E era tudo verdade…

Pois é amigos, era tudo verdade e a Formiga Atômica irá largar o manto sagrado da Repsol.

Nunca fui muito fã desta equipe, confesso. Mais jovem eu era “2tempista”, yamahista, suzukista, não tive Hondas. Eu torcia para Roberts, Luchinelli, Lawson, Rainey, Barros… tive que engolir muito o Doohan e o domínio da Repsol.

Depois, não gostei da forma que trataram o Alex Barros, e torcia para Valentino Rossi. Aí veio o meu envolvimento com a Ducati e virei ducatista. Também não gosto do Puig, mas não tenho como não gostar da Formiga Atômica.

Marc Marquez é sem sombra de dúvidas o piloto mais arrojado, marrento, talentoso, perseverante e rápido que eu já vi na pista. E olha que eu já vi muitos pilotos. No início de sua carreira eu fiz beicinho para a sua ascensão, mas ele atropelou tudo e todos e chegou no MotoGP com a corda toda. Não venceu Casey Stoner. Apenas Jorge Lorenzo pode dizer que venceu Stoner, venceu Rossi e venceu Marc Marquez. Rossi não venceu MM, e Marc Marquez não venceu Stoner.

Tinha anos que vinha carregando a RC213V nas costas. Uma moto ruim. Mas como ruim? Em 2019 ele fez a sua melhor temporada de todas, vencendo ou chegando em segundo em quase todas as corridas, abrindo um caminhão de pontos e vencendo com facilidade, como pode a moto ser ruim?

Mas era. O que só aumenta o seu talento. Só ele conseguia andar com ela. Todos os que tentaram fracassaram miseravelmente, como Lorenzo, como Pol, como está falhando o campeão Mir. Apenas Marc Marquez e seu talento, sua garra, são capazes de arrancar pódiums com esta moto atual. Rins venceu em Austin, uma surpresa, ele é bom, mas também não vinha conseguindo andar com a moto, quebrou-se e preferiu pular fora para a Yamaha.

Ao dominar de forma tão evidente a temporada de 2019, a Honda talvez não acreditasse que sua moto está velha. Em 2020, lembrem-se, MM caiu andando demais, estava em último e vinha recuperando, passando todo mundo e certamente chegaria ao pódium, quando caiu, deu azar, a moto pegou seu braço e tivemos estes anos com ele quebrado.

Marc Marquez tinhas todas as estatísticas melhores do que Valentino Rossi, se comparados nas mesmas idades. Todas. Como Rossi fez questão de estragar suas estatísticas ficando na pista por anos sem fazer quase nada, Marquez ainda deve ter estatísticas melhores e, pode ainda melhorar elas.

É isso que ele quer, não é pelo dinheiro, que ele já tem muito. Ele quer e precisa ganhar mais títulos, mais provas e sepultar esta discussão sobre quem foi melhor, ele ou Rossi. Rossi já foi, ele é. Semana passada chegou em terceiro com uma moto ruim.

A Honda precisa de uma RC214V, esta moto atual está desatualizada. Gigi Dal I’gna é um gênio. Após criar a Aprilia RSV4, que foi campeã no WSBK, chegou na Ducati para substituir outro gênio, Filippo Preziosi. Sua primeira criação, a GP15, já era uma moto boa. As próximas, cada vez melhores, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23…

Reparem que a cada ano a Desmocedici GP vinha diferente e com novidades, acessórios, sistemas, que foram todos copiados. A Yamaha M1 não muda nada e quem diz não sou eu, é Fabio Quartararo. A Honda RC213V não muda nada e quem diz não sou eu, é Marc Marquez.

Honda e Yamaha estão sofrendo na comparação com as Ducati  por motivos diferentes mas parecidos. As Yamaha tem no seu projeto uma característica insuperável. Ao escolher um motor com 4 cilindros em linha a Yamaha escolheu um motor fácil de montar no chassi, uma distribuição de peso que facilita a agilidade, um motor que ela tem muita experiência e um motor potente. Sim! Eu duvido que o motor da M1 seja menos potente do que o da Ducati. É mais fácil dar potência em um 4 em linha, que tem menos peças e uma descarga muito mais eficiente. O problema da Yamaha é que o V4 com seu virabrequim menor, sempre terá mais torque, sempre colocará a potência antes, não há como resolver isso e por isso a Honda, a KTM, a Ducati e a Aprilia escolheram esta arquitetura. Correr de quatro em linha contra V4 nestas pistas de mundial é mais difícil, não dá tempo da potência chegar. Simplificadamente. A Yamaha aumenta a potência da M1, mas na hora de acelerar a moto patina, gasta pneu, não anda para frente, perde um tempo que não consegue recuperar nos miolos dos circuitos, onde ela (e a Suzuki) é melhor. Falta aerodinâmica, falta tração mecânica, falta curva de torque gordinha em baixa.

