BRNO 2020

Vou começar plagiando o mestre e titular do Motozoo: adoro MotoGP!

E este ano está sendo especial porque o protagonista está ausente. A contusão do Mark Marquez abriu espaço para novos protagonistas e os supostos herdeiros sucumbiram aos novos talentos: Quartararo e Binder. Todos esses 22 caras que estão na classe rainha têm talento, obviamente, mas poucos são fora-de-série. Poucos possuem uma carreira vitoriosa desde as categorias de base, com atuações memoráveis e vitórias inesquecíveis. Hoje só vejo três pilotos com essa característica, com uma honrosa exceção ao Rossi, que é fora-de-série mas possui a desvantagem da idade.

São Mark, Quartararo e Binder. Acredito muito no potencial do Miguel Oliveira, mas os demais são “apenas” muito bons demais, se me permitem o mau português.

Desde o surgimento do fenômeno Mark Marquez as fábricas vêm garimpando novos talentos o mais cedo possível, o que acho uma estratégia arriscada. Hoje vemos pilotos como o Mir, o Miller e o Lekuona, que mal (ou nem) disputaram o Moto2.

Segundo os comentaristas do MotoGP, o Hervé Poncharal foi visto chutando caixotes após mais um tombo do Lekuona, mas será culpa do garoto? Poncharal já teve que conviver por dois anos com o Syahrin, mais um que subiu sem ter as devidas credenciais. Os 22 deveriam ser o créme de la créme da comunidade de pilotos, mas não são. E não é fácil domar essas máquinas tão potentes, fazendo 20 voltas de mais de 5 Km em tempos consistentes, lidando com o desgaste dos pneus. Aliás, consistência nos tempos de volta é que diferencia quem é piloto e quem anda rápido de moto. O Marquez Jr está apanhando da Honda RC213V, que ele mal conhece. Ainda assim chegou 31 segundos à frente do Stephan Bradl, que é o piloto de testes da marca há 3 anos ou mais. A grande derrotada do dia foi a Ducati, que ia chegando em 10º, 11º e 12º, até que o Miller roubou o 9º lugar na Aprilia nos últimos metros. Eles estão perdidos no desenvolvimento da moto: gestão italiana é complicada (vide Ferrari). Na minha opinião eles tiveram a melhor moto do paddock em 2017 e 2018: anos em que o motorzão fazia uma diferença bestial. Perderam a chance de serem campeões, porque, perdoem-me os fãs, o Dovi não é um fora-de-série. Foi campeão de 125cc em 2004, é verdade, mas depois sempre foi coadjuvante até que o Gigi lhe deu uma moto excepcional. Dovi usou seus contatos dentro da Ducati para queimar o Lorenzo (seu nêmesis na classe 250cc) e emplacar um companheiro de equipe pífio. Quando o Petrucci ousou levantá-lo na curva 1 na última volta de Mugello para eventualmente conquistar sua única vitória no MotoGP, Dovi nem participou das comemorações. Chiou barbaridade nos bastidores, a ponto do Danilo passar toda a conferência pós-corrida se desculpando e prometendo ajudá-lo a ganhar o título. Petrucci, que já luta contra um peso 10Kg acima dos outros, se apagou ali.

Portanto, eu não tenho pena do Dovi: ele recebeu uma oferta da Ducati, mas está brigando por mais dinheiro. Acho que o argumento dele ter sido vice-campeão três anos seguidos é pífio… pois tinha moto pra ser campeão nos dois primeiros anos. O novo motor da Honda em 2019 acabou com a festa, e agora KTM e Suzuki também chegaram junto. O grid está apertado. Parabéns para Morbidelli, Zarco, Rins, Rossi e Oliveira. Esses três últimos poderiam ter brigado pelo pódio se não tivessem largado tão atrás: estavam rodando meio segundo mais rápido do que Morbidelli e Zarco no final. Rins ainda está machucado, tanto que nem participou do Warm-up, mas teria chegado em 3º se a corrida tivesse mais uma volta. Ouvi críticas ao Morbidelli por “vender fácil” a liderança. Não faz sentido. Brno não é Mônaco, onde Senna segurou um Mansell babando em seu cangote com facilidade. Engajar em uma luta inglória com o Binder só faria com que ambos perdessem vantagem sobre o grupo e o Morbidelli poderia até perder o pódio. Entender a própria limitação é uma prova de maturidade. Ansioso para ver o desempenho de Ducatis e KTMs no Red Bull Ring. O problema das Ducati 2020 é o excesso de aderência dos novos pneus traseiros Michelin que está causando dificuldades em frear a moto. Zarco pode fazer uma nova surpresa.

Na Moto2, La Bestia ganhou de novo, na frente de um consistente Sam Lowes e do Joe Roberts. Foi um pódio emocionante, porque o Sam vem de uma fase horrível que começou com a fracassada aventura na Aprilia de MotoGP e o Joe Roberts foi o primeiro americano a subir ao pódio depois de muitos anos. É interessante que ele andou muito bem no Qatar e em Brno e não andou nada em Jerez, mas são pistas de características muito diferentes… A Áustria não se parece em nada com Jerez, então podemos esperar esses mesmo na disputa, junto com Marini, Bezechi e Fernandes. As “KTM” foram bem mal, tanto que o Nagashima perdeu a liderança do campeonato para o Bastianini. Veremos como correrão “em casa”. Na Moto3, a primeira vitória do Dennis “the rocket” Foggia, que trocou a Sky pela Leopard este ano. O líder do campeonato, Albert Arenas, correu machucado, cheio de dores, mas fez uma ótima última volta para chegar em 2º, à frente de um amuado Ogura. Antonelli e McPhee completaram o Top 5, e o Suzuki caiu pelo caminho… Até semana que vem!!!

Pai orgulhoso do João e da Nanda, botafoguense, motociclista e cabalista. 15 anos como CIO e membro do Board de empresas multinacionais, participando no desenho e implantação de processos de logística, marketing, vendas e relacionamento com clientes e canais de vendas, inclusive por dispositivos móveis; Morador em Londres, é Fluente em Inglês e Espanhol, com conhecimentos avançados (leitura) e intermediário de Francês e Italiano; Possui cidadanias brasileira e francesa.

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