Assisti o Lendas do Motocross, segundo episódio hoje, na reprise. BOM PARA CACETA. O primeiro eu comento aqui. A história do Boettcher, desconhecida de todos. Eu nunca soube que ele tinha corrido todo o campeonato mundial daquele ano.
Quem viveu esta época, chora. Niva, Boettcher, Morongo, Paraguaio, Paraibinha, Negretti, Claudio Assunção, Márcio Campos, Scateninha, Sassaki, Chumbinho, Rogério Nogueira, Cassio Garcia… Era uma outra época. O Brasil vendia menos de 100 mil motos por ano e tinha um monte de revendas, todas com pilotos, boas provas. Tinha Carioca, Brasileiro, Hollywood, Independência, Enduro das Praias…
Daniel Marin, em sua dissertação de mestrado, nos apresenta estes gráficos:
Em 79, apenas 63 mil motos fabricadas no Brasil. Isso mesmo, apenas 63 mil motos entre todas as fábricas…
Na década seguinte, melhorou muito, mas ainda vendendo. na média muito menos de 200 mil motos por ano.
E, só de Yamaha, tínhamos no Rio de Janeiro a saudosa Mar&Moto, a saudosa RTT, onde comprei minha RDZ125 com o Baiano…, a saudosa Yamamoto, a saudosa Ponto Yamaha… todas com equipes de MX e Velocidade. O Márcio Campos, o Nadur, o Tinho, Augusto Alemão Haddock Lobo… todos pilotos “oficiais” de suas revendas… just to name a few.
Neste último gráfico, vemos como a produção, venda e mercado aumentaram até 2008.
Hoje vendemos quase 2 milhões de motos e não há resquício deste amor ao esporte motociclistico nas revendas. Não temos nem autódromo, nem pistas, nem revendas dispostas, nem pilotos, nem provas.
Porque? É uma pergunta difícil, para a qual cabem várias respostas, combinadas. A principal, para mim, é a falta de vontade, de amor ao esporte.
Não existe mais um Luiz Augusto da Mar&Moto, não existe mais um Baiano… Hoje só se pensa em dinheiro e TikTok. Não temos mais uma WorkShow, não temos mais um BikeShow, não temos mais um Hollywood, um carioca fortão cheio de gringos, nem acompanho o Brasileiro. Não temos mais provas do Mundial no Brasil. Porque ainda tínhamos isso, os Mundiais. Vi Franco Picco, Keith Bowen, Donnie Hansen, Jordi Elias, Pekka Vehkonen, Dave Strijbos, Heinz Kinigadner, Jack Vimond, Mick Dymond apenas para citar alguns que por aqui andaram nos anos de 1980, porque na verdade eu fui em quase todos os mundiais de MX que por aqui rolaram.
Certamente vai rolar um episódio contando a história dos gringos no nosso MX, por isso não vou falar de Rodney Smith, Kenny Keylon, Gene Fireball… Aqui no Rio Craig Canoy, Tom Holt… caraca, eram muitos. Muito bom e muito bons.
É quase inacreditável, um mercado muito maior, teoricamente muito mais fans, e muito menos empolgação, corridas, envolvimento. Sei que existe ainda um campeonato brasileiro, mas aqui no Rio, não é SOMBRA do que já foi. Parece-me que ano que vem teremos novamente um mundial no Brasil. É uma VERGONHA que a Argentina, quebrada do jeito que está, tenha provas dos mundiais de MotoGP, WSBK e MXGP, e nós… NADA.
Amanhã tem reprise novamente as 18:00h. Quem perdeu, não perca!!!