobre motociclismo. É Mestre em Artes e Design pela PUC-Rio. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

4 comentários em “Triumph Explorer 1200”

  1. Percebo na minha também que o passador de marchas é muito duro, se não estiver de bota chega a machucar o pé. O banco do piloto regula altura. Esqueceu de falar da boa proteção da bolha. Pontos fracos sem dúvida o acelerador muito sensivel e o aquecimento do motor. No restante tenho andado na cidade, muitas vezes no trânsito e consigo andar devagar no corredor. Meu consumo gira na faixa de 14.5 km/l na cidade. Piloto automático para evitar excesso nos pardais ajuda muito! Parabéns pela matéria!

  2. Boa tarde, gostaria de uma orientação. Tirei da loja dia 11 fev uma triumph explores 1200 e fiquei negativamente impressionado com o aquecimento do motor. Não só existe um constante sopro de ar quente nas pernas como o próprio tanque fica bastante aquecido, o que me forçou a viajar de pernas abertas. Senti um desconforto tremendo e, caso isso seja normal, certamente me arrependerei de ter comprado essa moto. Gostaria de saber se isso é normal ou devo levar a moto para verificar. Por favor me ajude nessa questão. Abçs

    1. Difícil dizer sem ver o que é, mas de fato existe uma equação da qual não se pode escapar: potência = calor. Quando se diz que um motor produz 140 cv de potência, prepare-se, pois ele também irá produzir 140cv’s de calor. Não só a Explorer, mas a Ducati MTS, a KTM e a BMW produzem muito calor porque são potentes. Por uma questão de arquitetura do motor, do posicionamento dos cilindros, a KTM é infernal, a Ducati esquenta muito e Explorer vem em seguida e por último a BMW. Não em calor produzido, mas como os cilindros da BMW estão lá em baixo em seu desenho “boxer” ele não sobe até o tanque. Não tem outro jeito senão o de evitar andar de bermudas. Estas motos são estradeiras e no seu ambiente, na estrada, na velocidade, bem equipado, não há problema algum. Mas na cidade, de bermuda, no verão do Rio, tem problema sim. Não mata, mas incomoda. E fique feliz, eu tive uma Buell Ulysses, isso sim esquentava. Fritava os ovos na cidade, mas mesmo ela, na estrada, ia muito bem.

  3. Carlos André,
    Dia 21/09/17 entreguei uma Ducati Multistrada 2015 na troca por uma explorer XCA zero. Não fiz test rider nem nada, comprei por telefone e apenas fui buscar e a trouxe embarcada para casa 230 km distante da agência. No dia seguinte ainda sem placa, coloquei ela na rodovia e andei 90 km. É insuportável o bafo do motor nas pernas subindo para os “ovos”, cheguei em casa com a cueca molhada! Uma tremenda decepção ! Nos outros quesitos ela é ótima , mas em conforto nasceu morta. Não emplaquei ainda, aguardo posição da BMW numa troca onde voltarei 14 mil pra me livrar do mico. Já andei de BM Gs e adventure, Ducati multistrada, 2 V Stron e outras. A tocada da XCA é limpa, precisa e impressiona, mas o calor do motor mata.

    **** Me passaram uma informação para atenuar este calor, se tirar os 2 defletores de acrílico ao lado da bolha, e diminuir a largura da bolha , o ar circula mais refrigerando melhor.

    ****Caso eu não consiga a troca, vou modificar a minha.

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