Pecco Perfeito

Há uma semana eu escrevia que descontando apenas 3 pontos por fim de semana não ia dar pro Pecco. Neste fim de semana ele descontou logo 11 e reduziu para 10 a diferença para o Martin, ganhando o 2° “game seguido”. Tem dado sorte o bicampeão, já que ganhou 6 pontos com o tombo do Bastianini em Mandalika e com o tombo do Acosta na sprint de Motegi. Tem dado mole o aspirante ao título, tomando um estabaco quando liderava a sprint de Mandalika e outro na 2a volta rápida do Q2 em Montegi. Largando em 11° já deu uma vantagem enorme para o Bagnaia, mas conseguiu salvar 26 pontos, só perdendo para os 37 do italiano. Marquez fez 23 e La Bestia, 22.

Marquez podia ter feito um 25 a 20, se tivesse vencido a disputa pelo 2° lugar da Sprint com o Enea. Eu acho, apenas a minha opinião, que o Marquez está fazendo um esforço para não se indispor com a cúpula da Ducati LeNovo. Está batendo fofo. Cheio de cuidados para não causar polêmica depois que jogou duro com o Bulega correndo de Panigale na festa bienal da Ducati em Misano. Até vestir vermelho será muito respeitoso. Depois, veremos…

A corrida de Motegi marcou uma involução da GP23. Desde Misano e até Mandalika um novo mapeamento eletrônico tinha melhorado o freio motor das motos do ano passado, para alegria do Marc e, principalmente, do Bezzecchi, que melhorou seu rendimento ao conseguir fazer a moto melhorar a entrada de curva. O estouro do motor do #93 na Indonesia fez com que a Ducati voltasse atrás, decepcionando os pilotos da VR46 e da Gresini. Questionado, o Formiga respondeu que respeitava a decisão do fabricante. Bastante diplomático…

REGRAS E REGRAS

O fim de semana teve três momentos polêmicos que envolveram a direção de prova. O primeiro foi o cancelamento da volta recorde, a primeira abaixo de 1’43”, que daria a pole ao Marc Marquez. Cancelamento correto, mas que “por um erro do sistema” levou 3 minutos para ser anunciado. Esse tipo de cancelamento normalmente ocorre logo após a conclusão da volta. Se tudo tivesse corrido dentro da normalidade, o Formiga teria tentado mais uma volta rápida, depois de esfriar os pneus por uma volta. Somente após o encerramento do treino, quando ele já não poderia fazer nada, a volta sumiu dos computadores, fazendo com que ele largasse com a volta da 1a tentativa, em 9°. O diretor da prova, Mike Webb, se desculpou oficialmente, mas o estrago já estava feito.

O segundo lance foi a aplicação de uma punição ao Alex Marquez por ter estragado a corrida do Mir ao cair na primeira volta. Vai ter que cumprir uma volta longa no GP da Australia. A punição é, na minha opinião, justa. O problema é que o Jack Miller fez muito pior em Mandalika derrubando três: Aleix Espargaró, Luca Marini e o próprio Alex Marquez. E não recebeu nenhuma punição… ou seja, não há a menor objetividade nessas punições: depende do humor do Freddie Spencer no dia da corrida. Por mim, excesso de ambição que derrube um coleguinha tem que ser punido. Zarco derrubou o Nakagami na sprint e tomou uma volta longa. Faz sentido. O que não faz sentido é o sujeito fazer um strike e neguim passar a mão na cabeça.

A terceira ocorrência foi na última volta de domingo, quando tanto Marquez quanto Binder “pisaram no verde” na saída da curva 4. Em tese isso deveria resultar na perda automática de uma posição, mas os fiscais esclareceram que isso só acontece se o piloto que vem atrás estiver a meio segundo ou menos do infrator. Segundo os próprios, esta sempre foi a regra e está documentada. Esse tipo de punição acontece muito na Moto3, onde os pilotos chegam colados uns nos outros, muitas vezes 5 pilotos dentro de meio segundo. Pelo menos agora ficou claro. Bastianini chegou a 0.536 do Marquez e Bezzecchi a 0.869 do Binder.

KTM e APRILIA

As motos austríacas adoram circuitos stop-and-go, com um motorzão que acelera muito e pilotos que freiam pra lá de Deus me livre. Acosta e Binder foram bastante bem, embora o primeiro tenha caído no sábado e no domingo e o segundo tenha tido um problema misterioso na Sprint e tenha perdido rendimento por excesso de desgaste do pneu traseiro na prova longa, perdendo a 5a posição para o Morbidelli nas últimas voltas. Miller deu o seu pocket show no domingo, largando muito bem, ficando ali na frente algumas voltas como um quebra-molas móvel, e definhando para a rabeira do pelotão nas voltas seguintes. Chegou em 10°, a mais de 31 segundos do Pecco, e só 3 décimos à frente do Zarco. La Bestia deu entrevistas extremamente irritado com o australiano, dizendo que só não pode disputar a vitória por causa do tempo que perdeu atrás dele. Menos, né, Enea? Todo mundo que está ali é pra dar o seu melhor e ninguém tem.obrigação de abrir caminho.

