A história da MotoCzysz

Outro dia, surfando pela Internet, que sabe exatamente o assunto que me interessa, o Youtube me ofereceu para assistir uma série de vídeos realizada pelo Discovery Channel, “Birth of a Race”, prometendo contar a história da MotoCzysz. Pronuncia-se “MotoCis”.

Assisti e fiquei chapado com a história de Michael Czysz e sua epopéia para criar e desenvolver uma incrível e original motocicleta revolucionária, americana. E as reviravoltas que todo o projeto sofreu. Leiam se não é interessante…

Michael Czysz, arquiteto e designer, era também entusiasta do motociclismo e um visionário. Sua paixão pelas motos começou bem cedo, por volta dos 4 anos de idade em uma minimoto Sears.

A mini moto Sears

Depois, mais velho, teve uma Kawasaki 175 Enduro, uma moto que nunca vi e nem conheço. Muitas motos depois, já com 30 anos, ele resolveu ser piloto e se jogou nas corridas com uma Aprilia RSV250.

Porém, seu escritório de arquitetura teve muito sucesso, e ele ficou sem tempo para as motos. Até que 10 anos depois, aos 40 anos, já com bastante sucesso na arquitetura e design, ele, inspirado pela moto neo-zelandesa Britten, uma outra história incrível, resolveu simplesmente criar do zero uma superbike americana.

Idéias completamente novas para o motor e suspensões. Para o motor ele imaginou e construiu um motor de 4 cilindros diferente de todos, como um V de apenas 15 graus, longitudinal na moto, com dois pequenos virabrequins contra-rotativos. Isso eliminaria a necessidade de contrapesos e ainda aniquilaria a inércia do giro do motor, que atrapalha o equilíbrio das motos em curvas.

Taí o motor

A caixa de marcha fica lá em baixo, fácil de ser desmontada e com auxílio elétrico e eletrônico. O quadro é de fibra de carbono e as suspensões, dianteira e traseira, diferentes de tudo. Na dianteira a intensão é a de sempre, separar a função direção da função suspensão, e seu sistema 6X Flex fork fazia isso. Atrás ele separou as molas em duas, e o hidráulico no centro, ambas diferentes de tudo o que os italianos e japoneses faziam.

A moto era extremamente fina, pois o motor era montado “ao comprido”

Este trabalho gerou várias patentes. Esta moto, a C1, foi pensada como uma superbike, quando os regulamentos exigiam a homologação de apenas 150 motos para uma fábrica pequena como a dele. Mas mexeram nas regras e subiram este número para 1.500, o que sepultou suas pretensões nesta área.

Aí, ele mudou para a MotoGP mas logo depois também mudaram o regulamento de 1000cc para 800cc e sepultou o seu projeto de motor. Um novo motor de 800cc teria que ser refeito do zero. E eles não tinham recursos para isso.

O programa de TV que eu vi não vai adiante. Vemos apenas a C1 na pista, sendo pilotada por Jeremy McWilliams, de quem queriam uma opinião melhor. Até aqui, Michael era o inventor, diretor e piloto de testes. A moto demonstrou potencial, mas nunca foi desenvolvida até o ponto necessário para entrar em uma corrida.

Sem ter para onde ir com seu protótipo revolucionário, a empresa se reinventou, abraçando o campo das motos elétricas e simplesmente venceu 4 vezes o Isle of Man TT Zero, em disputas incríveis com a Mugen, que conta com o suporte da Honda.

Um das CZYSZ elétricas no TT Zero na Ilha de Man

Infelizmente, a história da MotoCzysz não termina como deveria. A batalha Mugen vs. MotoCzysz estava se tornando uma lenda, mas o infeliz diagnóstico de câncer de Michael prematuramente e de repente reduziu a rivalidade. Michael foi diagnosticado com câncer em 2013 e faleceu em 2016.

Vejam a série no Youtube, clicando aqui. É uma história que vale a pena conhecer. A tradução da série é podre, quem traduziu não conhece nada de motores e de corridas, mas dá para assistir. E aqui, o site da Moto Czysz.

Desejo boa leitura. Outro dia escrevo sobre a Britten, uma das motos mais incríveis do mundo.

 

 

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestas em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo®, www.motozoo.com.br, onde escreve sobre motociclismo. É Mestre em Artes e Design pela PUC-Rio. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

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