Bagnaia venceu e o colunista aqui mordeu a língua. Em minha defesa é mais correto dizer que o Martinator entregou, daí o título.

“A síndrome do impostor é caracterizada por pessoas que têm tendência à autossabotagem. Então, o indivíduo constrói, dentro da cabeça dele, uma percepção de si mesmo de incompetência ou insuficiência”. Ver-se na liderança do campeonato em uma equipe satélite pode ter parecido um excesso pro espanhol. Cair liderando por 3 segundos é algo que pode acontecer. O que acho imperdoável é o sujeito não tentar levantar a moto e voltar pra corrida. Revi várias vezes a queda: a moto saiu de frente com o Martin agarrado aos manetes e quando chegou na brita deu UMA capotada. O espanhol nem tentou levanta-la. Vejam que o Morbidelli tinha abandonado e resolveu voltar: chegou 4 voltas atrás e marcou 2 pontos, em 14°. Pra quem disputa um campeonato, 1 ponto é importantíssimo. Martin devia ter tentado voltar e talvez ainda salvasse um 10°, mas preferiu ficar chorando no guardrail. Isso é aceitável se você não está na disputa de um título. Marquez, por exemplo, fez o mesmo: caiu e nem olhou pra moto. Quem quer ser campeão não pode desistir enquanto não tentar até o último recurso. Decepcionante.

Bagnaia teve muitos méritos, a começar pelas duas primeiras voltas muito agressivas. Na segunda volta passou em 4° e na 3a já tinha despachado o Quartararo. Depois foi só esperar o Viñales comer os pneus como tinha acontecido na Sprint. O último setor da última volta ele “correu o mais devagar possível”, como fazia o Dovi, por isso os 3 primeiros chegaram juntos. Não deu chance pro azar. Parabéns!

Só não se pode ignorar que o Jorge Martin foi mais rápido que o Bagnaia em todas as 12 voltas que esteve na pista. Concordo com o Lorenzo: Pecco não ganhou na pista e as comemorações foram exageradas. Se o Martin não perder a confiança, uma nova virada é possível.

Viñales chegou em segundo (o primeiro dos derrotados, segundo o Piquet) e já virou o fodão do Bairro Peixoto de novo. Botou máscara e capa de Batman pra dar um showzinho no pódio. Quartararo tirou o máximo da sua Yamaha enquanto correu com pista livre, mas não conseguiu ultrapassar a Aprilia. Diggia fez um bom quarto lugar, com a ajuda de algumas quedas e encontrões na sua frente. Bez fez um 5° heróico, passando Binder na última volta. Ambos chegaram a 11s. Como Binder perdeu 6s em duas voltas longas, podia ter chegado em 4° se fosse menos atabalhoado. Ele é muito guerreiro, mas tem esse estilo Moto3 de ultrapassar que muitas vezes dá errado. Miller e Bastianini completaram o Top8, 10s à frente de um Rins ainda em recuperação. No mais foi a 3a ou 4a corrida este ano em que não houve 15 pontuadores. Dava tempo do Martinator ir pro boxe, trocar o que fosse preciso e marcar pelo menos um pontinho…

A Moto2 eu resumo em uma frase: Acosta ganhou de novo e Canet chegou em 2° de novo (pela 13a vez na categoria). Arbolino, com o pneu destruido, chegou em 6° e está mais de 60 pontos atrás do líder: só um milagre.

E o nosso Diogo Moreira venceu na Moto3!!! Soube usar a cabeça e se posicionou bem na última volta. O chega pra lá que levou no Japão deixou marcas… e o deixou mais esperto. Pela legenda do MotoGP, é a primeira vitória de um brasileiro desde o GP de Portugal 2005, vencido pelo Alex Barros. É uma hilária confissão de que a MotoE não vale nada, já que Granado venceu umas 10. Acredito que mais vitórias virão, porque a primeira é sempre a mais difícil. A porteira está aberta.

Neste fim de semana, Phillip Island: uma pista que separa os homens dos meninos. Tenho certeza que será imperdível!

Até lá

Andre Bertrand

Pai orgulhoso do João e da Nanda, botafoguense, motociclista e cabalista. 15 anos como CIO e membro do Board de empresas multinacionais, participando no desenho e implantação de processos de logística, marketing, vendas e relacionamento com clientes e canais de vendas, inclusive por dispositivos móveis; Morador em Londres, é Fluente em Inglês e Espanhol, com conhecimentos avançados (leitura) e intermediário de Francês e Italiano; Possui cidadanias brasileira e francesa.