No último fim de semana, um dos nossos amigos escorregou com a moto e esfregou ela um pouquinho no chão. Felizmente nada grave, nem com o piloto e nem com a moto. Conversando com ele pude perceber um padrão que sempre se repete, a falta de bons pontos de referência na pilotagem. O estabelecimento de pontos de referência é fundamental para que se mantenha a visão global, evitando a visão de túnel.
Veja o que o meu mestre, Keith Code, fala sobre o assunto:
“Quando pilotando, os pilotos tendem a operar em dois modos. Ou eles ficam olhando em volta procurando coisas perigosas para evitar (manchas no chão, buracos e etc.) ou eles ficam procurando um caminho livre, seguro e na direção em que ele pretende ir. Obviamente a segunda opção é a melhor!
Pilotando, nosso inimigo mais mortal é acionado automáticamente no instante em que perdemos a continuidade do campo visual ao nosso redor.
Estes inimigos são a fixação no alvo e o nervosismo na procura por perigo iminente.
Ambos podem ser evitados pela criação e acompanhamento de bons pontos de referência. Com boas referências, nenhum dos dois inimigos é ativado.
Cada pessoa tem o seu próprio ritmo para a captação de informação visual, de modo que não existem regras para dizer onde exatamente estão estes pontos e quantos são necessários.
Mas quantidade de pontos de referência que você é capaz de adquirir é um fator determinante para você atingir ou não um buraco ou mancha na pista.
Tendo apenas um ponto de referência, por exemplo apenas a mancha, ele puxa os seus olhos e te leva para ele.
Se o piloto tiver apenas mais um ponto de referência, ele já proveria informação suficiente para que se defina um espaço, onde se possa escolher outra trajetória, melhor.
Para fazer bem as curvas é preciso que o piloto defina e passe por uma série de pontos, coordenadas. Conectando as coordenadas primárias, a entrada, o ponto de “virada”, e o ponto de saída, o resultado é um arco que o piloto usa para fazer a curva.
Toda rua, estrada ou pista possui duas referências básicas, o centro e a borda. Elas definem a largura da área que eles tem para usar e o raio disponível.
A boa trajetória leva o piloto pela curva com a mínima hesitação e mínima interferência com os controles da moto.
É preciso evitar transferências de peso e consequente controle, “o acelera e desacelera” no meio da curva, momentos propícios para acordar a fixação no alvo e a procura de perigo nervosa.
Os pontos de referência nos dizem onde estamos, nos indica a velocidade e direção do nosso deslocamento.
Eles nos dizem quando tempo e espaço nós temos e se temos ou não que mudar alguma coisa. Eles podem prever e descrever a sua trajetória.
Eles estabelecem e criam espaço. E quando nós temos espaço, nós temos tempo.
Quando você tem tempo, você está no controle.
Na estrada, identificar os pontos da curva o quanto antes liberta o piloto para identificar perigos e opções de trajetórias.
Sem os pontos definidos sua atenção será toda engolida no questionamento de sua trajetória e na procura de perigos.
Identificar pontos de referência de forma automática e natural irá permitir que o piloto monitore a tração, o tráfego, a inclinação, o chão, a velocidade, a aceleração, e novos pontos de referência, entre outras ocupações – liberando sua atenção para controlar e curtir a pilotagem
Com isso na cabeça , o piloto com bons pontos de referência tem melhores escolhas e evita a tendência de fixação no alvo.
Bons pontos de referência são fundamentais na pilotagem”.
Desculpem a trodução meio tosca (tentei melhorar um pouco em uma segunta tentativa) , em inglês fica mais suave.
Espero que este texto ajude. É difícil treinar isso na estrada, na pista é possível repetir várias vezes o mesmo trecho, o que adianta muito o aprendizado.
Abraços
Mario Barreto