Meus camaradas, a corrida de hoje nem foi, para mim, das mais animadas. Marc Marquez venceu de ponta a ponta e isso não foi surpresa. Ele treinou bem, tinha bom ritmo de corrida e perder a pole position foi um acidente. Segundo meu amigo Andre Bertrand, se Jorge Lorenzo não o atrapalhasse em sua volta voadora, ele fatalmente teria a pole.
Mas foi bom para a História termos um novo recordista. Quartararo tem feito ótimas apresentações, bem como Morbidelli. Foi legal ver esta dobradinha. A Yamaha não é uma moto ruim, ela é diferente de Honda e Ducati, pois não tem uma aceleração matadora. A diferença de velocidade final pode ser creditada na escolha de relação de marchas e de secundária (pinhão e coroa). A Yamaha quando tem pista livre na frente e pode fazer curvas sem ser atrapalhada, é um foguete. Mas se precisar retomar, ela é a pior. O que não sei é se esta suavidade dela é também a que a faz ser a mais fácil de pilotar e a mais rápida de curva… será que se mexer na aceleração ela perde estas características? E as Yamaha oficiais levando couro de satélites nem é novidade. ano passado Zarco fez isso várias vezes. Mas na corrida, o dinheiro, a quantidade de dados e a experiência acabam se sobrepondo e as duas oficiais chegaram na frente delas, até com pódium. Enquanto estavam boas de pneus as Petronas estavam ótimas. Maverick Viñales andando rápido e Rossi veio de trás andando bem. Foi muito boa a corrida do Maverick, segurou com firmeza Dovi no final.
A Suzuki é que está encantada. Rins parece confortável e a moto, além de ser a mais linda do grid, já me parece mais consistente do que a M1. Bela corrida fez Rins hoje, de novo.
As Ducatis também tinham ritmo, mas Dovi, “o cerebral”, as vezes cagão, deu mole na primeira curva ao abrir para o Morbidelli, e ali selou seu destino na prova. Dovizioso precisa ser um pouco mais macho nestas divididas. Foi medroso, se deu mal, fez falta, ele largou muito bem e dava para ser o segundo atrás do Marc Marquez. É o que ele disse, as Ducati estão melhores do que nunca, mas as outras motos também estão melhorando.
Impossível não notar mais um fiasco de Jorge Lorenzo, que largou para trás, não ultrapassou ninguém e só subiu posições com as quedas dos adversários. Uma corrida horrível. Até Bradl andou mais do que ele, é inadimissível. Em entrevista ao site Crash.net, ele diz que está frustrado, que não tem força suficiente para segurar esta moto ainda e que o setup não o favorece. De fato, não fosse Marc Marquez, esta Honda não bota Cal ou Nakagami mais para a frente, mas Lorenzo é um campeão, precisa mostrar muito mais resultado.
Claro que eu poderia escrever um pouco sobre cada um dos outros pilotos que chegaram na sequencia, mas a verdade é que estou com preguiça e cansado. Vou guardar minhas últimas energias para dizer que reparei nos agradecimentos que Marc Marquez fez para sua equipe ao final da prova. E na alegria que ele estava demonstrando. Estas vitórias parecem fáceis, mas não são processuais. Ele cansa, tem que dar duro para vencer e a equipe tem que ajudar muito. A moto hoje estava ótima, não deu problemas, Marc deu tudo e o resultado não poderia ser outro.
Parabéns Marc, parabéns HRC. Que venha a próxima.
Mário Barreto
Perfeito, Mestre!
Só acrescento que o Marquez “casou” com a Honda 2019 quase como em 2014.
A queda dele em Austin foi uma benção para o campeonato porque senão tivesse caído já teria 31 pontos de vantagem na 4a corrida.
Outro fato interessante é que pela primeira vez o Marquez foi o piloto mais velho nas coletivas pós-classificação e pós-corrida. A garotada está chegando com apetite… Bagnaia deixou Rossi de fora do Q2 com uma Ducati do ano passado!
No mais, se eu fosse o Presidente da Yamaha estaria apertando as bolas do Lin Jarvis: equipe oficial tomando pau de equipe satélite não é o que a marca espera. Afinal, a diferença de orçamento é enorme.