Ai meu coração!!!! Que corrida foi esta? Corridassa cheia de alternativas e com um resultado inesperado. Miguel Oliveira deixou para usar os travões bem no finalzinho e botou suas jantes em primeiro lugar!!!

Que a KTM vinha forte todos sabiam, KTM e Suzuki eram as apostas, com a Ducati ali coladinho, afinal, venceu semana passada. Mas KTM com Miguel Oliveira, vamos combinar que não era a opção mais votada. Nas casas de apostas londrinas este resultado deve ter pago muito bem.

Interessante notar, para o bem e para o mal, como a saída de Marc Marquez do circuito fez as coisas embolarem. Com ele na pista recebendo os holofotes, sobra pouca luz para os outros. Afinal, é preciso prestigiar o vencedor. Agora, tem luz prá todo mundo! A Dorna não é boba, está fazendo bem para o espetáculo e neste caso é melhor mesmo que ele descanse, que fique bom completamente pois aí teremos a história do “retorno de Marc Marquez”. E levanta a moral da galera, cansada de ser surrada por ele.

Hoje definitivamente aprendemos que a KTM está pronta, que a KTM não leva pau de motor da Ducati, e que a Suzuki não está com boa sorte até o momento.

Joan Mir estava botando uma corrida irrepreensível no chão. Foi corajoso e técnico, estava usando as vantagens de seu equipamento para abrir na ponta e estava com cara de que iria levar esta, merecidamente.

Vou um dia escrever um artigo especialmente falando sobre os motores e suas diferenças, mas simplificadamente os motores de 4 cilindros em linha favorecem a suavidade na entrega de potência e podem ser montados com um peso mais embaixo. Não por acaso a Suzuki e a Yamaha tem as melhores linhas na pista. Mas o virabrequim curto dos V4 dá para eles mais torque e especialmente na desmodrômica Ducati, um poder de aceleração incrível. Duvido que seja falta de potência no dinamômetro no motor da Suzuki e até da Yamaha, o que falta é aceleração. É uma escolha, cada um com suas características.

Sendo assim, a Ducati acelera primeiro e mais forte, não dá tempo dos outro encherem. Chega forte na cabeça da curva, é muito estável na freada estúpida e faz uma curva de merda, se comparada com as outras, mas como está na frente, quem vem atrás é obrigado a diminuir e na saída, como ela tem reaceleração forte, babou. Tem que ser corajoso e muito técnico para passar uma Ducati em bom estado de pneus. Mir foi, passou Miller e livre de ter que ficar travado por ele, foi construindo uma diferença que o levaria a vitória. Rins pode botar as barbas de molho… o braço quebrado daqui a pouco deixará de ser desculpa. Foi uma injustiça muito grande a corrida ter paralisado, tirou a vitória da Suzuki e os pilotos comentaram isso na chegada. Coisas de corrida.

Outro muito prejudicado foi Nakagami, que vinha fazendo uma corrida incrível contra Miller. Sofreu um pouco do que eu disse acima e como ainda não tem moral para atropelar atropelando, perdeu muito tempo atrás da Ducati.

Moral é algo que se constrói com uma sequencia de bons resultados, não é na marra como Zarco quer fazer. Zarco não tem moral para se comportar como se comporta, e por isso foi punido. “Senta lá Claudia”, kkkk, é lógico que tem piloto que pode fazer mais coisa na pista do que outros, mas esta moral tem que conquistar. Marc fez e fará muita coisa agressiva, mas ganhou vários campeonatos para isso. Rossi teve que coicear o amigo para receber um punição, mas antes também botou prá quebrar. Não é para qualquer um.

Nakagami iria chegar no pódium. Sacanagem.

Miller vinha bem, combativo como sempre, moendo a moto como sempre, Dovi sem mostrar brilho para vencer e Miguelzinho fazendo uma corrida gira, mas sem dar pinta nem de pódium. Pol vinha forte, mas é um piloto que não me dá confiança. Miller fez ótima corrida, especialmente se comparar com Petrux.

As KTM fortes, todas. Correndo em casa, com Espargaró largando da pole, Binder com moral de vencedor e Miguelzinho  com um ritmo de corrida bom. Até Lekuona está andando bem com a moto. A Tech3 é uma equipe muito séria.

Mais para trás as Yamahas sofrendo, as Aprilias invisíveis, assim como Alex Marquez. Pirro também, em uma pista “para Ducati”, muito apagadão. Talvez esteja andando com uma moto de testes e mais lenta, porque ele é um piloto mais rápido. Stefan Bradl deve ter trocado de moto com Nakagami, kkkkkk.

Mas aí veio o bizarro acidente com Viñales, mais uma Yamaha destruída, e uma bendita, maldita, relargada. Na hora todos pensaram: Sifú Suzuki, hora de Dovi. Ninguém pensou no Miguel.

Veio a largada e Miller espremeu Mir, que largou muito bem mas não teve culhões para fechar o australiano. Enquanto pensava nisso e se lamentava do vacilo, foi passado pelo Pol. Aí, desestabilizou de vez e foi questão de tempo ser alcançado pelo Miguel Oliveira. Lá na frente aconteceu um incidente previsível em tudo, duas vacas brabas, os dois erraram, Pol errou de novo em hora crítica, se esbarraram e Miguelzinho tirou onda, e caralho fodasse. SENSACIONAL!!!

Mais uma corrida para a História, primeira vitória de um português. Pol Espargaró está sendo castigado pelos Deuses das corridas por todo o episódio da Repsol e daqui a pouco até o Lekuona vai ganhar uma corrida com esta moto, menos ele, kkkkkkk. Cara amarela no pódium. Fez ótima corrida.

Dovi se deu bem, encostou mais um pouco no El Diablo. Dovi ainda é o favorito para o título deste ano. É o mais experiente, o mais marcador de pontos, o mais constante, o que menos vacila e tem uma moto de fábrica.

É isso aí, adorei a corrida.
Mário Barreto

Mário Barreto

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestras em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo®, www.motozoo.com.br, onde escreve sobre motociclismo. É Mestre em Artes e Design pela PUC-Rio. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto