Marc vence com raiva em Misano!

É meus amigos, uma corrida emocional de Marc Marquez em Misano Adriático (acho este nome lindo). Venceu com raiva, venceu na marra, venceu na ostentação. Ostentou o que?  A moto não dá para ostentar, esta Honda RCV é uma das piores motos no grid. Ela  não é boa, tem um motorzão excelente e uma equipe maravilhosa. Depois de tantos títulos e temporadas seguidas, a parte do Marc no HRC funciona como um relógio que nem o Puig consegue estragar. Outros dirão que Puig faz melhorar, sei não, tenho implicância com ele.

Marc Marquez venceu ostentando um talento excepcional, e que não pára de crescer a cada corrida. As outras equipes estão colocando motos muito mais estáveis e boas de curva na pista. Jorge Lorenzo (um grande campeão), Cal Crutchlow e Nakagami se arrebentam com a RCV e Marc tá lá… sempre em posição de disputa. É muito impressionante.

Foto HRC

Em Misano novamente, só ele andou com esta moto. E vinha para a pole position quando teve o problema com o Rossi na última volta lançada. Muito se falou deste episódio, faz parte do jogo, é para dar audiência, mas achei tudo normal. Marc deu mole, ou não teve jeito, e partiu para a última volta kamikaze quase enfiado na rabeta do Rossi. Vimos que as Yamaha estavam todas andando bem, Rossi também em última volta kamikaze. Marc se colocou em posição de forçar como um louco em uma das curvas, errou, desconcentrou-se, fez linhas esquisitas na frente do Rossi que estava também buscando tempo e que não tinha obrigação nenhuma de sair da frente. Na pista o incidente foi normal. Fora da pista os dois fizeram crescer o incidente com entrevistas provocantes. Pior para o Rossi, porque Marc veio babando para a prova. Muito por isso, mas também porque perdeu 2 provas seguidas na última curva da última volta, estava mordido. Sem o Rossi na frente, que fique claro, Marc seria o pole. As Yamahas estavam bem, mas Marc é excepcional.

Viñales é excelente, mas Quartararo tem uma velocidade que espanta pela naturalidade com que aparece. Ele flui com a moto, ele está levando a Yamaha para áreas de limite, e isso está fazendo muito bem para a moto. É assim que as motos de corrida crescem e se desenvolvem, no limite. Sendo sua moto um tico pior, isso fica ainda mais válido, pois ele tem que esticar a corda da moto ainda mais, muito mais do que Rossi e Viñales tem sido capazes de fazer. O resultado é que todas as Yamahas estão melhorando.  Depois de Marc, o cara mais quente, mais potencial, a melhor aposta do circo, é sem dúvidas para mim, El Diablo.

Dois Bruxos

Mick Doohan uma vez explicou que ele só subia na moto para dar tudo, pois é a única maneira válida de usar estes foguetes. Ele dava tudo para vencer corridas e nos treinos a mesma coisa. Se a equipe não o convencesse com dados e objetivos concretos, mensuráveis, ele não subia na moto. Dizia que para isso existem os pilotos de teste. Na sua época cada volta na pista custava 10 mil dólares e o risco de vida. Mas sem isso, a moto não evolui e campeonatos não são ganhos.

Hoje Fabio Quartararo deu mais uma prova disso, pois foi consistente, focado, preciso, natural, a prova inteirinha. Aguentou as pressões e táticas do Marc até o final. Não foi à toa que Marc teve uma reação tão emocional e raivosa no parc fermé, ele teve que tirar da cartola esta vitória. Primeiro na passada agressiva na pequena reta, e depois na defesa difícil e inteligente na última curva. É impensável que Marc pudesse levar 3 derrotas seguidas iguais, deixando portinha aberta por dentro… É a defesa que sempre funciona… linha de dentro totalmente ocupada na hora certa, não há como passar. Mas para fechar assim, tem que fazer mais devagar mesmo, senão espalha. Quartararo é filhote ainda, rookie e merece parabéns por ter tentado, por ter se mantido de pé na moto, por tudo o que tem feito. E não pode reclamar de nada, até as pedrinhas do circuito sabiam que tudo iria para esta última curva.

