Honda ADV 150

Meus amigos, finalmente consegui um ADV para dar um rolé avaliativo!!

Eu vi o primeiro deles no Salão de Motos de SP em 2019, quando a Honda trouxe um prá gente babar e fazer testes de aceitação do público. Lógicamente foi um sucesso, o bicho é lindo, foi um auê.

Belo design, qualidade de construção, tamanho e outras coisas, tinha cara de um produto fora de preço, carésimo, mas não foi o que vimos no seu lançamento. Um preço um tico acima do PCX, por volta dos 18 mil reais. Barato, barato não é… mas o que está barato hoje em dia? Nada. O preço foi por mim considerado justo no esquema de preços que estava sendo praticado naquele momento. E muitos acharam também, porque rolou até um ágio, tamanha foi a procura.

Eu estou a cada dia mais scooterista, uma pena que estou duro, porque senão teria uns 4. Estou com 58 anos e a cada dia  curto mais os rolés tranquilos com garupa. Não que não consiga e que não goste de correr e andar de esportivas. Curto e gosto, mas confesso que é a cada dia mais difícil. Não sei, tenho muito mais receio do mundo, penso sempre que o caminhão pode mudar de pista, não consigo mais andar na velocidade que já andei e fazer as coisas que já fiz.

A Honda costumava mandar motos para o Motozoo® avaliar, mas com a pandemia este costume acabou. Tem séculos que não recebo nada e nem cheirinho desta ADV rolar por aqui. Cheguei a pensar que poderia ser só comigo, mas não tenho visto meus amigos jornalistas recebendo motos também. Vai ver que falaram assim ó: “não conta prô Mário não tá?”, kkkkkk.  O fato é que não rolando moto da Honda prá avaliar, tive que esperar que um amigo leitor disponibilizasse uma prá mim.

E finalmente pintou, Roger é um scooterista por minha culpa, eu o coloquei nesta cachaça. Começou com um Aprilia SR50 Valentino Rossi Replica lindão que foi meu, depois passou por um Beverly 250 e já tinha uma Vespa LXV e uma Primavera. Mesmo com este “quiver” italiano de raça, quando ele viu a ADV, pirou!

O bicho tem qualidades, muitas, mas o design é o seu ponto forte. Vamos começar por aí. O ADV 150 é muito bonito. Tem uma proporção de gordinho na frente e atrás, é grandinho para um 150, mas muito esportivo e harmonioso. Tem um monte de recortes nas suas carenagens, que dão um ar de moderno, arrojado, brigão e poderoso. O farol dianteiro é bacana e ilumina bem, a lanterna traseira idem. Tudo no estilo Honda de fazer carenagens… bem encaixado, sem parafusos a mostra, sem fazer barulhos, qualidade de pintura excelente. O guidão cônico e seu suporte dão um ar motocross no bicho. O banco é altinho, se sentar encostando o bumbum na divisão dele, eu fico na ponta do pé, mas dá para sentar mais prá frente um pouco. O banco é muito confortável e grande.

O design do parabrisa é muito bacana, a traquitana que faz levantar o acrílico é bem feita. Uma pena que é só enfeite, pois as duas posições são iguais para mim, não fez a menor diferença. Curti também o porta luvas, mas achei que ele tinha que trancar de alguma maneira, e que a sua tomada 12V tinha que ser já USB. Tive que usar um adaptador daqueles de isqueiro de carro para poder carregar o celular. Acho que este conector tipo isqueiro já era.

Da parte mecânica quase não se enxerga, mas a descarga é bonita, bem dimensionada e silenciosa. As rodas são largas, com pneus abiscoitados que convidam para um passeio na terrinha, pois ele é alta para um scooter, dá para encarar umas pedrinhas lights que ela não bate no chão. Bom também para descer uns meio fios.

É lindo, chama a atenção, não parece um 150, tem cara de poderoso e valioso.

