Finalmente o trio Dall’Igna/Tardozzi/Ciabatti pode comemorar sem constrangimento: na pista apertada de Jerez Bagnaia largou na frente e não houve nada que o Quartararo pudesse fazer. Ambos estavam em outra liga, mas o italiano só ganhou porque largou bem. Tanto no FP3 quanto no FP4 o campeão do Mundo enfileirou diversas voltas entre 37”5 e 37”7 com pneus usados. Bagnaia ganhou rodando em 38”1, com 4 voltas em 37: uma delas a mais rápida da prova, quando Quartararo ficou a alguns milésimos. Só que o motorzão da Ducati acelera muito e não houve jeito da Yamaha chegar junto nas curvas 1 ou 6. Nem de acompanhar o italiano nas 4 curvas à direita antes da Lorenzo, o 3º ponto de ultrapassagem da pista: o pneu dianteiro esquentava, subia de pressão, e perdia aderência.
Então sobrou a disputa pela 3ª posição, com Miller segurando Márquez, que segurava a Aprilia do Espargaró. Em uma volta tudo se inverteu: MM passou Miller na 6 e tentou logo abrir um espaço para não dar chance ao Espargaró. Perdeu a frente na 13, deu uma salvada que remeteu aos velhos tempos, mas a Aprilia passou os dois e abriu. MM teve que repassar o Miller na última volta na curva 8, um lugar em que só ele e o Eric Granado conseguiram sucesso.
Jerez é um lugar incrível, os espanhóis são loucos por motos e por competições de motos, mas é um circuito apertado para a potência atual do MotoGP. Isso acaba gerando uma prova sem muita emoção e ultrapassagens. Talvez o resto das disputas tenha sido interessante, mas a transmissão não mostrou então foi um GP de muita expectativa, mas poucos momentos emocionantes. A emoção foi guardada para esta segunda-feira, quando…
BOMBA! BOMBA! A SUZUKI VAI DEIXAR O MOTOGP NO FINAL DESTE ANO!!!!
Fiquei tristíssimo com essa notícia. Adoro a marca e torcia para que ela tivesse uma equipe satélite ano que vem. É muito ruim para o MotoGP, já que as outras japonesas não parecem ter interesse em fornecer mais motos do que já fornecem e a Aprilia não me parece ter capacidade de fazê-lo. Temos que torcer para a KTM se movimentar, pois já temos Ducatis em excesso no grid.
O mercado de pilotos também vai sentir… tem gente na Moto2 querendo subir (Ai Ogura, que ganhou seu primeiro GP no domingo, é um deles), tem um Mir campeão do Mundo desempregado e tem um Rins, que tem grande potencial e não pode ir pra casa, esperando uma moto pra correr. Junta o Toprak querendo saltar do WorldSBK pro MotoGP e prevejo gente a pé em 2023.
A sorte do Morbidelli é que ele já tem contrato assinado, porque o Lin Jarvis não pensou duas vezes antes de queimá-lo na entrevista pós-corrida. Há um boato no paddock que dá como certo que o Dovizioso se aposentaria antes da perna asiática (Japão, Tailândia, Australia e Malásia). Seria substituído pelo britânico Jake Dixon. O mesmo que já andou bem pior que o Binder Jr quando substituiu o Morbidelli, caiu na liderança da “série B” que correu 7 voltas em Portugal, e também caiu sozinho neste domingo, derrubando o jovem Fermín Aldeguer e partindo pra cima do espanhol como se esse tivesse alguma culpa. Se eu fosse diretor da FIM dava um GP de suspensão ao Dixon pela falta de noção. Cair por incompetência e derrubar um concorrente é acidente de corrida, mas não pedir desculpas imediatamente é coisa de canalha ou alucinado.
Voltando ao MotoGP, cabe um elogio ao Bezzecchi, por mais um bom nono lugar para o rookie. Bastianini chegou em 8º após ficar bem para trás no começo da corrida. Aparentemente ultrapassou uns 7, mas não vimos. Hoje, nos testes da segunda-feira, a Ducati lhe deu partes da GP22 para testar, principalmente a aerodinâmica. Ele avaliou com prós e contras e não sabe se vai adotá-la porque a fábrica deve vir com uma carenagem melhorada na 2ª metade do campeonato e um piloto só pode usar duas versões de pacote aerodinâmico no ano, portanto talvez valha a pena esperar o GP da Inglaterra. Essa atitude, somada às quedas que vêm minando a participação do Jorge Martin no campeonato, pode ser um indício da definição de quem tomará o lugar do Miller em 2023.
Foi um domingo ruim para a Pramac, com Zarco caindo pela segunda vez no ano. Nesta 2ª ele rodou bastante para se adaptar às características do motor 2022 e fez o melhor tempo: um 37”1 com pneus usados. É uma motivação a mais para o seu GP, daqui a duas semanas. Zarco é um bom piloto, que tem um ótimo relacionamento com a Ducati, mas precisa ganhar um GP urgentemente.
A LCR teve um ótimo final-de-semana na Moto E, com o Granado finalmente começando um campeonato com a mão direita: ganhou as duas provas com autoridade e ótimas ultrapassagens. É consenso no paddock que o Eric é o mais rápido dos pilotos da Moto E desde o primeiro campeonato, mas ele sempre deu tiros no próprio pé, seja caindo na liderança, seja largando em último por ter tocado no verde na volta de classificação, desligado a moto no grid, cair arriscando ultrapassagens fora de hora, em sábados que comprometeram seu lugar de largada no domingo. Fora o azar de ser derrubado por concorrentes afoitos. Enfim, ele, concentrado, pode ser campeão com antecedência: menos funk e mais foco, please!
Até porque temos um outro brasileiro que chegou correndo como gente grande. O Diogo Moreira está chamando a atenção dos comentaristas do MotoGP e dos chefes de equipe. A KTM já está dando atenção especial a ele, que andou pressionando os líderes até ser punido com uma volta longa. Ele ainda vai ganhar este ano, posso apostar.
Voltando à LCR: Nakagami fez o costumeiro brilhareco no warm up, largou até bem, mas depois recuou para o 7º lugar, onde ficou. Alex Márquez andou lá atrás e chegou duas posições e 4,5s atrás do Pol. Esses dois… não vejo muito futuro. O japonês levou um tombo sério hoje e viajou para Barcelona onde fará exames mais detalhados no joelho. É mais um na marca do pênalti, a não ser que a Honda Asia tome o lugar da Suzuki e consiga alinhas dois japoneses em 2023, para promover o Ogura sem demitir o Nakagami.
Por fim, Viñales chegou 16s atrás do Aleix e teve que aplaudir o companheiro no pódio. A Aprilia perdeu as concessões, mas é a Suzuki de 2020: faz curva como quer, onde quer, e o motor está andando bem. Viñales continua um leão de entrevistas e um gatinho inofensivo nas corridas. E a culpa nunca é dele… eu queria ver o Rins andando de Aprilia ano que vem.
A bientôt em Le Mans
Andre
p.s.: um pequeno comentário sobre o Pedro Acosta. O garoto foi campeão do torneio Red Bull, chegou na Moto 3 em uma máquina que ele já conhecia e que qualquer mecânico levanta sozinho: levinha, magrinha. Já queriam botar o moleque no MotoGP direto!!! Era o fenômeno… está se lascando na Moto 2: em 6 corridas tem um 7º, um 9º e um 12º. É preciso ir devagar com o andor.