Ontem não fiquei acordado para ver a Sprint Race. Vi o replay da vitória do Martinator, mas dormi de novo assistindo, acreditem se quiserem… Fui quase até o fim, mas replay é replay né? Você já sabe o resultado, faltavam apenas umas 3 voltas eu fechei o olho e blau…
Hoje não, botei o despertador para as 4:55h, acordei no maior gás e vi a melhor corrida da temporada. Foi tenso, foi pau o tempo inteiro, com Martinator, Binder e Pecco no limite durante um bom período da prova.
Jorge Martin está em um momento muito bom, amadurecendo sem perder sua velocidade. É sem dúvida o conjunto mais rápido na pista no momento. Foi preterido na Ducati Corsa porque não era regular, mas parece que está resolvendo isso de forma brilhante. Ele regularmente está dando pau no Pecco nesta segunda metade do campeonato. Ontem e hoje descontou mais um monte de pontos.
Hoje foi fantástico. Após novamente largar da pole, uma coisa cada vez mais importante no MotoGP, teve que ao mesmo tempo dar tudo, controlar Binder e economizar pneus. Uma tarefa conflitante em todos os aspectos. É importantíssimo largar da ponta porque as ultrapassagens estão difíceis demais com este monte de Ducatis boas de briga que vão aparecendo na sua frente. Perde-se muito tempo negociando isso. Não tem mais isso de chegar e atropelar. Pois bem, Martinator foi bem sucedido em tudo. Largou da pole, fez a primeira curva em primeiro, controlou o Binder correndo como Dovi, o mais devagar possível, sabendo que Binder também teria os mesmos problemas de controlar o desgaste dos pneus. Porém, nesta tarefa conflitante, é fácil perder a régua, sem saber a verdadeira capacidade de quem vem atrás. Foi o que aconteceu, Binder tinha um tiquinho a mais do que ele conseguia controlar, foi ultrapassado e aí deu os 110% que precisava na hora certa, na última volta. Por isso estava tão exaltado na chegada, ao ponto de quebrar a bolha da sua moto com socos na volta de comemoração. Foi uma exibição de gala, para mostrar para todos que ele está aprendendo as lições que Pecco vinha dando para ele. Arrebentou.
Binder também fez uma corrida sensacional. Sua KTM se adaptou bem nesta pista e apesar de não ter um conjunto forte o suficiente para facilitar a sua vida nas restas, e dificultar a das Ducatis, manteve-se ali grudado no Martin o tempo todo, pressionando ele para um erro que não veio, Martinator não botou uma borrachinha fora do lugar a prova inteira. Andou pau a pau com a Ducati, economizou pneus, esfriou eles um pouco durante a prova, de certo modo controlou Martin até passar, quando as coisas inverteram e foi a hora dele descobrir o quanto o Martin tinha de disposição e pneus. Fez um jogo duríssimo e passou a linha de chegada em segundo coladinho no primeiro, porém, como perdeu um tiquinho a frente nas últimas curvas e pisou no verde de forma acintosa, o regulamento o colocou em terceiro. Não há o que reclamar e ele não reclamou.
Pecco Bagnaia também teve uma exibição de campeão. Cada piloto, cada equipe, tem suas características e a de Pecco e Ducati Corse é esta, vir melhorando e acertando a moto durante o fim de semana. Tem sido normal Pecco começar os treinos de forma mediana, correr a Sprint com uma moto não tão acertada e chegar na corrida com tudo em cima. Hoje aconteceu de novo, Pecco veio para a corrida com tudo em cima, com uma moto excelente e ele também em excelente forma. O que derrubou Pecco hoje foi a demora em acertar a moto, o que o fez largar mais atrás no pelotão de largada. Pecco teve que negociar ultrapassagens duríssimas sobre um Marc Marquez descansado, sem nada a perder e com pneus novos. Todos sabemos que isso é uma das coisas mais difíceis do mundo, e que Martinator não teve que passar por isso. Depois teve que fazer o mesmo com Aleix Espargaró e Luca Marini, perdendo muito tempo com isso. Deu a sorte de Alex Marquez ter caído, seria duríssimo passar ele, que estava muito bem naquele momento da prova. Com pneus macios, certamente no final da prova seria ultrapassado, mas naquele momento, iria atrapalhar demais a progressão do italiano. Mas Pecco foi prá cima, colou no Brad Binder e na última volta inventou uma linha por fora espetacular, quase passou Martinator e Binder de uma vez só, o que, se desse certo, seria uma das ultrapassagens mais lindas da história do MotoGP. Foi quase!!! Cruzou a linha em terceiro, levou o segundo no pódium e estava inteiro fisicamente e emocionalmente. Isso demonstra que sua moto estava ótima de andar e ele muito equilibrado. Tivesse largado mais da frente, venceria, pois foi o que mais andou e brigou para chegar na frente.
A briga está assim, Pecco mais controlado e podendo contar com uma moto um tiquinho melhor, contra um Martinator mais emocional e com um tiquinho menos de pressão. Quem tem mais obrigação de vencer é o Pecco. Mais um fim de semana onde Martin venceu e descontou muitos pontos. É preocupante, mas Pecco está rápido, a Ducati precisa entregar uma moto boa antes, no classificatório. Pecco tem que largar da primeira fila e importunar Martinator a corrida toda. Eu acho que em um Tete-a-tete entre eles dois, Martin errará primeiro. Mas está imprevisível. Prá mim, quem ganhar está bom e merece, os dois estão muito bem.
Se Marc Marquez perde mais um ano na Honda, nunca mais pega estes caras. Sua ida para a Ducati foi emergencial. Ainda acho que ele é o melhor na pista, mas hoje em dia as motos da Ducati não precisam de ET’s como ele. Viram rápido até com o Luca Marini.
Mais para trás, especialmente no início, a corrida foi animada por Alex Marquez, que infelizmente caiu, por seu irmão Marc Marquez, um osso duro de roer, por Aleix Espargaró. Fabio Quartararo até que fez uma corrida razoável e o resto nem foi mostrado. Por onde anda Enea Bastianini? E Miguel Oliveira? E Jack Miller… e Joan Mir? E os outros? não sabemos, não foram vistos hoje.
Quem dera todas as corridas fossem assim.