AGORA TUDO É POSSÍVEL

Não, não acho que o Marc Marquéz disputará o pódio em Assen, mas aposto que ele voltará a vencer ainda nesta temporada. Depois do fracasso de Le Mans o octacampeão ficou mal. O antigo Marc não desperdiçaria a chance de ganhar naquelas condições de tempo, e o novo Marc começou a duvidar de si mesmo. Houve mesmo boatos que ele poderia se afastar das pistas e só retornar quando estivesse 100% recuperado e o HRC estipulou o GP da Alemanha como marco decisivo. Mugello e Montmeló foram desastres que culminaram em DNFs, mas o teste pós GP de Barcelona serviu para que ele finalmente fosse apresentado a Honda 2021. Foram 87 voltas na pista, mais do que qualquer outro piloto, para se preparar para a prova de domingo. E a décima-primeira vitória consecutiva tirou a Honda, a Repsol Honda e o próprio Marc do fundo do poço. Agora começa de fato a longa escalada, e os adversários podem começar a se preocupar.

Não neste próximo fim de semana, porque as mudanças rápidas de direção são o ponto fraco da Honda. Tanto que o T3 de Sachsenring, com a famosa sequência das curvas 10 e 11 no topo do circuito, era onde o Oliveira recuperava meio segundo a cada volta. Só que depois de Assen os engenheiros da Honda terão 5 semanas para trabalhar na RC213V, o próprio Marc terá esse intervalo para tratar seus problemas físicos, e a segunda parte do campeonato pode surpreender.

O GP da Alemanha foi uma prova animada, com o Formiga correndo as primeiras 4 voltas no mais perfeito estilo Dovizioso, ou seja, o mais devagar possível, contando com um improvável Aleix Espargaró em segundo. Quando começou uma chuva fina ele abriu 1.5s que se revelaram fundamentais para se proteger de Miller e depois Oliveira. Tanto no FP4 quanto no warm-up Quartararo tinha sido o mais rápido, seguido justamente do australiano e do português. Marc tinha um ritmo similar ao do Bagnaia, 22”1, enquanto os outros viravam em 21”8 com facilidade. Quartararo sofreu o mesmo problema ocorrido em Barcelona: ficou encaixotado e não conseguiu andar no seu ritmo. Quando teve pista livre já não tinha pneus. Ainda assim fez um belo pódio e ampliou a liderança do campeonato.

Os três melhores do grid no momento.

Ao final da prova o pessoal da Yamaha dizia que tinha sido um fim de semana para esquecer. Acho um exagero. No primeiro dia, Viñales rodava bem consistentemente. Só que caiu no final do FP3, foi pro Q1, onde não conseguiu se encontrar e também acabou tolhido pelas bandeiras amarelas. Largou mal e acabou mal, mas o problema não e da moto: é dele. Até por implicância, mandei para o Mario Barreto imagens da entrevista do Viñales na 6ª, dizendo que a moto estava maravilhosa, que o novo chefe de equipe era o capeta e que ele se via ganhando a corrida. Aí mandei também imagens do sábado, onde ele dizia que a moto tem problemas que ninguém consegue identificar, mas ele continua sendo o fodão do Bairro Peixoto. Nenhuma equipe gosta disso…

No mais, o Rossi está infeliz, só cumprindo tabela, e o Morbidelli p da vida porque não tem uma moto igual à do francês.

A Aprilia estava nas melhores condições de conseguir um bom resultado, dado que Sachsenring não exige muito do motor e a moto parece ter um ótimo chassi, mas saiu da liderança para um 7º lugar: foi decepcionante.

A Ducati saiu na pole e esteve até melhor do que o esperado neste circuito que não tem longas retas, mas não teve pneus para chegar a um pódio. Do Zarco eu não esperava um bom resultado porque o seu ritmo era 22”3. Ele foi o melhor do FP4, mas usando pneus mais novos que os dos outros. Miller, por outro lado, fazia bons tempos com pneus usados e estava muito confiante. No final, a melhor moto de Bologna chegou em 5º, com Bagnaia. Aliás, o MotoGP vai ficar com cara de torneio Ducati em 2022, já que além das GP22 oficiais e da Pramac, já assinou com a Gresini, que terá duas GP21, e, aparentemente, vai assinar também com a VR46. Serão oito Ducatis na pista e eu não gosto muito dessa ideia. A Dorna deveria obrigar a Suzuki e a Aprilia a terem equipes satélites. Seriam seis construtores com quatro motos cada, que é o que faz sentido, na minha opinião.

A KTM está bastante competitiva e vai incomodar a Yamaha em Assen. Com um 2º e um 4º, foi a fábrica de melhor resultado. O Oliveira não está cometendo erros e podia ter saído na 1ª fila, se não fossem as bandeiras amarelas. Eu até entendo essa regra, mas acho que os treinos deveriam ter pelo menos 5 minutos a mais, porque basta um sujeito cair que a volta é anulada. Binder fez uma ótima corrida de recuperação, com uma largada sensacional. Só precisa se classificar melhor.

Pol Espargaró deve ter pesadelos toda vez que vê as KTMs andando tão bem. Está apanhando da Honda, que é uma moto difícil, mas precisa levantar o astral: fico deprimido cada vez eu o vejo dando uma entrevista. Alex Marquez passou para o Q2 seguindo o irmão, largou de 12º e só apareceu nas câmeras quando se enrolou com o Petrucci e foram parar na brita. Nakagami, que tem tido uns brilharecos, resolveu inovar, correndo com o pneu macio que todos diziam que não duraria a prova inteira. Faltou humildade…

E as Suzukis estão em uma mediocridade que dá pena. O Mir não consegue se classificar bem: a melhor posição e largada dele em 2021 foi um 9º lugar. O Rins, até entendo, está se recuperando, mas andou bem na 6ª feira. As entrevistas de ambos também são deprimentes. Vou escrever de novo: o Davide Brivio faz falta. Não necessariamente ele, mas alguém menos metódico e mais sanguíneo que os japoneses que estão dirigindo a equipe. Perderam o momento excelente conquistado em 2020. É uma pena.

Na Moto2 só dá a dupla do Aki Ajo. Desta vez Raul Fernandez largou na pole com o Remy Gardner colado nele. O australiano passou e forçou o ritmo. O espanhol caiu, na primeira falha dele neste campeonato, e o Gardner ganhou com um pé nas costas e abriu 36 pontos de frente no campeonato. Três pilotos que estavam no Top 7 caíram na última volta! É uma tristeza para as equipes. E me fez roer as unhas até a bandeirada do MotoGP.

Na Moto3, olha a equipe do Aki Ajo de novo! Depois de 3 resultados medianos (2 oitavos e 1 sétimo) Pedro Acosta voltou a vencer com autoridade. Tem 55 pontos de frente e me parece bastante maduro: quando dá para ganhar ele não vacila, e, quando não dá, ele não cai tentando. Os adversários têm caído muito e o campeonato vai ficando mais fácil.

Contando os dias para tudo recomeçar na sexta-feira. Até lá!

Pai orgulhoso do João e da Nanda, botafoguense, motociclista e cabalista. 15 anos como CIO e membro do Board de empresas multinacionais, participando no desenho e implantação de processos de logística, marketing, vendas e relacionamento com clientes e canais de vendas, inclusive por dispositivos móveis; Morador em Londres, é Fluente em Inglês e Espanhol, com conhecimentos avançados (leitura) e intermediário de Francês e Italiano; Possui cidadanias brasileira e francesa.

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