MotoGP Le Mans 2021

E acabei mordendo a língua, a Ducati foi super bem na corrida de Le Mans. Apesar de eu ser ducatista, eu não aguento mais o comportamento de seus diretores. Apesar de gastar uma fortuna e de ter uma moto capaz, a Ducati só conseguiu vencer 1 (UM) campeonato mundial, o primeiro de 800cc, no já longínquo ano de 2007. Mesmo com Casey Stoner no comando, não ganhou mais nenhum. Depois teve ao seu serviço Valentino Rossi, Nick Hayden, Jorge Lorenzo, Andrea Dovizioso… e nada. Perdeu até para a Suzuki ano passado. Eu também sou chato e também não gosto muito do Puig, mas adorei quando ele, provocado, declarou que a Ducati é “muita grana e pouco resultado”. No SBK, antes quintal da Ducati, tá levando pau desde a 1198, 2011. Nenhuma Panigale conseguiu ser campeã do mundo, um vexame. Boto a culpa no trio de Domenicali + Ciabatti + Tardozzi, grupo de marrentos incapazes de formar uma equipe unida, mesmo com toda a competência e dinheiro. Estou quase colocando o Gigi neste grupo.

Aqui vai um exemplo da empáfia dos chefes da Ducati: https://www.bikesportnews.com/news/news-detail/motogp-le-mans-podium-is-minimum-requirement-says-ducati-boss?fbclid=IwAR2dVTxt3yWLEUP4IF5D8mqxfaw628gQ79lH3PcNbt8BYorsLMiP4miEdcc. Pódium é o mínimo, falou Paolo Ciabatti!!! Não é assim que se faz. É pressão o tempo inteiro e isso não faz bem para a equipe. Belíssimo exemplo deu a Suzuki na gestão de Davide Brivio, o oposto completo.

E nos treinos já quase que seus pilotos não atingem “o mínimo”, com Jack Miller pegando um terceiro lugar na última volta. Bagnaia queridinho afundou lá no 16o lugar e Zarco ficou fora do mínimo. Se bem que Ciabatti referia-se aos pilotos de fábrica.

O MotoGP é um grande barato. Chegamos nesta corrida de hoje com uma Ducati liderando o campeonato, cheia de marra após 4 etapas, mas somente porque deu pau no braço do Quartararo. Tivesse Quartararo vencido a etapa de Jerez, como tinha tudo para vencer, a Yamaha teria simplesmente vencido as 4 primeiras provas e estaria rindo na ponta. Não aconteceu, a Ducati venceu e já taí colocando mínimos para seus pilotos.

Hoje tínhamos a previsão de uma corrida complicada por conta do tempo e não deu outra, deu uma corrida complicada que eu detesto. Estão conversando em mudar a data desta corrida de Le Mans, pois os pneus da Michelin não funcionam no asfalto tão frio, teve tombos à Beça nos treinos e corrida e a pista ficou muito perigosa.

Depois de um treino classificatório complicadíssimo onde tivemos até 3 Hondas nos 3 primeiros lugares até o último minuto, na última tentativa de todos elas foram empurradas para trás. Primeira fila com duas Yamahas muito rápidas, Jack Miller fechando a primeira fila.

Na largada deu o previsível, Ducati na ponta na primeira curva, mas de forma mais ou menos imprevisível, Viñales (kkk) largou bem, importunou e tomou a ponta rapidamente. Passar Ducati em curva podemos dizer que é mole. Mas aí o tempo fechou, começou a chover e os pilotos de chuva começaram a aparecer. Quem são os bons de chuva? Marc Marquez, Petrucci, Jack Miller, Rossi… Viñales escorregou para trás e teve aí a loteria da troca de motos no box, com Marc Marquez assumindo a ponta de forma brilhante. Uma corrida mais lenta na chuva era boa para ele, que ainda está com o braço dodói, mas estabacou-se sozinho na liderança. Voltou e estabacou-se de novo quando já estava nos calcanhares do Rossi. Segundo meu amigo Nelson Ricciardi, estava estabanado… não sei se concordo. De todo modo, só Marc faz estas Hondas chegarem na ponta. Ele com um braço e meio já faz mais do que as outras 3 juntas.

Quartararo herdou a ponta mas atrás dele Miller vinha endiabrado, e mesmo pagando 2 voltas longas (na verdade a perda de tempo destas voltas longas foram mínimas) passou pelo francês de passagem. Uma mistura do talento do Jack + uma melhor escolha de pneus + conservadorismo do Quartararo. E foi ficando assim até que Zarco veio tirando quase 2 segundos por volta e papou o conterrâneo também, faltando umas 2 ou 3 voltas. Do jeito que Quartararo comemorou o terceiro lugar no pódium, para ele foi como uma vitória. Talvez porque ele foi operado tem uma semana, talvez porque tenha recuperado a liderança do campeonato.

Mais atrás vimos uma boa corrida de Petrux, Alex Marquez, Nakagami e principalmente Bagnaia, que passou todo mundo e chegou em quarto, minimizando os estragos. Viñales vacilou de novo e só conseguiu chegar na frente do Rossi, o que hoje em dia é moleza. Até Lecuona passou por eles no final, chegando em nono. Rossi de novo fora dos top 10 com uma moto igual a do líder do campeonato. As Aprilias abriram o bico de motor (!) e as Suzukis caíram.

Esta condição de pista escorregadia privilegia as motos que andam no esquema de “botar de pé e mão no fundo”. Suzuki e Yamaha tem o seu forte no miolo das curvas, bem deitadas e não é aconselhável deitar muito no piso escorregadio né? Bom para Ducati e Honda.

No geral, não curti muito a corrida. Muitos tombos, poucas brigas, bagunçada, eu queria que a Ducati mordesse a língua e no final acabei vendo ela fazendo a dobradinha e agora ocupa o segundo, terceiro e quarto lugar no campeonato de pilotos.  Todos na caça da Yamaha e de Quartararo. Se a Ducati não ganhar o campeonato deste ano vai ser uma vergonha, pois com a Honda ainda fora de combate e com a Yamaha contando apenas com Quartararo. Como foi uma vergonha perder o do ano passado para a Suzuki e Mir.

Parabéns Jack Miller, ufa! Cumpriu o mínimo vencendo, botou moral prá cima de Bagnaia e tem tudo para disputar o campeonato deste ano contra a Yamaha. Vai com tudo!!!!!

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestas em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo®, www.motozoo.com.br, onde escreve sobre motociclismo. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

Um comentário em “MotoGP Le Mans 2021”

  1. Eu achei ótimo. Se a Yamaha dispara na ponta agora, a Ducati dá aquela brochada que já vimos em outras ocasiões.
    Bagnaia fez uma excelente corrida de recuperação e ultrapassagens não faltaram. Apenas a TV que papou mosca na maior parte delas.

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