Depois de meses de espera com pouquíssima informação os motores voltaram a roncar em Losail. Houve um período muito curto de testes pré-temporada em que se pode ver que a Ducati melhorou a aerodinâmica, a Yamaha melhorou ainda mais o chassi da moto, a Honda continua sem referências, já que o Marc só deve voltar em Portimão, Crutchlow foi pra Yamaha (onde está fazendo diferença, segundo o Viñales), Pol está chegando agora e os outros não me parecem ser bons desenvolvedores. Suzuki fez uma sintonia fina que parece ter melhorado um pouco o potencial de fazer uma volta rápida, a nova Aprilia me pareceu bem-nascida, e a KTM foi a única que andou pra trás, mas há que considerar que não houve corrida no Qatar ano passado, portando não havia muitos dados para o acerto.
A corrida foi boa e bem disputada. Viñales queimou minha língua e fez a melhor corrida dele pela Yamaha. Perdeu posições na largada para as Ducatis que estavam atrás dele, mas soube esperar o momento certo pra se livrar do Quartararo, e foi comendo as Ducatis no miolo. Bagnaia fez um temporal para conseguir a pole, mas tanto no FP4 quanto no warm-up a melhor Ducati já era a do Zarco. Rossi conseguiu uma ótima posição de largada graças ao vácuo do Bagnaia, mas desapareceu na corrida, acabando em um melancólico 12º lugar. Morbidelli foi muito bem na sexta-feira, mas algo aconteceu com a sua moto no domingo. Já na largada caiu para as últimas posições e chegou 23s atrás do líder. Só não foi pior do que o Lorenzo Savadori, com a 2ª Aprilia. Não sei se é a velha maldição da 2ª moto da marca, que já enterrou Lowes, Redding e Iannone, ou se o garoto não dá pra coisa. Tomou mais de 40s do companheiro de equipe, além de uma surra dos rookies ducatisti. Falando neles, Bastianini honrou seu título na Moto 2 e fez um ótimo 10º na estreia, com uma moto do ano passado. Jorge Martin se empolgou na largada, chegou a andar em 3º, mas comeu o pneu traseiro, perdendo posições até acabar em 15º. Miller foi outro que não soube administrar o consumo de pneus e acabou em 9º, a 6s de Zarco e Bagnaia. As Suzukis fizeram o de sempre: vieram de trás e estavam com mais borracha nas últimas voltas. Primeiro foi o Rins que chegou cheio de apetite, mas ele deu o bote cedo demais e cozinhou o pneu traseiro. Mir pilotou como o campeão que é e só cometeu um erro, na freada da última curva na última volta, que lhe custou o pódio. Pol Espargaró fez um aplaudido xoxo 9º lugar. A Honda Repsol não corre pra comemorar esse tipo de resultado, principalmente depois de ter chegado dois anos consecutivos em 2º a centésimos da vitória. O Lucio Cecchinello, coitado, continua vendo suas motos no chão: é prejuízo em cima de prejuízo. Faltou falar do Aleix, que levou a Aprilia ao 8º lugar. Não foi ruim, mas também não foi bom. Pelo menos foi bem melhor do que os 13º e 14º da KTM, mas elas devem vir melhores neste segundo round, agora com mais dados no sistema.
Na Moto 2 ganhou o favorito, Sam Lowes, que dominou todos os treinos menos o Q2. Andando na frente os prováveis competidores pelo título: Lowes, Gardner, Fabio Di Giannantonio, que conseguiu um pódio fantástico na última volta para homenagear o recém-falecido Fausto Gresini, Bezzechi, Ral Fernandez e Joe Roberts. Celestino Vietti teve uma estreia apagada na Sky e o multicampeão americano Cameron Beaubier foi só um pouquinho melhor na American Racing. É uma categoria que tem muitos bons pilotos e nem todos podem brilhar ao mesmo tempo. Os veteranos Luthi, Schrotter, Navarro, Manzi e Bulega não apareceram, assim como vários estreantes, ou semi-estreantes, como Canet, Dalla Porta, Ogura, Arenas e Arbolino. Entre o 10º e o 18º foram apenas 2.4s: ninguém pode dar mole.
A Moto 3 perdeu muitos bons pilotos que subiram para a categoria intermediária, mas já deu palco para um estreante que chegou fazendo um 2º lugar a 0.042s do companheiro de equipe. Pedro Acosta vai disputar esse título, assim como o Jaume Masia, o Darryn Binder e o Sergio Garcia. Sempre naquela base de cotoveladas e pixotadas que derrubam os coleguinhas, que caracterizam a Moto 3. São provas muito divertidas, com 6 ou 7 pilotos chegando lado a lado no fim da reta, mas para saber o resultado basta assistir a última volta. Ao longo da corrida, pilotos que largaram para lá de vigésimo aparecem na ponta… é uma doideira. Do 1º ao 14º também apenas 2.4s. Piscou, perdeu.
p.s.: Morbidelli ficou MUITO p da vida e já mandou um recado torto pra Yamaha, dizendo que ele não é prioridade pra marca e que não sabe se resolverão o problema misterioso que o impediu de disputar dignamente. Achei um pouco cedo pra essa canelada.
Obrigado André pela volta aos comentários. É isso aí, concordo com tudo! Vamos que vamos que semana que vem tem mais.