Quem diria que depois de 41 anos eu iria andar em um dos meus sonhos de moto? Pois é, aconteceu. A R100RS é um sonho de moto. Para muitos, a primeira Superbike do mundo. Antes dela moto carenada era só de pista, as motos de rua, mesmo tendo motores potentes, não tinham carenagens grandes, envolventes. Quando muito, uma pequena, tipo Café Racer.
A BMW R100RS arrebentou com a sua carenagem aerodinâmica, prontinha para correr nas Autobahns alemãs com o venerável boxer de 2 cilindros, os seus respeitáveis 70 Hps em 5 marchas, cavalinhos estes que se apresentam cedo.
Curti o modelo 1977, em uma viagem de uns 200 kms, do colecionador Bernardo Britto. Bernardo é o meu modelo de colecionador, tem bom gosto, não é muito ciumento com as motos (pelo menos comigo) e o mais importante, mantém todas as suas motos em condições de rodar e ama rodar com elas. Sou crítico de acumuladores de motos que as encostam em galpões e não as usam de jeito nenhum. Certamente não dá para usar todas, mas algumas tem que rodar. Gosto de moto andando, elas foram feitas para se olhar em movimento.
A moto está ZERO, com apenas 17 mil quilômetros rodados (oops! 17 mil milhas), o que é nada para ela. A aparência incrível e o funcionamento idem. Ao subir na moto recebi o aviso – “cuidado como pouco jogo da direção”. Rá! Nada demais, a Monster tem metade deste jogo. A moto é magrinha, os semiguidões juntinhos e depois de se acostumar um pouco, leve. Os comandos são meio malucos, fora do padrão atual, e a moto liga dando aquela balançada clássica dos boxers BMW mais antigos. Faz clunk quando engata a primeira e sai com bastante torque. A embreagem não é levinha, mas é competente. Sobe de velocidade sem precisar girar muito e quando você olha, já está merecendo uma multa, ainda mais que o painel deste modelo está em milhas. Ela desenvolve sem fazer barulho e sem girar muito, vai longe nas estradas. O painel completo, com voltímetro e relógio de horas, um luxo para a época. Ferramentas completas que incluem até uma bomba de ar manual.
Em uma história incrível, este modelo chegou a ser fabricado no Brasil por uns alemães doidos, com o nome de BMC. Não vou contar a história, melhor vocês lerem clicando aqui ó – https://motite.blogs.sapo.pt/19713.html. Leiam também os comentários, onde os fabricantes contestam o texto do Tite, dizendo que a fabricação nacional era muito mais do que ele falou.
Ao chegarem as curvas tudo continuou bem, ela se mostrou equilibrada de chassi, mas as suspensões merecem um acerto melhor. A dianteira está com um retorno muito rápido e nas esburacadas estradas daqui não convém forçar uma jóia destas e encontrar um buracão no meio da curva. Subi a serra rápido e me divertindo, lembrando que os pneus também não são os chicletes que estamos acostumados hoje em dia. Os freios são “de época”, ou seja, uma bosta. Não é culpa da BMW ou desta moto, é que os freios evoluíram muito mais do que os motores de 1977 para cá. Hoje um freio de moto 1000cc pára um Boeing 737 rindo. O freio desta R100RS é igual ao de uma Harley Sportster, hahahaha, um desacelerador dianteiro. O traseiro, a tambor, eficiente.
Fui e voltei amando o rolé, o som do motor é lindo, a posição de pilotagem muito boa para mim, excelente equilíbrio para uma clássica e uma sensação boa de que não vai quebrar nunca.
Obrigado Bernardo por mais esta alegria, bora continuar nesta balada.
No vídeo deste link eu postei a subida da serra de Petrópolis, eu na BMW gravando e o Bernardo em sua CBX 1050. Apesar dela não aparecer, dá para curtir o som do motor da BMW – https://youtu.be/k3CBsl_grM4
Abraços
Mário Barreto
Linda moto