Ducati fez barba, cabelo e bigode em Valencia!

E a temporada do MotoGP chega ao fim, dá até uma tristeza. Muitas coisas aconteceram nos últimos dois anos, ninguém pode reclamar de monotonia. O ocaso de Rossi, o acidente de Marc Marquez, a saída de Dovizioso, a aposentadoria de Jorge Lorenzo e Pedrosa, a ausência de Stoner. Não tem mais galáticos, fantásticos na pista, quase qualquer um que alinhe no grid, pode ganhar corridas. E muitos ganharam! Não tem mais essa de só MM, só Lorenzo e Rossi ganharem.

Nesta onda Joan Mir foi campeão do mundo, Fabio Quartararo foi campeão do mundo, Binder ganhou corridas, Miguel Oliveira ganhou corridas… isso seria impensável poucos anos atrás.

Na corrida de hoje, tensa no Moto2 e festiva no MotoGP, a Ducati fez barba, cabelo e bigode. Para mim isso valoriza o trabalho incrível que Fabio Quartararo e a Yamaha fizeram para levar o campeonato mundial. Tiveram que fazer corridas a 120% para superarem a esquadra Ducati. E conseguiram. Liberados desta necessidade, andando só a 100%, não dá, as Ducati levam. Para vencer as Ducatis, de Yamaha, só arriscando tudo o tempo todo, sem errar. E Fabio Quartararo e Yamaha fizeram isso.

E prá mim não tem essa de que a moto melhorou… uma ova, continua levando na aceleração e na reta, nas curvas as Suzukis e Yamaha (no singular porque só a do francês voa) chegam e sambam atrás das italianas. Não atropelam porque elas ficam na frente, na linha boa e não deixam passar. Continuam sofrendo do mesmíssimo problema de sempre, ruins na cabeça da curva. E péssima no gerenciamento da equipe. A vitória da Suzuki no ano passado, e da Yamaha este ano, provam o quanto é importante ter uma equipe redonda, que apoia seus pilotos e se dedicam a serem campeões.

Para hoje a Ducati classificou 1, 2 e 3 na largada, as Suzukis ameaçaram incomodar, mas não deu. Rins correu como nunca e caiu como sempre. Mir, depois que recebeu a indicação Mapping 2 no painel, andou para trás. Não sei se ainda é isso, mas as Suzukis tiveram problemas de consumo até 2 anos atrás. Se andam, não chegam no final da prova. Será?

Martinator largou e se segurou na ponta até quando Francesco Bagnaia quis. Bagnaia está muito bem, cheio de moral na equipe, andando muito mais do que o Jack Miller. Inverteu as coisas no box, no início era para ser o segundo piloto. Nunca mais. Miller vinha levando pau do Martin, o que não é bom, e do Mir, mas se recuperou prá cima do espanhol e fez um pódium todinho Ducati, pela primeira vez na história. Barba, cabelo e bigode. Corridasso dos 3 pilotos.

Jorge Martin na pole

Quartararo fez boa corrida mas é aquilo, campeão, não tem porque andar a 120% com sua moto e arriscar um estabaco agora.

Quem fez boa corrida foi o agora aposentado Valentino Rossi. Top 10 na corrida final, no meio da garotada com sangue nos olhos, tá excelente. Semana de homenagens e entrevistas. Com ele, com gente que trabalhou com ele, muitas coisas legais foram ditas. Todos os seus adversários atuais e passados o elogiaram, foi uma semana de festa, arrematada com uma exibição bem boa.

A carreira de Rossi foi uma coisa incrível. O mítico comentarista Nick Harris contabilizou os números de Rossi, vejam:

Rossi e Phil Read foram os únicos que venceram na 125, 250 e 500. Marc Marquez venceu na 125, Moto2 e MotoGP.

Valentino Rossi foi o único a vencer em 4 classes, 125, 250, 500 e MotoGP

Rossi e Agostini foram os únicos a vencerem na categoria máxima com 2T e 4T

Com sua vitória na África do Sul em 2004, foi o único a vencer a última da temporada passada e a primeira da nova temporada, com motos de fabricantes diferentes.

Com sua vitória de Yamaha em 2004, foi o segundo a vencer com fabricantes diferentes, depois de Eddie Lawson, que venceu de Yamaha em 88 e Honda em 89.

É o recordista de pódiums seguidos, 23, na categoria rainha. De Portugal em 2002 até África do Sul em 2004

É o único a vencer na categoria rainha com 4 tipos de motores: 500 2T, 990 Honda 4T, 990 Yamaha 4T e 800 Yamaha 4T.

