Uma Semana de Luto

Reza a lenda que Elvis Presley costumava atirar na TV sempre que assistia a algo de que não gostava. Por isso tinha dezenas de novas TVs estocadas na garagem. Era a coisa a ser feita no sábado passado, quando o Eric Granado estragou uma bela corrida em Misano, caindo na última curva da última volta, quando podia ter chegado em 2º, se colocado no Campeonato apenas um ponto atrás do Dominique Aegerter, que largaria em 4º no domingo enquanto ele largaria em 2º.

Eric Granado me deprimiu. Não foi surpresa para os locutores oficiais do site MotoGP.com, que sempre elogiam o brasileiro como um piloto muito rápido, mas que erra muito e parece não ter cabeça para ser campeão. Um campeonato não se ganha apenas no punho direito.

Foi o terceiro campeonato de MotoE e o Eric é favorito desde a primeira prova teste, que ganhou. A quantidade de vacilos nesses três anos prejudica imensamente a carreira do Granado. Cair na liderança, largar em último por ter exagerado na volta única da superpole, fazer corridas de recuperação e jogar tudo por terra na última volta, desligar acidentalmente a moto no grid… Tudo isso vai sendo anotado pelos chefes de equipe, que o admiram pela velocidade e estilo, mas questionam o seu discernimento.

A prova de domingo também terminou em acidente, mas um acidente que fazia sentido. Aegerter, que deixou de disputar uma etapa do WorldSSP, que lidera, para tentar ser campeão da MotoE, vinha em 2º atrás do Jordi Torres. Era a ÚLTIMA prova do campeonato e chegar em segundo não levaria a nada. Aliás, nem chegar em 1º com o Torres em 2º lhe daria o título. Ele partiu pro tudo ou nada, ultrapassou o Torres todo atravessado, o que levou à queda do espanhol, e ganhou a prova e, supostamente, o título, que comemorou na volta da vitória e no parc fermé.

Os comissários ficaram com uma batata quente nas mãos. Puni-lo em 3 segundos não resolveria. Puseram as calculadoras para funcionar e inventaram uma punição de 38 segundo (em tese, o equivalente a um ride-through) e deram o bicampeonato ao Jordi Torres, que chorava no paddock.

Chorava porque também não é lá muito inteligente, já que quase perdeu o controle na Curvone na penúltima volta defendendo uma liderança que não precisava para ser campeão: bastava deixar o Aegerter passar e segui-lo até a linha de chegada.

Dois acidentes na última volta: um totalmente desnecessário, já que haveria outra prova no dia seguinte, outro que era o último recurso e que valia a pena arriscar.

Enfim, é duro torcer muito por um sujeito que reconhecidamente tem talento, mas o desperdiça sistematicamente. O pior adversário do Eric Granado é… o Eric Granado.

Fiquei deprimido, fiquei de luto, mas passou. Amanhã escreverei sobre as outras provas de Misano e os testes de 3ª e 4a, que acompanhei pelo MotoGP.

EM TEMPO

Quando estava enviando este texto para o Mario fiquei sabendo do triste falecimento em Jerez do jovem Dean Berta Viñales que fazia uma boa temporada de estreia no WorldSSP300. Há coisas muito piores do que perder um título mundial. Que ele descanse em paz e que sua família e amigos sejam devidamente amparados.

Pai orgulhoso do João e da Nanda, botafoguense, motociclista e cabalista. 15 anos como CIO e membro do Board de empresas multinacionais, participando no desenho e implantação de processos de logística, marketing, vendas e relacionamento com clientes e canais de vendas, inclusive por dispositivos móveis; Morador em Londres, é Fluente em Inglês e Espanhol, com conhecimentos avançados (leitura) e intermediário de Francês e Italiano; Possui cidadanias brasileira e francesa.

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