Amigos do Motozoo,
Estivemos hoje presentes em uma reunião no INEA – Instituto Estadual do Ambiente – para uma reunião onde foi apresentado o Relatório de Impacto Ambiental e uma defesa da prefeitura demonstrando a conexão entre os planos de desenvolvimento estratégico para a região mais pobre e carente da cidade e o autódromo.
Ali, para os lados do Chapadão e redondezas… o bicho pega. E com força. São os piores índices econômicos e sociais. Em sua fala, a Prefeitura defendeu como fundamental a construção do autódromo naquela região, como uma ação que irá vitalizar os bairros ao seu redor. Mostrou também os grandes investimentos viários que já foram iniciados e estão em andamento, como as Transolímpica e a Transbrasil. A proximidade dos aeroportos e mais um grande número de vantagens locacionais.
Logo após falou o representante da empresa responsável pela elaboração do RIA, que demonstrou através de gráficos, desenhos e planilhas, um elaborado estudo comparativo entre as alternativas possíveis e estudadas. Conclui-se técnicamente, segundo o estudo apresentado, que a área de Deodoro é a mais adequada. E a reunião seguiu, mas infelizmente, após mais de 3 horas acompanhando as apresentações, tive que sair antes do fim. Esta reunião não deliberou sobre os resultados e não foi a audiência pública, foi apenas a apresentação do relatório. Uma reunião que devia ter sido técnica, em uma pequena sala, pública também.
Os opositores do projeto estão muito ativos, o que está gerando uma reação de igual tamanho dos apoiadores do projeto. O resultado é que ficou grande a audiência e de uma pequena sala, tivemos que todos ir para um auditório, onde oposição e apoio ficaram bem divididos.
Convoquei a galera para ir e alguns atenderam, João Mendes, Paulo Garrido, Claudio Pereira, formamos um pequeno grupo. Cheguei bem mais cedo e fiquei no saguão com olhos e ouvidos bem abertos observando as pessoas e os assuntos que ficaram rolando… E depois, vendo a dinâmica da apresentação, foi crescendo dentro de mim um sentimento de pena do empreendedor.
É um negócio que será bem sucedido, mas a Rio Motorsports comerá o pão que o diabo amassou para levar até o fim. Já deve estar comendo.
A quantidade de obstáculos legais e técnicos que podem ser colocados na frente de um projeto desta magnitude beira o insuportável. São tantos os regimentos, leis, conselhos, atas, prazos, repiques, recursos que podem e são levantados por quem quer prejudicar o andamento de qualquer coisa. Orientados e apoiados por profissionais especializados então, é um embate de titãs.
Logo na entrada começaram a chegar presidentes de tudo o que você pode imaginar (hahaha, eu mesmo sou Presidente do ForzaRio), de ONG’s, de Institutos, de Defensores do Verde Claro (e do Escuro tb), formando seus grupinhos e politicando. Politicando para aparecer, tentando se possível tornarem-se peças de auxílio ou obstáculo e de alguma maneira obter relevância no processo. O que querem fazer com esta relevância depois eu não consigo estimar.
Este monte de autoridades exigiam assistir a reunião. Um funcionário do INEA explicava calmamente e incansávelmente que não caberiam todos mas os mais combativos, os contrários ao empreendimento, falavam mais alto, que a reunião era pública. Não posso descrever as pessoas, era um grupo relativamente pequeno, isso fica comigo. Mas é feio de ver esta politicagem e escutar os papos. Ameaças de processo ao Prefeito, e juras de que o autódromo não sei de jeito nenhum!
Na hora marcada chegou o Deputado Caiado e coincidência ou prestígio, liberaram o auditório e todos subiram.
Logo de cara, o representante do CREA, sentado ao lado de um senhor com um boné vermelho da CUT, do lado esquerdo do auditório, interrompeu apresentações pedindo para retirar da pauta a apresentação do projeto. Leu um monte de regimentos para embasar o seu pedido, foi refutado pelo presidente da reunião que leu mais um monte de regimentos e foi seguido pelos conselheiros. Em resumo, o Sr. do CREA não apresentou motivos razoáveis para embasar o seu pedido, dizendo vagamente que queria mais tempo ainda para então apresentar os estudos do CREA, lá para depois do carnaval. Também voltou na tecla de projeto viciado, acusando o projeto de vícios. Foi anotado em ata e eu anoto aqui… este senhor irá tentar atrasar tudo de todas as formas possíveis. Hoje atrasou uns 15 minutos sob os olhares incrédulos e furiosos dos que estavam do lado direito do auditório.
Outro, desde a recepção sem tirar o sorriso do rosto (lembrou-me o Spartcus de LazyTown, mas mais magro) cumprimentava todos, tentando subir sem autorização e dizendo aos amigos que “não é contra o empreendimento” mas que ele e seu grupo estão dispostos a conversar sobre alternativas. Como provavelmente ele não tem terrenos de 170 hectares na região, a idéia parece ser a de que ele e seu grupo irão atrapalhar ao máximo, usando todas as brechas legais até que sejam ouvidos. O Sr. com boné da CUT estava neste grupo.
Foi uma experiência e tanto. É muito salamaleque, é muita organização, é muita preocupação, são muitos os ritos e muita perda de tempo. Dá pena de quem quer fazer as coisas seguindo as leis ao pé da letra. Incrível que para o mal, para as construções irregulares, para a favelização, para a precarização, para o crime, nada disso é necessário e certamente é por isso que prosperam e crescem bem rapidinho.
A tal da Floresta do Camboatá, por exemplo, pelo o que pesquisei não existe. É um terreno do exército e a proposição de transformá-la em uma floresta não prosperou. Técnicamente não existe e na prática é um matão cercado de áreas faveladas que o empreendimento quer ajudar a melhorar. Sai o exército e o empreedimento é abandonado, toda a região será transformada em mais favela, sem RIMA, sem prazos, sem INEA, sem nada. Disso eu tenho a certeza.
Gostei de ter ido, de ter encontrado com o Deputado Caiado, com os meus amigos, de ter assistido uma reunião de um tipo que nunca vi antes. Uma pena que não pude ficar até o final. Aprendi, fiquei mais cascudo, fique mais sábio. Admiro ainda mais a coragem dos empreendedores e desejo que eles ganhem muito mesmo, para compensar a aporrinhação que o todo processo deu, dá e dará.
Mário Barreto