A historia do “mapping 8” começa em Sepang, 2017, quando Lorenzo liderava a corrida à frente de Dovi, Zarco e Marquez e recebeu essa misteriosa mensagem no painel. Abriu para o Dovi passar e ficar a 23 pontos do Marquez faltando apenas a prova de Valencia, portanto, chances pentelhésimas de conseguir o título. Em Valencia ambas as Ducatis caíram, Marquez deu uma salvada espetacular no curva 1 e sagrou-se campeão com um terceiro lugar, atrás de Pedrosa e Zarco.

Neste domingo Diggia comboiava Bagnaia quando recebeu, a 5 voltas do final, o famoso “mapping 8”. Só que Diggia está desempregado, foi esnobado pela Repsol e até pelo Uccio, em uma eventual substituição do Marini, e não teria outra chance de ganhar um GP na categoria máxima. Passou o #1, que quase tirou os dois da corrida no fim da reta. Bela vitória da Gresini pelo segundo ano consecutivo no Qatar. Será que consegue a 3a em 2024?

E o Martin? Acompanhei todos os treinos e não houve UM em que o treinamento de largada dele tivesse dado certo. A única largada boa que ele deu no final de semana foi na Sprint, onde ele fez tudo certinho, mesmo depois de errar na 1a volta. Passou todo mundo com autoridade e não botou a moto um centímetro fora do traçado. Recuperou 7 pontos e estava confiante. Aí entrou em ação o poder computacional da Ducati, que aplicam na moto do Pecco que sempre fica redonda no domingo. Martin diz que perdeu o título (ainda é cedo) por causa de um pneu defeituoso. Não é bem assim… ele deu 30 pontos pro Bagnaia na Indonésia e outros 18 ao apostar, desnecessariamente, no pneu macio na Austrália. Se perder (nunca se esqueçam de 2006), será pelas suas próprias açôes. Agora ele tem que vencer ou vencer, e torcer para que um Bagnaia cauteloso chegue com o pneu dianteiro frio na curva 4…

No mais o vexame do fds foi o tapa que o Aleix Espargaró deu no capacete do Morbidelli no FP2. O karma foi quase imediato: depois de uma punição pífia, Miguelito o tirou da Sprint logo na primeira volta. Ambos tiveram fraturas: Oliveira só volta em 2024, Aleix abandonou com dores no domingo. É dúvida para Valencia, e, pior, para o primeiro teste logo depois de Valencia.

Correram bem Marini, Alex Marquez, Binder e Quartararo. Este último prejudicado por bandeiras amarelas tanto no Practice (o 2° treino de 6a, que classifica para o Q2) quanto no Q1. Na Sprint o Binder jogou o MM lá no estacionamento VIP, mas o espanhol não reclamou. A diferença dele para as outras Honda é enorme, mas a moto é muito ruim. Não sei o que faria o Marini trocar a GP23 por uma Katia Garelli. Um caminhão de dinheiro? O status de piloto de fábrica? Sair da sombra do irmão? A ver…

Masia é o campeão da Moto3 com uma corrida de antecedência e deveria pagar um chope pro Colin Veijer, amigo urso do companheiro Sasaki, a quem podia ter ajudado com 9 pontos, levando a decisão para Valencia. É o quarto espanhol consecutivo a levar o título. É também a 4a vez que a Leopard Honda faz o campeão.

A Moto2 tem um novo protagonista: Fermin Aldeguer, de 18 anos, ganhou a 3a corrida seguida, e desta vez teve que recuperar posições até chegar na liderança. Está na mira da VR46, caso o Marini vá para a Repsol.

Agora Valencia e faço questão de citar o saudoso Chacrinha: “só acaba quando termina”.
Só que o Pecco está com o bi nas mãos: só perde para ele mesmo.

Até lá

p.s.: vale lembrar que em Jerez, 2018, Dovi sacaneava o Lorenzo pois ele ainda não tinha vencido com a Ducati. O espanhol ficou fulo da vida e retrucou que não tinha ganhado em Sepang para ajudar ao italiano mal agradecido. Depois venceu em Mugello e Barcelona e assinou com a Repsol.

Andre Bertrand

Pai orgulhoso do João e da Nanda, botafoguense, motociclista e cabalista. 15 anos como CIO e membro do Board de empresas multinacionais, participando no desenho e implantação de processos de logística, marketing, vendas e relacionamento com clientes e canais de vendas, inclusive por dispositivos móveis; Morador em Londres, é Fluente em Inglês e Espanhol, com conhecimentos avançados (leitura) e intermediário de Francês e Italiano; Possui cidadanias brasileira e francesa.