Viñales largou em 3°, mas, como sempre, engatou a marcha a ré. Fez um 9° no sábado e caiu correndo atrás do Alex no domingo. A diferenças das entrevistas que ele dá depois de um sucesso ou de um fracasso é gigantesca. Após conseguir um lugar na primeira fila no sábado de manhã ele era todo otimismo, afinal “ele é phoda”. Depois da corrida medíocre a culpa é sempre da moto. “Não desengatou o dispositivo de largada”. Segundo jornalistas presentes, a relações públicas da Aprilia vai feito uma alucinada de um em um dizendo que “não foi problema da moto”. Já ouvi de mais de um comentarista que a KTM não vai aturar essa atitude e que, se ele não mudar, vai perder o emprego antes das férias de verão. Aleix é um piloto aposentado que fará ótimos tempos se a moto estiver perfeita para a pista. Phillip Island é uma pista que favorece a Aprilia, fluida e sem grandes freadas. Ou eles brilham lá ou podem guardar o material. A sorte deles é que as fábricas japonesas estão muito atrás, porque o fôlego deles acabou no quilômetro 30 da maratona. Ja escrevi e repito: se o Martin quiser ser campeão, agora é a hora.

COPA JAPÃO

E Quartararo ficou sem combustível DE NOVO. Desta vez El Diablo se esquentou e soltou fogo pelas ventas. Perdeu o 11° lugar para o Zarco depois da última curva e se a linha de chegada fosse 50 metros mais pra frente teria perdido o 12° pro Nakagami. Assim como a Aprilia, a Yamaha ainda não tem a menor condição de disputar com Ducati e KTM em pistas stop-and-go. Veremos como irão na Australia.

Para júbilo do Mario o Luca Marini fez DOIS PONTOS no Japão. Chegou à frente do Raul Fernandez o que diz muito sobre esse último. E ele é o único piloto com algum conhecimento da moto italiana que estará com eles no ano que vem. Zarco continua sendo a melhor Honda e quase foi direto ao Q2. O francês está mais animado com as últimas mudanças mas ainda se queixa que a moto perde
muito desempenho ao longo da corrida. Os japoneses vão ter que trabalhar muito no inverno…

UM PEQUENO RESUMO

Na Sprint as TOP 7 foram Ducatis. Bez foi o 10°.
Na Corrida as TOP 5 foram Ducatis, que colocou 7 motos no TOP 8. Alex Marquez caiu.
Semana que vem vou publicar um estudo interessante sobre o assunto. Não percam.

A Moto2 foi bastante animada por causa da chuva que causou uma bandeira vermelha na primeira volta da primeira largada. Passado um tempo, os pilotos alinharam para uma prova reduzida e apenas 7 pilotos escolheram os pneus slick. Dentre eles, o líder do campeonato Ai Ogura. Os comentaristas do MotoGP ficaram loucos, achando um absurdo “ele arriscar”. Não aprenderam nada com Misano… “copiem os locais”! Ao fim da volta de apresentação um dos pilotos da Gresini, Albert Arenas, arregou e entrou no boxe para colocar os pneus de chuva. Teve que largar depois de todos. Seu companheiro de equipe, Manu Gonzalez, manteve os slicks e ganhou pela primeira vez no Mundial. Ogura, sem arriscar, chegou em 2° e abriu 60 pontos. Pode ser até campeão na Australia se abrir mais 15 pontos, mas basta correr com cabeça que subirá para a TrackHouse com o título no bolso.

Na Moto3 temos o campeão com grande antecipação: David Alonso é um gênio que certamente chegará à MotoGP após ser campeão da Moto2. Todo mundo adora o garoto no paddock. Só tem uma coisa que me incomoda. Ele nasceu e cresceu na Espanha, que é, como a Italia, uma grande celeiro de pilotos. Nunca morou na Colombia. Chama-lo de campeão colombiano ou latino americano não é lá muito justo com quem batalha muito nos países da America do Sul para um dia voar pra longe de casa e da família para conseguir batalhar um espaço no meio. Campeões latino-americanos são o Johnny Cecotto e o Carlos Lavado, ambos da Venezuela. E só.

Agora é down under.
Uma semaninha para respirar e depois mais três seguidas. Embora as corridas sejam frias, o campeonato esquentou.
Até lá!

Pai orgulhoso do João e da Nanda, botafoguense, motociclista e cabalista. 15 anos como CIO e membro do Board de empresas multinacionais, participando no desenho e implantação de processos de logística, marketing, vendas e relacionamento com clientes e canais de vendas, inclusive por dispositivos móveis; Morador em Londres, é Fluente em Inglês e Espanhol, com conhecimentos avançados (leitura) e intermediário de Francês e Italiano; Possui cidadanias brasileira e francesa.

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