Acabei de assistir aqui na BandSports, o lindo programa contando a história da inacreditável vitória do Netinho em Daytona. Aconteceu em Daytona.
Minha maior alegria no motociclismo de velocidade foi, sem sombra de dúvidas, a vitória do Alex Barros em sua primeira corrida com a RC211V. Não foi a primeira vitória do Alex, não foi a primeira vitória do Brasil, mas foi a primeira que eu vi ao vivo. Pensei que eu fosse infartar. Foi uma justiça divina, pois Alex estava na sua melhor forma, fazendo mágica com a sua Honda 500 2T, mas que não estava dando para o pau. Vencer Valentino Rossi nas cores da Pons em sua primeira tentativa, foi demais.
Minha segunda maior alegria em todos estes anos acompanhando o motociclismo, ainda é esta vitória do Netinho em Daytona. Netinho foi para Daytona já tendo ganho muitos campeonatos, já tendo impressionado muito em suas corridas fora do Brasil, era o piloto de uma das melhores equipes do Brasil, a poderosa Shell Yamaha. Mas fazer o que ele fez em Daytona foi uma coisa prá lá de extraordinária e completamente inesperada. Completamente.
Como o episódio contou, Antonio Jorge Neto foi para Daytona de forma completamente particular, com seu cunhado, seu pai e o preparador Sarachú. João Mendes, Egon Kothy, que não foi citado mas apareceu lá nas imagens do documentário, chegaram depois e foram se juntando ao grupo. Toda esta dificuldade pode ser visualizada na moto, número 346 e quase que totalmente branca. Mais privada impossível.
Era uma época diferente, onde se podia comprar uma TZ na revenda. E assim foi feito, Netinho comprou uma TZ na loja, fez um treino e na corrida ele PULVERIZOU os esforços de Jimmy Filice, o campeão americano. Fez como Júlio César, “Veni, Vidi, Vici. Treinou bem dentro das circunstâncias, pegou a ponta na terceira volta, bateu o recorde da pista 16 vezes seguidas e abriu 1 segundo por volta em todas as voltas, abrindo mais de 20 segundos na bandeirada final.
Netinho não apenas venceu em Daytona. Netinho deu uma lavada, um rala, um show em Daytona. Humilhou a Yamaha EUA e o seu campeão Jimmy Filice. Que não é nenhum otário não, chegou a ganhar a etapa americana do campeonato mundial de 250cc em 1988. E era o campeão americano em 1983. Está no Hall of Fame. Mesmo com todo o apoio oficial da equipe Yamaha, não foi capaz de chegar perto.
Mesmo Netinho sendo über talentoso, esta vitória foi um ponto fora da curva. Foi um dia muito especial em que absolutamente tudo deu certo e ele estava encantado. Atingiu um nível de pilotagem e desempenho que imagino ser impossível de repetir. Vencer as 100 milhas de Daytona como privado, abrindo mais de 20 segundos… quando isso aconteceu de novo? O estado físico, mental, metafísico do Netinho, a regulagem da moto, a calibragem dos pneus, a folga dos anéis de segmento, o dedinho do Sarachú… tudo esteve perfeito. Uma pilotagem divina e por isso, inesquecível.
A história de inchar o tanque de combustível é lendária. A história da Dunlop ceder uma roda de 17 polegadas foi para mim uma novidade.
O que eu não sabia, e aprendi no episódio, era que o Netinho quando jovem era um arruaceiro de correr sem capacete de CG em Serra Negra. Ele sempre me pareceu mais sério. Não tenho boas lembranças de Serra Negra, que me foi vendida como sendo “o point” para se andar de moto em São Paulo e achei uma boa porcaria. Serra pequena, perigosa, mão e contra mão, muito sem graça e incomparável a nossa BR40 aqui pertinho do Rio. Achei uma boa bosta.
Maneiríssima também foi a participação do Joãozinho Mendes, na época começando o seu BikeShow. Estava lá para cobrir a corrida e pode ajudar e participar bem de pertinho desta corrida histórica. Apareceu muito bem no documentário. Vejam aqui uma matéria de 2013 sobre este mesmo assunto.
Parabéns Carlãozinho pelo documentário, muito legal. Bora fazer mais!!!!! Meu pedido… Bol d’Or com Tucano e Edmar!!!!!