E o pau comeu na abertura do WSBK na Austrália. Eu tinha um compromisso, botei para gravar, mas o programa de controle da NET é uma bosta, o horário de verão atrapalhou ele, e acabei gravando um campeonato de judô, que eu adoro… mas eu queria ver as corridas!
Este ano o campeonato tem muitas novidades. Entre os pilotos rolou o maior troca troca e o regulamento deu uma segurada nas motocas. Isso de segurar as motos eu acho uma boa, a idéia do WSBK é usar motos homologadas, que inclusive tem que ser fabricadas em número mínimo e serem vendidas ao público. Já é uma meia roubalheira, porque eles fazem este número mínimo de motos em um preço altíssimo, só para o juiz ver. Mas mesmo assim as fábricas sapecavam incontáveis peças especiais, ao meu ver desvirtuando o espírito do WSBK, passando a usar motos especiais e caríssimas. Agora o regulamento regula tudo, até o preço máximo das suspensões, por exemplo. A dianteira inteira tem que custar no máximo 10 mil dólares, e o amortecedor traseiro, no máximo 6.5 mil dólares.
As fábricas se apresentaram para 2015 da seguinte maneira:
A campeã Aprilia tem uma moto super desenvolvida, mas que já está chegando ao fim. A RSV4 está aí faz tempo e continua sendo atual, a moto a ser batida, mas fala-se que ano que vem tem um motor/moto 100% novos. A RSV4 foi desenhada e desenvolvida pelo Gigi Dall’Igna, que hoje está no comando da Ducati. Inicialmente a Aprilia disse que iria deixar o WSBK para se dedicar ao MotoGP e inclusive levou o seu astro para lá, Marco Melandri. Para o WSBK ela perdeu o campeão Guintoli, que foi para a Honda, e apostou no Jordi Torres, que veio do Moto2. E contratou Leon Haslan. Virou um problema porque o Melandri não queria ir para o MotoGP andar lá atrás, preferia brigar no WSBK, onde as Aprilias andam na ponta. Leon Haslan achou a moto ótima e imediatamente começou ganhando corridas. E o novato Torres também já chegou barbarizando, só precisa de mais experiência, mas tem velocidade para andar na ponta. As motos da Red Devil Aprilia (que são cinza… vá entender) estão lindas e a equipe conta com apoio oficial da fábrica, que voltou atrás. Só assim, como eu disse no post anterior, as RSV4 são motos sofisticadíssimas e exigem um dinheirão para andar na ponta, só com apoio de fábrica mesmo.
Clique nas fotos para vê-las ampliadas.
A Ducati também vem de novo piloto, nova 1199R (com motor baseado na Superleggera, só que ainda mais desenvolvido e bravo). Chaz Davies é rápido e Davide Giugliano também, só que já levou um estabacão e vai ficar fora algumas etapas. A Ducati está sob super pressão, é a moto que mandava na categoria e tem sido surrada impiedosamente nas pistas desde que o Checa se aposentou e a Panigale apareceu. A moto é rápida, revolucionária com sua tecnologia frameless, mas tem fama de quebrar pilotos, difícil de acertar e não mantém o alto nível dos pneus durante toda a corrida. Sem contar que é caríssima de manter no nível de tunning das concorrentes. A Ducati é outra, que para andar na ponta, tem que ter apoio de fábrica.
A Kawa, campeão em 2013, tem também uma moto fabulosa. A ZX10R é potente, relativamente fácil de tunnar e relativamente barata. Especialmente se comparada a Aprilia, Ducati e BMW. Tom Sykes é um piloto muito bom, talvez até em minha opinião menos talentoso do que JRea ou Haslam (vi o pai de Haslam andando em Goiânia de Elf, sou velho né?), mas é trabalhador prá caramba, perseverante, rápido e consistente. E Jonathan Rea é incrivelmente rápido e talentoso. Osso duro.
A Pata Honda, na verdade o Ten Kate, mesmo com o apoio do HRC Europa, ainda tem que usar a velha Fireblade, que mesmo desenvolvida e brilhando aqui e ali, não está no mesmo nível do trio de equipes anterior. Estão todos esperando a nova Honda de SBK V4, que foi mostrada mas ainda não é fabricada e vendida. Está com Sylvain Guintoli, o atual campeão e um moleque de 19 anos, Michael Vd Mark, rápido como um foguete, campeão europeu de SuperStock.
A Suzuki tem mais ou menos o mesmo perfil da Honda. As GSX-R são motos tão boas que ainda conseguem chegar na superpole, porém não tem o compromisso ($$$) das motos que estão andando na ponta. A Suzuki precisa urgente de uma Gixxer nova, mas seu time de pilotos é incrível, com Alex Lowes e Randy de Puniet. Sem falar que o chefe de equipe é o experiente Paul Denning.
MV Agusta F4 RR oficial, andou bem e não é surpresa, o Leon Camier é um super piloto e a Mv Agusta F4 RC é uma jóia. Linda moto e com potencial no mínimo igual as Hondas e Suzuki’s. Este motor também está nos seus últimos dias e já se especula que a F4 2016 virá com novo motor.
A Yamaha, mesmo com moto nova, não se apresentou para o WSBK deste ano. Só para 2016 embora este ano espera-se que ela apareça como convidada em algumas provas com sua equipe do BSB. A BMW também largou oficialmente, mas tem bons pilotos andando de BMW, como Badovini e Sylvain Barrier, é segundo pelotão.
E para completar o grid temos a equipe EBR Hero, a moto do Erik Buell, pilotada pelo experiente Niccolò Canepa e Larry Pegram, mas apesar de ser uma moto impressionante, tem muito que gramar ainda, e gastar dinheiro, para se aproximar da ponta.
E a corrida? Bem, dizem que foi um pau só, com o trio esperado na ponta, Kawa, Aprilia e Ducati. Mesmo não ganhando, o melhor foi para a Ducati, que conseguiu 2 pódiums em terceiro e andou perto, coisa que não conseguiu ano passado. Dividindo as vitórias a Kawa do Rea e a Aprilia do Haslam (o esperado), as duas vitórias por milésimos. E eles foram companheiros de equipe, são amigos, foi uma corrida muito bacana de ver, como sempre são as corridas de WSBK.
Os pilotos de WSBK são incríveis, pois se acostumam a andar em motos imperfeitas. O piloto formado no MotoGP tem o trabalho de fazer motos perfeitas, a equipe espera isso e ele trabalha para consertar a moto. Se algo não vai bem, eles primeiro vão atrás de consertar a moto e o piloto somente parte para se adaptar a moto depois, como alternativa. São protótipos, estão lá para isso. Tem dinheiro prá isso também.
Já o piloto de WSBK não tem esta moleza, as motos são muito reguláveis, mas não são protótipos e os pilotos tem que se conformar em andar em motos imperfeitas, tirando no braço mesmo. No início do ano então, elas rebolam pacas e só sentam no chão do meio da temporada prá frente.
Vou ver a corrida e comento aqui.
Abraços
Mário Barreto