Foto Getty

Meu grande amigo e leitor André Bertrand, também um excelente articulista, mas preguiçoso para escrever, acaba de me mandar mensagem dizendo que Marc elogiando o Quartararo é para alfinetar o Rossi. Não acho não, Rossi é carta fora do baralho esportivo. Marc elogia porque hoje ele enfrentou um cara que fez ele suar e crescer como piloto.

Fora do baralho esportivo, mas para os fans ele é uma instituição. Que coisa linda o filme de divulgação do Rossi em sua cidade…muito emocional, muito bem feito. Sensacional.

E o que dizer das Ducatis correndo em casa? Ali em Misano o Pirro tem tantas voltas que daria para ir ao Sol e voltar 5 vezes. Qual a explicação para a Ducati, que ano passado fez pole com o grande campeão Lorenzo, nem aparecer hoje na corrida? A Ducati que começou o ano vencendo no mesmo dia o MotoGP e o WSBK, o ano que todos pensavam que seria o ano da Ducati, tranformou-se em pesadelo. Eu acho que um ciclo está acabando, tem que mudar gente, pilotos, direção. Como disse Puig, ácido, muito dinheiro para pouco resultado. Inconstantes. Andar deste jeito em Misano, é imperdoável.

Digno de nota o avanço da KTM, o continuado sofrimento de Zarco e Lorenzo, a inutilidade de Ianonne, a invisibilidade de meio grid.  É a próxima fronteira do espetáculo, arrumar um jeito de tornar o resto da corrida e os outros pilotos, atraente para o público.

Parabéns, de novo, ao HRC e ao fenômeno Marc Marquez, não tem prá ninguém.

Abraços e semana que vem tem mais.
Mário Barreto

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestras em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo®, www.motozoo.com.br, onde escreve sobre motociclismo. É Mestre em Artes e Design pela PUC-Rio. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

2 comentários em “Marc vence com raiva em Misano!”

  1. Apenas reiterando que o incidente do Q2 tem detalhes importantes.
    1) Marquez não saiu dos boxes atrás do Rossi: saiu sozinho e encontrou o Rossi andando devagar na reta oposta. Só não quis ficar na frente dele
    2) na volta rápida ambos vinham bem, Rossi com PB e Marc 3 décimos abaixo do tempo do Viñales
    3) Rossi saiu totalmente na pista na curva 6, botando as duas rodas na área verde, veio a reta oposta e ele fez a 8, a 9 e a 10 mais devagar, já comprometendo a volta do Marquez que teve que ultrapassa-lo, foi na área verde, perdeu a volta
    4) na 14 o Rossi fez um traçado impossível de contornar a curva e bloqueou o Marquez: a galera de amarelo vibrou

    A vitória foi no melhor estilo “aqui mando eu” e a torcida amarela teve que se contentar em vaiar o 93 porque o Rossi não vai ao pódio há algum tempo. Aliás, me chamou a atenção na volta a caminho do grid o fato das “arquibancadas Rossi” não estarem lotadas. Tinha 60%, no máximo 70% de ocupação.

    No fim, quatro Yamahas no Top5, com Morbidelli chegando em sexto a 0,114s do Doctor, o que me pareceu mais uma questão de respeito e solidariedade do que falta de velocidade.

    No mais, a destacar a vitória do Tatsuki Suzuki pela SIC58 no circuito Marco Simoncelli, o quê levou o Paolo à loucura, e o roubo absurdo que foi a vitória do Augusto Fernandez, tirando da Speed Up uma vitória merecida. Na última volta o piloto da Flexbox HP40 foi lá na área verde na 12 e passou o ótimo Fábio Di Giannantonio na porrada na 14. Não consigo entender como não deram uma punição ao espanhol.

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