Bestial!

Bastianini meteu 37 pontos no bolso em Silverstone e renasceu no campeonato. Um dos comentaristas do MotoGP disse no sábado que nem Bagnaia nem Martin parecem querer ser o campeão de 2024, pois é um entregando o ouro pro outro. Depois da queda do espanhol na Alemanha, o italiano zerou mais uma Sprint, a 5a do ano. Há mais 10 corridas pela frente, 370 pontos em jogo, e só há uma certeza: a GP24 é a melhor das motos. Portanto, quem estiver em cima de uma pode ser campeão. Menos o Morbidelli, que deve ter mais um ano para se encontrar com a GP24, nas cores da VR46 em 2025.

Aleix Espargaró, que acaba de completar 35 anos, mostrou que a Aprilia tem muito potencial em pistas fluidas. Bateu o recorde da pista na pole e na corrida, mas o conjunto não trata os pneus com a mesma delicadeza que a Ducati e não deu pra ele nas corridas. No sábado, beneficiado pelos tombos de Bagnaia e Marquez ainda levou uma medalha de bronze. No domingo teve que se contentar com o premio de única não Ducati entre os Top8. Aliás a Ducati colocou suas 8 motos no Top10: Acosta foi o outro “intruso”, em nono.

Binder e Acosta trocaram fogo amigo no sábado, mas ainda acabaram em 4° e 5°. Raul Fernandez derrubou o Oliveira na 1a volta no domingo, acabando com a possibilidade da Trackhouse marcar algum ponto em uma pista que tinha uma Aprilia disputando. Uma, porque Viñales não disse a que veio: um 8° no sábado e um 13° a 27 segundos no domingo. Simon Crafar diz que a Aprilia é extremamente paciente com os altos e baixos do Maverick, mas que a KTM não será: os austríacos são muito exigentes e o espanhol vai ter que melhorar a consistência.

Binder teve uma pane incomum no domingo com a embreagem dando problema no momento da largada. Houve também outra versão para o problema, pois, segundo ele os mecânicos fazem uma programação especial na volta de apresentação para gastar o mínimo de combustível e aparentemente não baixaram o mapa de corrida. Acho estranha esta versão pois ele deveria ter percebido algo de errado na volta de aquecimento e ter ido direto para os boxes, mas deixo abaixo as palavras dele:
“They put a map in to use no fuel on the sighting lap. They come round to the grid and they should put the race map back in.” Enfim, a KTM me parece meio perdida em 2024. Começaram bem, com dois segundos lugares no Qatar, e depois navegaram nos ombros do Acosta. Não demora e serão ultrapassados pelo Diggia no campeonato.

Aliás, Diggia, que quase ficou desempregado em 2024, acertou a Mega de Ano Novo e vai rodar de GP25 pela VR46 ano que vem. Bastianini estava se queixando sobre a Ducati ter perdido ele e Martin, mas o fato é que tanto um quanto o outro teriam prioridade sobre essa GP25. Bastianini também poderia ter ido para a Aprilia, mas deixou seu empresário resolver e… não me parece muito convencido que acabou na melhor moto possível. A última vez que vi algo parecido foi quando o empresário do Zarco assinou com a KTM, quando havia também uma proposta da Repsol. Deu no que deu.

Sobre a corrida em si, houve uma bela disputa entre Diggia e Alex Marquez e… só. Martin passou Bagnaia em um erro do italiano. Bastianini passou Bagnaia e Martin em erros dos adversários. Marquez passou Aleix em um erro do segundo. Silverstone maltrata os pneus e todo mundo acabou com o pneu dianteiro bem deteriorado. Quem poupou mais no começo, Bastianini, chegou mais inteiro no final. Ele fez 59s1 na antepenúltima volta e o recorde do Aleix é 58s9. Martin até saiu da frente… pelo menos não caiu e chegou aparentemente feliz, homenageando o Angel Nieto, mas fica aquela frustraçãozinha de ter entregado fácil. É líder do campeonato e vai pra Áustria menos traumatizado do que foi pras férias, mas La Bestia eatá chegando para bagunçar o duelo Bagnaia×Martin.

Estive em Silverstone sábado e domingo e graças a boas amizades tive acesso ao paddock, ao lounge da Ducati sobre os boxes e ao British Racing Drivers’ Club. Tudo muito lindo etc e tal, mas perde-se muito das corridas, que só pude curtir nos detalhes ao assistir em casa, no replay. Este ano pelo menos melhoraram o acesso à rede de dados e 90% do tempo eu conseguia acompanhar pelo live timing o que estava acontecendo do outro lado da pista. No mais é aquele lance de acompanhar aquela sequencia de curvas e fazer pequenas torcidas para que um piloto alcance outro. Como o Zarco, que alcançou e passou o Marini. Marini tinha herdado um ponto na Alemanha porque pilotos à frente dele foram punidos pela pressão do pneu dianteiro. Ironicamente ele perdeu o ponto que conseguiu domingo na pista pelo mesmo motivo. Mir abandonou e o francês é agora a Honda mais bem colocada no campeonato: tem 14 pontos contra 241 do Martin…

As Yamahas passaram desapercebidas, embora, na minha opinião, tenham sido as mais felizes na escolha da livery retrô para homenagear os 75 anos de MotoGP. Essas liveries especiais fizeram tanto sucesso e geraram tanto tráfego nas redes que já se cogita repetir o evento anualmente, variando a pista. Assen, a Catedral, é candidata.

O público presente ficou aquém do esperado: muito menor que na Espanha, França e Italia. Esta é uma época de férias aqui no Reino Unido e os organizadores já definiram que a corrida de 2025 será no final de maio.

Houve também a troca da ordem das corridas de MotoGP e Moto2. Pelo menos 20% do público foi embora antes da largada que tinha o Diogo Moreira na 1a fila, mas os ingleses que ficaram foram premiados com a primeira vitória de um piloto inglês no GP local desde que Danny Kent venceu a Moto3 em 2015. Jake Dixon passou Canet na curva 1 da última volta, bem à nossa frente: a torcida foi à loucura. Foi isso que faltou no MotoGP.

Agora Áustria, casa da KTM, playground da Ducati. Qual das três GP24 vai vencer?

Até lá!

Pai orgulhoso do João e da Nanda, botafoguense, motociclista e cabalista. 15 anos como CIO e membro do Board de empresas multinacionais, participando no desenho e implantação de processos de logística, marketing, vendas e relacionamento com clientes e canais de vendas, inclusive por dispositivos móveis; Morador em Londres, é Fluente em Inglês e Espanhol, com conhecimentos avançados (leitura) e intermediário de Francês e Italiano; Possui cidadanias brasileira e francesa.

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