As águas de março

Bem, amigos, se a lógica sempre prevalecesse os sites de apostas iriam à falência…

Foi um fim de semana menos polêmico que o de Portugal, mas com resultados surpreendentes. Basta dizer que um pódio com três equipes satélites é algo que não me lembro de ter visto desde que comecei a acompanhar o MotoGP lááá em 1979, através da revista Motor 3. Três equipes satélites da mesma marca, diga-se de passagem. Raríssimo.

É fato que havia apenas 18 pilotos na pista, pelo menos 3 candidatos a protagonistas de fora, e um tempo que nunca ficou firme. Além disso a pista de Termas de Rio Hondo tem um problema que se repete anualmente: por ser muito pouco utilizada, os testes de sexta-feira não são tão úteis como em outras pistas, pois há muita poeira e pouca aderência.

Alex Marquez, Quartararo e as KTM tiveram que disputar o Q1, que terminou com os dois primeiros na frente e as motos da Red Bull em longínquos 15° e 16° lugares. Alex ainda teve uma queda ao ser atrapalhado pelo Mir, o que acabou causando uma pequeno incêndio na sua moto titular. Mir andou em último quase o tempo inteiro, levou um tombaço e nem correu domingo.

No Q2 com a chuva enfraquecendo o bravos que arriscaram os pneus slicks acabaram na primeira fila: A. Marquez, Bezzecchi e Bagnaia. Primeira pole do Marquez Junior na segunda largada com a Ducati. Pergunta se ele tem saudades da Honda…

Quem apostou que o Binder ganharia a Sprint Race saindo da rabeira da 5a fila deve estar agora em uma lancha cercado de sobrinhas, mas foi isso mesmo: deu zebra sul-africana, seguida pelos pilotos da VR46 e um renascido Morbidelli, que chegou em 4°. Não me lembro da última vez em que o ítalo-brasileiro andou na frente do francês na equipe oficial. Foi um boost na autoestima, que se repetiu no domingo.

E como a imprensa vive de polêmicas, alguns jornalistas estão usando o sucesso eventual do Morbidelli para alfinetar o Campeão de 2021, criando uma “crise emocional” para o francês. Acho uma bobagem. Quartararo depende de velocidade em curva e uma pista pouco aderente não o ajudou. No mais, ele levou um chega pra lá do Nakagami na primeira volta da corrida de domingo que o deixou em penúltimo lugar, à frente apenas do Binder, derrubado pelo Viñales. Ninguém foi punido. Na segunda volta o francês estava 5s atrás do companheiro, que correu praticamente sozinho as 25 voltas. Mesmo tendo que ultrapassar 8 pilotos para chegar em 7°, ele chegou apenas 3.5s atrás do 4°, o bem sucedido Franco. Quem correu melhor?

Aliás, a razão desta coluna sair com atraso é devido ao fato de eu precisar passar os olhos pelos vários gráficos que o MotoGP disponibiliza pelo computador e não pelo celular. Um probleminha no meu note atrasou o processo, onde eu queria comprovar uma teoria de conspiração que eu estava criando, mas os números não conspiraram a meu favor.

Explico: achei que o Bagnaia tinha caído no afã de se aproximar do Bezzecchi para que este recebesse a italianíssima mensagem “Alonso is faster than you”. Bobagem… Bagnaia rodava em 46″7, 46″8, enquanto o Bezzecchi rodava como um relógio em 46″4. Teoria furadíssima, a minha.

Bagnaia caiu porque gosta de se complicar, mas não deixou de ser favorito ao título. Bezzecchi comprovou que é um ótimo piloto, dos vários bons pilotos que andam de Ducati. Menos notáveis, ali, o Marini e o Diggia, mas a moto é tão boa que medalhas e troféus estão ao alcance deles.

Boas corridas do Alex Marquez, arrancando um 5° do Bagnaia no sábado e fazendo um 3° no domingo. Ótima corrida do Zarco no domingo, embora ele esteja demorando pra embalar no começo das corridas. Nas Sprint não vai pegar pódio…

As Aprilia não foram bem, fazendo 12°, 14° e 15° com Raul Fernandez à frente do Aleix. As Honda Repsol não entraram na pista no domingo, sobrando pra LCR arrancar um razoável nono com o Rins e um 13° com um errático Nakagami.

Se o Binder fez milagre no sábado, Miller arrancou um Top 6 no domingo, que é mais ou menos o que se pode esperar da KTM em condições normais.

No mais muita dor de cotovelo (da minha parte) pela Argentina ter um GP lá onde o vento faz a curva, em um lugar de logística complicada, e o Brasil não conseguir ter UMA pista homologável. Pra Dorna fazer um Argentina-Brasil-EUA faria sentido financeiro e político. O que nos falta é competência.

Na Moto2 festa pra mim porque o Arbolino venceu bem com o queridinho de todos Pedro Acosta em um apagado 12°. O Top 6 foi completado por Alonso Lopez, Dixon, Canet, o ótimo estreante vice-campeão da Moto3 Sérgio Garcia, e o Binder Jr.

Na Moto3 uma ótima corrida do nosso Diogo Moreira, segundo lugar e segundo pódio do ano, perdendo pro Suzuki, que é um veterano, com o 3° lugar do Andrea Migno, que ficou sem equipe pra 2023, foi a Argentina para substituir um piloto machucado e acabou no parc fermé. Muita festa para o pessoal do rancho do Rossi, que começou com os pódios da Sprint e culminou com a vitória do Marco.

Agora é esperar por Austin.
Até lá!

Pai orgulhoso do João e da Nanda, botafoguense, motociclista e cabalista. 15 anos como CIO e membro do Board de empresas multinacionais, participando no desenho e implantação de processos de logística, marketing, vendas e relacionamento com clientes e canais de vendas, inclusive por dispositivos móveis; Morador em Londres, é Fluente em Inglês e Espanhol, com conhecimentos avançados (leitura) e intermediário de Francês e Italiano; Possui cidadanias brasileira e francesa.

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