Episódio 3 do Lendas do Motocross – Morongo

Ah.. que maravilha assistir este programa. Parabéns aos diretores. Como eu disse antes, eu também tinha um projeto para contar esta história. Não cheguei a escrever os episódios, que continuam dentro da minha cabeça, mas certamente seria contada de forma diferente. Não acho que melhor, porque estão contando muito bem do jeito deles, apenas diferente.

No episódio de hoje, o terceiro, que novamente vi na reprise, o destaque foi o Moronguinho, que eu também disse antes (aqui e aqui) que era o meu preferido dos 3 mosqueteiros.

João Mendes entrevista Moronguinho em Londrina

Como contaram nos episódios anteriores, sobre o Niva e sobre o Beto Boettcher, os estilos eram completamente diferentes. Os três muito talentosos, mas o talento se manifestava de forma diferente. Niva imperou em um período inicial, onde não existiam referências, concorrências, técnicas. O simples fato de ele ser um piloto forte, raçudo e com uma equipamento de fábrica, que ele mereceu sem dúvida, o faziam ganhar.

Beto Boettcher era talentoso com a moto, mais leve, também dedicado e com a referência do Niva, que, desculpem-me os fans, não era tão alta, cavou o seu sucesso. Com sua ida ao mundial melhorou muito tecnicamente, mas ambos já estavam meio cansados quando surgiu o Moronguinho. O motocross é um esporte que consome muito os seus atletas.

Quando Moronguinho apareceu, foi uma novidade total. Do Sul, mais jovem, mais bonito, mais atleta, mas profissional, super focado e rápido. Moronguinho andava para frente, mais do que para o lado ou para o alto, e era muito mais rápido do que o Nivanor Bernardi, Beto Boettcher e Paraguaio. Apareciam os três no pódium mas na pista, Moronguinho em seus dias de glória, chegava bem na frente.

Claro que tinha técnica, mas em épocas sem Youtube, sem transmissões de corridas, sem quase nada, o jeito brasileiro de andar de motocross, o jeito Moronguinho de andar de motocross, estava muito desatualizado frente as técnicas e treinamentos realmente modernos que só vieram para o Brasil quando chegaram o Rodney e o Kenny, e logo depois com as provas do Mundial.

O jeito Moronguinho de andar de motocross era o mais eficiente do Brasil, o mais suave com a moto e ele o mais preparado. Longe.

O que aconteceu para que ele parasse de andar, que o episódio 3 apenas pincelou, talvez até para não causar atritos com coisas tão antigas, eu talvez saiba e vou dividir com vocês.

O que eu acho que aconteceu foi o seguinte… A Shell Yamaha dominava e vencia com Nivanor e Boettcher. Aí chegou o Moronguinho que com a Honda Mobil começou a ganhar, depois com a ajuda do Paraguaio. A Yamaha, depois de três temporadas levando couro, viu que não dava mais com Nivanor e com o Beto. Como o Moronguinho era o campeão e o melhor piloto da Honda, ela foi em cima do segundo piloto da Honda, o Paraguaio. Acertou-se com o Paraguaio, que iria correr de Shell Yamaha, mas a Honda fez uma contra oferta milionária e Paraguaio, segundo piloto longe, apesar de muito bom ele não era o que ele acha que foi, passou a ganhar um salário de jogador de futebol e mais Motorhome… um esquemão MUITO superior ao que Moronguinho sempre teve.

Uma puta injustiça que arrasou o Moronguinho, ele começou a falar disso no programa. Para complicar ainda mais, a Yamaha então, com a ajuda do Luis Augusto e Marcio Campos, teve a idéia de trazer Kenny Keylon jr. e Rodney Smith para correr de Shell Yamaha. Cada um veio ganhando 10 mil dólares e mais um golzinho branco com Yamaha escrito na porta. Muito menos do que o Paraguaio. E ganhavam tudo, foi uma mudança de nível. A Honda, talvez arrependida do que fez com o Paraguaio e sem grana, gastou tudo, deixou o Moronguinho em situação insustentável. Desanimou.

Vimos também Moronguinho dizendo que fazia de tudo para ganhar, mas, embora tenha sido ele o que mais se aproximou do Rodney e Kenny, principalmente no início quando os americanos abriam o bico no calor, ficou claro que seria impossível vencê-los no curto espaço de tempo. A distância era enorme. Mas foi o único da demonstrar que tinha chances de melhorar muito.

Lembro-me de estar ao lado dele em Nova Lima-MG, no Mundial, ele enfiado no buraco de uma das costelas, vendo os gringos encaixando aqueles verdadeiros absurdos que eram as costelas de Nova Lima e sentindo que ele não tinha nem técnica, nem motocicleta, nem equipe e no final, nem motivação para enfrentar aquilo. Depois de vê-lo falar o que ele falou no programa, eu acho que isso o fez parar.

Como curiosidade, o Morongo, irmão do Moronguinho, é o fundador da Mormaii, marca de muito sucesso.

Sensacional!!!!! Aguardando o próximo episódio!!!!

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestas em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo®, www.motozoo.com.br, onde escreve sobre motociclismo. É Mestre em Artes e Design pela PUC-Rio. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

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