Eu comecei a acompanhar os campeonatos mundiais de motos em 1980, no terceiro título do Kenny Roberts. Depois os italianos Lucchinelli e Uncini brilharam com as Suzukis e surgiram mais dois americanos, Freddie Spencer e Eddie Lawson, que se alternavam com o Roberts nas disputas pelos campeonatos das 500cc. Wayne Gardner, pai do Remy, faturou o título de 87, mas outros dois americanos, Wayne Rainey e Kevin Schwantz ainda dominariam o cenário, até que o Mick Doohan, aquele que, ao meu ver, foi o melhor de todos, papou 5 títulos seguidos, o último deles em 1998, quando Rossi, campeão das 125cc no ano anterior, estreava nas 250cc.
Digo que Doohan foi o melhor, e reafirmo isso, mas Rossi foi o maior. Maior porque é um gênio do marketing. Rossi promoveu o campeonato com suas ideias e seu carisma. Deu identidade aos pilotos, que passaram a faturar com seus números e apelidos em camisetas, bonés, adesivos e qualquer coisa que pudesse ser vendida. Escolheu o amarelo, uma cor solar, que passou a ocupar as arquibancadas em todo o mundo. E fez suas mágicas: a ultrapassagem sobre o Lorenzo na última curva de Montmeló em 2009 é um momento antológico da história do MotoGP. Rossi também faz um trabalho magnífico na formação de jovens pilotos italianos, e cada vitória do Morbidelli, do Bagnaia, Bezzecchi e demais membros da VR46 Academy é também um pouco do Rossi. Como torcedor, acho que ele deveria ter parado antes, pois vê-lo andando nas últimas posições me dava uma certa tristeza, mas a festa de despedida foi bonita e merecida, porque mesmo quem não entende nada de MotoGP sabe quem é Valentino Rossi e esse “título” ninguém tirará dele.
Quanto à corrida em si, fiquei tão abobado quanto o Mir. As Suzukis estavam rodando muito rápido e de forma consistente no warm-up. Largaram até bem, mas as Ducatis estão muito melhores do que eram há um ano e não desgastam tanto os pneus. Pela primeira vez na história, só havia Ducatis no parc fermé, o que valoriza o título do Quartararo. Olhei aqui na minha bola de cristal e prevejo Jorge Martin na Ducati oficial em 2023, e Bastianini na Pramac. Miller e Zarco precisam mostrar muito serviço em 2022, principalmente o francês, que já tem 31 anos. Não o vejo no MotoGP em 2023.
No mais, é preciso benzer o box da Repsol Honda… pela primeira vez desde 92 não se viram as cores da Repsol no grid, após o tombaço sofrido pelo Pol Espargaró nos treinos. De certa forma isso também compromete o desenvolvimento da moto para o ano que vem, dado que Márquez está encostado e o Pol não estará 100% para os testes desta semana em Jerez.
REMY GARDNER LEVA O TÍTULO PARA A AUSTRALIA
Esse negócio de “jogar pro empate” é muito perigoso… o australiano chegou em 10º, cozinhando a corrida sem se arriscar, enquanto o Raul Fernandez conseguia sua oitava vitória no ano de estreia na categoria. Some a isso 3 segundos lugares e 1 terceiro e ele teve 12 pódios em 18 corridas. Caiu 3 vezes, no entanto, e perdeu o título por 4 pontos. Houve uma época em que a F1 descartava os 3 piores resultados da temporada, para não premiar pilotos regulares, e sim, os que mais arriscavam. Às vezes eu penso que a Dorna deveria pensar nessa possibilidade…
Na Moto3, tudo já decidido, o Foggia estragou a festa do Pedro Acosta, derrubando o espanhol em uma ultrapassagem meio forçada. Acabou estragando o próprio resultado e nos privando de um duelo até a bandeirada. Decepcionante.
Acabou, mas já recomeça. Os engenheiros vão ter muito trabalho neste inverno e tenho certeza que o campeonato do ano que vem será muito disputado.
Até lá!