Ela é keyless, basta estar com a chave no bolso e isso é muito, muito bom. Não é novidade, mas como não tenho nada keyless, fico curtinho a parada. É ótimo não ter que ficar catando chave. Subir e descer dele as vezes ficou complicado prá mim. Ele tem aquele túnel no meio, onde está a tampa de combustível, e algumas vezes ficou difícil passar a perna por ali, kkkk, prá sair, a mesma coisa, como ele é altinho, tive dificuldade em passar a perna por cima do banco. Mas isso é coisa que os jovens nem vão sentir.

Ele liga macio, o sistema de partida dele é diferente e muito mais evoluído. Não é aquele sistema de motor de partida bendix, cremalheira e etc… por conta do sistema de desligamento e ligamento automático, o sistema de partida é diferente e melhor, liga instantaneamente e não faz barulho de partida. Toda moto devia mudar imediatamente para este sistema. Motor de arranque é do século passado.

O sistema de desligamento automático é bacana, no início irrita um pouco (basta desligar ele, é moleza), mas depois que vc se acostuma é mais uma curtição você parar no sinal no maior silêncio, sem contribuir para a poluição e o barulho do mundo.

E ele sai com disposição! O guidão dá ótimo manejo e o conforto ficou muito melhor depois que eu abaixei a calibragem dos pneus para 28 libras. Estavam com 32 e pulando que nem um cabrito. Os amortecedores traseiros com cara de bravos não tem regulagem e o jeito que pensei em melhorar foi este, passando a tarefa para os pneus. Funcionou! Com 28 ele ficou menos pula pula.

É muito bom de curva. Parece que a sua frente grande é pesada (não sei se é), mas o fato é que ele é muito equilibrado de peso, não liga para os pneus biscoitos e deita que é uma maravilha. Não tem nenhuma preguiça para curvar, não se sente o peso do motor, não tem lado preferido, é muito divertido de deitar nas curvas.

Os freios são bons. Não são super fortes, mas estão na vibe do ADV, atendem bem. Sou do tempo de que um freio para funcionar no offroad não poderia ser super forte para não derrapar. Não são freios de se elogiar, mas cumprem o seu papel, o feedback não é dos melhores, é apenas um 150cc e um freio melhor certamente custaria muito mais caro.

Deixei para falar do motor por último, porque achei o desempenho fraco. Ele sai muito bem, mas não mantém a progressão e demora a ganhar velocidade. E não corre muito. O Roger acelera pouco suas motos, talvez estivesse um pouco preso, mas o máximo que consegui dar foi 105 km/h. E demorou a encher. Acho pouco, ele tem tamanho, estrutura e cara de que poderia dar pelo menos uns 120 km/h.

Mas aí é que está… ele anda muito bem, só não anda muito. Existem motos que andam muito, mas andam mal. Não é o caso do ADV. Ele não corre mas anda muito macio, silencioso, seguro e composto. Para andar a 80 km/h é uma delícia, mas viajar, fazer uma ultrapassagem na estrada, requererá paciência e experiência. Dá vontade de botar um veneno no motor, deve ser fácil soltar um pouco ele. Vi na internet uns tunados dando até 140 km/h. Outra coisa boa é que o rendimento não muda muito com garupa, parece até que ele anda a mesma coisa.

Não bebe nada! Eu que não sou econômico na tocada, devolvi o bruto com média de 45.9 km/l, um absurdo. O tanque não é grande mas neste consumo aí, passa dos 300 quilômetros de autonomia mole mole.

Adorei o ADV. Muito civilizado, muito útil, muito bonito, muito bom. Reclamo apenas da falta de trinco no porta-luvas, que podia vir com uma tomada USB também para o garupa, que falta um lampejador para o farol alto (não sou buzinador), sou lampejador! Ah, e quando solta o guidão dele, ele tem facilidade de sacudir o guidão, não pode soltar o guidão.

Agora vou testar a Vespa Primavera! Obrigado Roger.

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestas em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo®, www.motozoo.com.br, onde escreve sobre motociclismo. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

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