A corrida das cascas de banana

Há vitórias e vitórias. Por mais que o Viñales esteja batendo no peito, fazendo gestos para os críticos se calarem, jogando a equipe “debaixo do ônibus” ao atribuir a eles a escolha do pneu duro na corrida anterior, ele só ganhou porque o Bagnaia caiu. Ponto. Ele estava tentando diminuir a diferença, mas daí a chegar e ultrapassar seria totalmente diferente. A Yamaha não corre bem atrás de outra moto, haja visto o quanto o Quartararo sofreu para ultrapassar um Pol Esparagaró completamente descalço.

E por quê o Bagnaia caiu? Cascas de banana. Segundo ele, não encontraram nenhuma diferença em inclinação, velocidade, pressão no freio, posição das suspensões. Segundo Pecco, ele passou sobre algo que estava na pista. Estranho? Talvez, mas o Miller saiu da corrida porque uma sobreviseira de plástico do Quartararo foi sugada e entupiu a entrada de ar do motor. Rossi, Binder e Lecuona também caíram de bobeira. Quartararo disse que não recebeu o warning avisando-o que ele já tinha excedido o limite de pista 3 vezes. Alex Marquez fazia uma boa corrida até que o excesso de vibração da RC213V fez com que o airbag do macacão inflasse, prejudicando as últimas voltas. Enfim, foi uma corrida digna do Super Mario.

De qualquer maneira, tivemos o 6º vencedor em 7 corridas e a Yamaha carimbou a vitória nas pistas que a favoreciam. Barcelona me parece uma pista mais neutra, Le Mans outra pista Yamaha, mas a rodada dupla de Aragon deverá favorecer as V4. Não há como prever quem será o campeão, mas é preciso destacar que o Mir fez 69 pontos nas últimas 4 corridas e a primeira vitória dele está pronta para acontecer.

Incrivelmente o Dovi continua na liderança do campeonato, mas perdeu toda a gordura que tinha. O décimo colocado no campeonato, Pol, está a 27 pontos da liderança, com 175 pontos em jogo (Marc Marquez deve estar se coçando pra entrar na brincadeira). E a Ducati não me parece interessada em ajudar ao Dovi a melhorar seu entrosamento com a moto 2020 e acabou se colocando em uma posição em que os dois pilotos da equipe oficial estão se arrastando enquanto as motos da Pramac fazem o seu brilhareco. Ainda assim, fiquei penalizado quando o Bagnaia caiu: o garoto está merecendo melhor sorte.

A Honda só teve duas motos na disputa, porque até o substituto se machucou. Depois da tríplice coroa do ano passado, que zica!!! Uma coisa que gostei foi a ponderação das declarações do Alex, que chegou em um bom sétimo, mas ele mesmo fez questão de dizer que não era um resultado legítimo, dado ao número de quedas de motos a sua frente. Considerou um top10, com esperança de melhoria em Barcelona, uma pista que ele gosta e na qual assisti in loco uma rara corrida de Moto 3 no seco em que o líder chegou com grande vantagem (a vitória dele em 2014). Ele também venceu na Moto2 em 2017, portanto é a hora de mostrar progresso. Um belo momento deste GP foi a homenagem que o Takaaki Nakagami prestou ao falecido Shoya Tomizawa após o bom 6º lugar que obteve. E essas P6 e P7 foram os melhores resultados do ano da Honda. Triste.



Uma pena o Morbidelli ter passado a semana com um mal estar intestinal que o debilitou muito. E ainda foi posto pra fora da pista pelo Aleix Espargaró logo na primeira volta, portanto a nona posição foi muito comemorada pela equipe. Espero que ele fique bem até 6ª. Miguel Oliveira conseguiu um bom 5º (graças às quedas) mas precisa largar mais à frente. Em um grid tão apertado, largar no bolo significa perder 3 a 6 segundos para o líder logo na primeira volta, fora os décimos de segundo perdidos a cada batalha por posição. Está cada vez mais importante largar bem das duas primeiras filas para disputar um lugar no pódio. E o Mir é a exceção que confirma a regra.

Na MOTO2 uma tremenda confusão com um chove não molha que interrompeu a corrida e depois ainda adiou a segunda largada. Na frente, os usuais suspeitos: Bastianini, a dupla da VR46, Bezzecchi e Marini, e Sam Lowes. Jorge Martin continua afastado por COVID. La Bestia venceu e Marini ficou de fora do pódio, embolando o campeonato.

A MOTO3 teve a vitória redentora do Fenati, com direito a Max Biaggi no pódio recebendo o troféu pela Sterilgarda Max racing team. Foi a primeira vitória da Husqvarna (uma KTM-B) e a 12º do Romano, que se tornou o piloto com mais vitórias na categoria. Ai Ogura subiu mais uma vez ao pódio e está a apenas 2 pontos do Albert Arenas, 4º colocado na prova (119 a 117).

A Moto-E teve duas corridas neste fim-de-semana e o Granado me fez chutar a parede aqui de casa. Cuidou para não repetir o erro da superpole que o fez largar em último na semana passada. Largando em 4º, com o melhor ritmo de todos, tinha tudo pra chegar bem, em 1º ou 2º. Só que largou mal, caiu pra 6º, se afobou, e estragou a sua corrida e a do seu ex-companheiro de equipe ao cair na curva 4, em uma ultrapassagem mal calculada. Nem sei como o Xavier Simeon não meteu uns cascudos nele. Resultado: ambos largaram lá de trás na corrida de domingo. E ele chegou em um bom sétimo lugar, passando meio grid. É de chorar… tinha tudo pra fazer dois pódios e conseguiu um DNF e um 7º que se somaram ao triste 10º da semana passada pelo vacilo na superpole. Este ano não vai ter Valencia, que é o quintal dele. Bye, bye, campeonato.

Até semana que vem
André Bertrand

Pai orgulhoso do João e da Nanda, botafoguense, motociclista e cabalista. 15 anos como CIO e membro do Board de empresas multinacionais, participando no desenho e implantação de processos de logística, marketing, vendas e relacionamento com clientes e canais de vendas, inclusive por dispositivos móveis; Morador em Londres, é Fluente em Inglês e Espanhol, com conhecimentos avançados (leitura) e intermediário de Francês e Italiano; Possui cidadanias brasileira e francesa.

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