Jogo de Equipe

É a discussão do momento, com algumas supostas “sumidades” do jornalismo motociclístico brasileiro criticando o Enea Bastianini por ter “roubado 5 pontos do Bagnaia”.

Pra começar, La Bestia conquistou os pontos na pista: não roubou nada de ninguém. É um campeão e corre como um campeão, além do que há ainda 125 pontos em disputa e ele ainda tem chances matemáticas de conquistar o campeonato ou o vice. Sou capaz de aceitar jogo de equipe e até de fábrica quando o piloto prejudicado não tem chance nenhuma, como aconteceu em 2018 na Malásia, quando pediram que o Lorenzo usasse o “mapping 8” e Dovi ganhou e foi pra Valência tendo que vencer a prova e torcer pro Márquez chegar abaixo de 14o. Era uma chance ínfima e roubou uma vitória do espanhol, mas… vá lá.

Cada vitória no MotoGP tem um peso enorme na carreira de um piloto, pois é assim que são classificados no ranking, portanto é muito diferente trocar um 2o por um 3o, ou um 3o por um 4o, do que abrir mão de uma vitória. Não só para o piloto, mas também para a equipe.

Parabéns ao Bastianini e à Gresini: são raras as equipes independentes com 4 vitórias.

A PRIMEIRA VOLTA DOS INFERNOS

Foi muito triste perdermos o Quartararo antes da curva 4. Lin Jarvis assistiu ao acidente várias vezes, de todos os ângulos, e não teve jeito: admitiu que foi um acidente de corrida, assim como o Quartararo. Não faltaram palpiteiros para dizer que o Marc Márquez foi com muita sede ao pote, que forçou muito na largada (lembrando que o Binder foi de 10o pra 2o). O acidente começou a acontecer quando Aleix e Bastianini, 3o e 4o, se tocaram entre as curvas 3 e 4. MM perdeu ligeiramente a traseira ao reagir ao que estava acontecendo, Quartararo vinha muito próximo e acelerando na saída da curva 3 e encheu a traseira da Honda. Pedaços da carenagem da Yamaha ficaram presas na moto 93 e quando o Formiga acionou o mecanismo que baixa a traseira entre as curvas 7 e 8 a roda traseira travou, a moto foi jogada pra esquerda e derrubou o Nakagami, que fraturou dois dedos justo antes da corrida do Japão. Ruim pros três pilotos, pior pro francês, que tinha moto e ritmo pra chegar ali no bolo de Aleix, Binder e Miller. Agora o francês terá um novo desafio em Motegi até chegar às provas da Tailândia e Austrália onde terá oportunidade de disputar a ponta.

As Aprilias tiveram alguma dificuldade para encontrar o ritmo na 6a e no sábado pela manhã, mas Aleix conseguiu se recuperar no sábado à tarde e passou bem pelo Q1, conseguindo um ótimo 4o lugar no Q2. Viñales sofreu com as bandeiras amarelas no final do FP3 e do Q1, que prejudicaram vários outros pilotos. Saindo em 16o desanimou para a corrida: chegou em 13o com 3 caindo à frente dele, portanto ficou no 0 a 0.

As Suzukis correram desfalcadas do Mir, que também não correrá no Japão, por causa do tombo na Áustria. É por isso que não se pode prejudicar nenhum piloto com chance matemática: um tombo e o sujeito pode ficar fora de 3 ou 4 provas, principalmente agora que elas estão concentradas em poucas semanas. Rins se classificou em 9o e chegou em 9o, mas foi uma das vítimas da primeira volta, pois ao desviar do Quartararo acabou caindo pro fundo do pelotão. Ainda assim por várias voltas foi um dos 3 mais rápidos na pista e se a corrida tivesse mais uma volta poderia ter sido 7o.

Os dois primeiros correram em uma liga à parte. Seis segundos depois chegaram Aleix, Binder e Miller. Pena do Binder, que perdeu o pódio na penúltima volta. Decepção com o Miller, que me pareceu pouco combativo. Doze segundos depois dos líderes chegou o terceiro pelotão, com Martin, Marini, Zarco e Rins. Martin está correndo menos do que fala, mas o Zarco continua muito respeitador. Passou os primeiros 2/3 da prova atrás do companheiro com evidente mais ritmo, mas está muito hesitante. Marini correu bem: nas três últimas provas foi melhor do que o Bezzecchi, que estava deixando ele mal na fita. Ficou um pouco chateado de perder o privilégio, já que continuará com o modelo 2022 no ano que vem. Somente a LeNovo e a Pramac terão os modelos 2023. VR46 e Gresini correrão com as GP22.

Miguel Oliveira fez bons tempos em alguns treinos, largou e chegou em 11o, à frente de um Alex Marquez com a mão direita machucada. Crutchlow foi 14o, 10 segundos à frente do Morbidelli, 17o. A coisa está feia para o ítalo-brasileiro.

Houve tombos também na Moto2 e na Moto3. Augusto Fernandez fez um 3o e ampliou a vantagem na liderança. Pedro Acosta venceu bem, com o tradicional segundo colocado: Aaron Canet. Na Moto3 Izan Guevara venceu e abriu muita vantagem, já que Sérgio Garcia e Dennis Foggia foram mal. Diogo Moreira salvou um pontinho mesmo tendo que pagar uma volta longa. O garoto está aprendendo.

A boa notícia é que sexta-feira começa tudo de novo. Há previsão de tempestades na região de Motegi hoje e amanhã. Na sexta e no sábado há 50% de chance de chuva. Veremos.

Até lá.

Pai orgulhoso do João e da Nanda, botafoguense, motociclista e cabalista. 15 anos como CIO e membro do Board de empresas multinacionais, participando no desenho e implantação de processos de logística, marketing, vendas e relacionamento com clientes e canais de vendas, inclusive por dispositivos móveis; Morador em Londres, é Fluente em Inglês e Espanhol, com conhecimentos avançados (leitura) e intermediário de Francês e Italiano; Possui cidadanias brasileira e francesa.

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