A Honda também é V4, mas sofre com falta de conhecimentos em aerodinâmica e eletrônica. Com o advento da ECU única, fabricada pela Magnetti Marelli, a Honda perdeu mais. Porque a Ducati e a Yamaha já usavam Magneti Marelli Marvel tem anos, tem mais experiência, mais técnicos e conhecimento nela. A Honda usava uma ECU pica das galáxias, tinha um torsiômetro integrado, era uma vantagem que ela perdeu. Como não tem a criatividade e eficiência da Ducati em aerodinâmica, limita-se a copiar a Ducati e Aprilia, está muito atrasada. Daí, mete motor, e o motor deste ano e forte demais, agressivo demais, e não conseguem controlar nem com eletrônica e nem com aerodinâmica.

A Yamaha precisa de uma M2, e a Honda de uma RC214V. Sobre a Yamaha eu vou pensar, eles ainda tem Quartararo, agora Rins. Mas a Honda, agora sem Marc Marquez, está perdida por uns bons anos. Não tem moto, não tem equipe, não terá piloto e terá que enfrentar Marc Marquez em uma moto mais desenvolvida. E quem vestirá o manto sagrado que foi de Doohan, Crivellé, Rossi, Hayden, Stoner e MM?

Eu, como o Cal Crutchlow, acreditamos que Marc Marquez de Ducati será um escárnio, não há chances para os outros pilotos. A Ducati Corse com Pecco e Enea, não dá para o couro. Estamos vendo que não dá nem para Martinator e Pramac…

Marc Marquez fez uma escolha esportiva, não pensou em dinheiro. Provavelmente vai para a Gresini, uma equipe satélite e terá uma moto defasada para o ano que vem. Galhos fraquíssimos para ele. As equipes satélites da Ducati tem se provado competitivas, e as motos “velhas” da Ducati também, vide Bezzechi, vide Enea Bastianini. E o melhor, para ele, tradicionalmente as GP do ano passado começam o ano melhores do que a GP do ano. Ele vai com chances efetivas de vencer. Uma escolha por dinheiro fez Rubens Barrichello na Ferrari, mas ele não tinha a menor chance de com outro carro vencer a Ferrari e Schumacher. Ir ganhar menos para não ganhar ou ficar e não ganhar do mesmo jeito mas embolsando uma grana preta é outra escolha. MM escolheu ganhar menos mas para ganhar corridas. Com o talento e velocidade que tem, ele bem poderia cumprir o contrato mais um ano e ainda teria idade para se transferir, mas não aguenta mais correr para top 10. Eu não aguento mais ver isso, imagine ele correndo. Não dá.

Marc Marquez, com uma GP23 em 2024, será de longe o melhor conjunto na pista. Pilotos, tremei. Inimigos de Marc Marquez, tremei. Rossistas, tremei. Mundo, tremei, a Formiga Atômica virá com tudo.

Honda Racing Corporation and Marc Marquez to end collaboration early by mutual agreement

Honda Racing Corporation and Marc Marquez have mutually elected to terminate their four-year contract prematurely at the end of the 2023 MotoGP World Championship season.

With a year still remaining on the four-year contract between HRC and Marc Marquez, both parties have mutually agreed to end their collaboration upon completion of the 2023 MotoGP World Championship season. Both parties agreed it was in their best interests to each pursue other avenues in the future to best achieve their respective goals and targets.

This brings an end to 11 years of collaboration between the #93 and HRC in which they achieved six premier class World Championships, five Triple Crowns, 59 wins, 101 podiums and 64 pole positions together.

Marquez took his debut victory in the premier class aboard the Honda RC213V at the Grand Prix of the Americas in Austin, Texas in 2013 to become the youngest premier class winner and would become the youngest premier class World Champion later that year. In 2014 he defended his title and won the opening 10 consecutive races of year, going on to also claim titles in 2016, 2017, 2018 and 2019 as an HRC rider with the Repsol Honda Team.

Both parties will continue to give their full support for the remaining rounds of the 2023 MotoGP World Championship season.

HRC wish Marc Marquez the best in his future endeavors.

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestas em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo®, www.motozoo.com.br, onde escreve sobre motociclismo. É Mestre em Artes e Design pela PUC-Rio. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

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