Rossi venceu GPs com 7 motos diferentes: Aprilia 125, Aprilia 250, Honda 500, Honda 990, Yamaha 990, Yamaha 800, Yamaha 1000

Suas onze vitórias em 2004 são o maior número de vitórias em uma única temporada para um piloto da Yamaha

É o único piloto a conseguir vencer 5 ou mais corridas seguidas de Yamaha

É o único piloto na história a vencer 5 ou mais corridas seguidas com motos de dois fabricantes, Honda e Yamaha

Suas 89 vitórias na categoria máxima são um recorde na história dos GPs. Em segundo vem Agostini com 68 vitórias.

Nas 3 categorias, ele venceu 115 vezes. Atrás apenas. de Agostini, que tem 122 vitórias.

Com o seu terceiro lugar em Jerez em 2020, Rossi fez o seu 199 pódium. Em segundo lugar vem Lorenzo com 114

Nas três categorias, ele esteve no pódium 235 vezes, bem na frente de Agostini, que conta 159 pódiums

Com 432 largadas em GP’s, Rossi participou de 44,4% de todas as corridas que foram realizadas desde 1949(!). O segundo nesta lista é Andrea Dovizioso com 333.

Na categoria principal Rossi largou 372 vezes. Em segundo nesta lista fica o nosso Alex Barros, com 245 largadas.

Rossi tem a carreira de vencedor mais longa da história, com sua vitória em Assen em 2017 chegando 16 anos e e 351 dias após sua vitória de 500 em Donington em 2000. O segundo nesta lista é também o nosso Alex Barros, com 11 anos e 204 dias entre a sua primeira e última vitória.

Contando as 3 categorias, ele também é o que tem a carreira mais longa, com 20 anos e 311 dias entre sua vitória na 125 em Brno 1997 e a última em Assen 2017. Capirossi é o segundo com 17 anos e 49 dias.

Durante sua carreira Rossi competiu em 38 circuitos. Nestes 38 ele conseguiu pelo menos 1 vitória em 29 deles. Nenhum piloto na história venceu em tantos circuitos diferentes.

Os circuitos que ele mais venceu, 10x, foram Catalunha e Assen

Na categoria principal Rossi venceu em 23 dos 29 que competiu, sendo que onde mais venceu foi Assen, 8x.

O circuito que ele mais competiu foi Jerez, com 27 aparições, sendo 23 na categoria máxima.

Durante sua carreira Rossi dividiu o pódium com 55 pilotos diferentes. E o que mais dividiu com ele foi Jorge Lorenzo, 53 vezes. na categoria principal foram 38 pilotos diferentes.

A última vez que Rossi dividiu o pódium com um piloto mais velho do que ele foi na República Checa em 2008, com Loris Capirossi.

Provavelmente Rossi será o último dos pilotos nascido nos anos de 1970 a disputar um Grande Prêmio.

Tem tres pilotos com os quais Rossi dividiu o pódium, sem estar no topo dele: Alex Rins, Fabio Quartararo e Stefan Bradl.

Incrível não é?

Na Moto2 a parada foi tensa. Raul Fernandez precisava vencer e Gardner chegar acima de 13 para ser campeão. Raulzito fez a parte dele, venceu, mas Gardner ficou ali pelo décimo tempo demais para o meu gosto… chegou a andar em “ônzimo”, perto demais para o meu gosto. No final deu tudo certo, e o piloto para quem eu torcia, Remy Gardner, filho do grande campeão Wayne Gardner, foi o campeão. Ufa.

A nota curiosa da corrida foi ver o nosso Gornaldinho, o Fofômeno, botando prá quebrar no paddock. Abraçando Rossi e até, pasmem, dando a bandeirada final da corrida. Fiquei de bobeira com a moral dele. Ele gosta de moto, até já teve na Itália uma Aprilia RSV igual a minha!

Então foi isso, um dia muito especial no MotoGP. Vitórias, aposentadorias, troca troca de pilotos, fiquei emocionado. Depois escreverei um post analisando o campeonato e comentando estas trocas e o que esperar de 2022.

Parabéns Pecco Bagnaia e Ducati Corse, Jorge Martinator, Miller. Parabéns Rossi, Dorna e todos nós, que torcemos o ano todo.

 

 

 

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestras em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo®, www.motozoo.com.br, onde escreve sobre motociclismo. É Mestre em Artes e Design pela PUC-Rio. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

Um comentário em “Ducati fez barba, cabelo e bigode em Valencia!”

  1. Hoje era dia para ser os olofotes estarem todos virados para Ducati mas a despedida de VR46 ofuscou um pouco o brilho do trio de Borgo Panigale(um dia ainda vou visitar). Parabéns Valentino igual a você no MotoGp acho que não vai existir ! Para os Ducatistas ,que venha 2022 para possamos gritar é campeão com Bagnaia e Miller que abra bem seus olhos J Martins se mostrou estar acima do 43 que larga bem mas não trás resultados expressivos .

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