Meus amigos, nos inocentes anos 50, começo dos 60, o cúmulo do deboche era passar de carro por um casal de namorados se pegando nos escurinhos das calçadas e berrar “APERTA QUE ELA PEIDA”. Isso me foi contado pelo irmão caçula do meu pai, meu tio mais divertido a quem homenageei dando seu nome ao meu filho, João.
O Bagnaia peida quando apertado, não tem jeito, para desespero especial do Tardozzi, mas também do Gigi e do Ciabatti. É verdade que ele teve um final de temporada brilhante em 2022, mas ele estava caçando o líder Quartararo, cuja Yamaha demonstrava uma inferioridade cada vez maior a cada prova.
Quartararo tambem sofria do ônus de defender o título: toda a responsabilidade estava em seus ombros, assim como acontece agora com o Pecco.
O campeão perdeu a chance de ir direto pro Q2 por erros que cometeu na pista. Depois ficou em 3° no Q1 perdendo a vaga para o companheiro de equipe, atrás de quem chegou na Sprint, fazendo 2 pontos do 8° lugar. Parabéns para a Ducati, por não obrigar o Bastianini a tirar a mão no Q1 ou na Sprint.
Martin, por sua vez, também andou emocionado demais. Quando viu que Bagnaia largaria em 13° se dedicou a orar, tomou um estabaco mas ainda salvou uma 6a posição de largada. Na minha opinião os grandes campeões são frios, quase tão frios quanto um psicopata. Não tem muito espaço pra choro ou rezas: só muito culhão e autoconfiança. Isso o Martinator demonstrou na corrida: largando bem e passando o Marini e o Viñales sem comoção.
Viñales foi Viñales: meteu a culpa na moto e na equipe porque “a moto destruiu os pneus”. Podia ter ganhado a Sprint, podia ter ao menos ganhado medalha, mas perdeu 2 posições para pilotos com meio ombro: uma façanha de Marini e Bez. Eles merecem muito reconhecimento. Provavelmente acordarão moídos no domingo e terão dificuldade para aguentar o ritmo no dobro de voltas, mas foram heróicos.
Quartararo e Diggia fizeram 5° e 6°, correndo sozinhos praticamente as 13 voltas, mas é preciso lembrar que 3 caíram à sua frente. Marquez na 11, tentando se posicionar bem na 1a volta, e o Aleix, critico-mor “desses pilotos irresponsáveis que destroem as corridas dos outros”, destruindo a corrida do Binder com uma ultrapassagem atabalhoada na 16. Não acredito que o Marquez tivesse ritmo para pontuar na Sprint, mas Binder e Aleix teriam roubado os 2 pontinhos do Pecco.
A Ducati foi campeã de construtores e tem que ver a placa de campeã ao lado de uma equipe satélite. Deve dar um gostinho amargo. E a Nadia Padovani sonhando com momentos como esse em 2024.
Esse circuito é muito bonito em um dia de sol como o de hoje. Espero que o bom tempo se repita amanhã.
Dá-lhe Martinator! Fez 73 pontos mais que o Bagnaia nas últimas corridas. Se mantiver a cabeça fria teremos o 4° campeão diferente em 4 anos. E será uma zeeeeeeebra.