Ducati Desert X

E estou tendo a oportunidade de usar uma incrível Ducati Desert X, uma moto que tem muito pedigree para quem é um ducatista. Ela tem uma razão para existir, uma história para contar, e esta, com o motor ainda desmo, ainda é uma Ducati de verdade e não uma Audimoto.

Quando a Cagiva comprou a Ducati em 1985 ela criou as Elefant, que com um motor Ducati das 900SS modificado venceu o prestigioso Rally Paris Dakar nas mãos do piloto italiano Edi Orioli. E ela gerou uma versão de rua, a Lucky Explorer, que de tão linda e boa, deixou saudades. A Ducati pegou daí, deste passado de glória e criou uma Lucky Explorer moderna como moto conceito em um EICMA. O sucesso foi tão grande que virou produto de verdade, só que não pode se chamar Elefant, nem Lucky Explorer, virou Desert X.

Edi Orioli e sua Elefant

É uma Ducati de briga, montada com equipamentos e assessórios de ponta, pronta para brigar com KTMs, Hondas Africa Twin, Yamahas Ténérés da vida, uma moto de enduro profissional. Já escrevi sobre ela aqui, aqui, aqui, aqui, e aqui.

Neste fim de semana estreei a bruta na estrada, mas em uma condição bem particular… com namorada caloura e virgem de moto na estrada, medrosa. Para piorar, pegamos chuva de modo que a velocidade máxima registrada no logger foi de apenas 106 km/h, sem nenhum off-road, o que seria o habitat natural desta bela.

Nem sei se eu tenho mais saúde para pilotar uma Desert X para o que ela nasceu, quase certamente que não, já passei por isso testando as incríveis Honda Africa Twin aqui e aqui. Irei depois tentar explorar melhor as capacidades off-road da moto, sozinho, mas pude testar outras características da moto.

No primeiro contato a moto impressiona, é alta, o tanque enorme, complica o manuseio de um caboclo com 1.74m como eu, que tem que ficar na pontinha dos pés. Mas, uma vez em movimento, a moto transforma-se em uma bailarina. Direção o mesmo tempo leve e precisa, super bem suspensa, freios telepáticos. O motor, apoiado por uma eletrônica moderna, é uma delícia. Os riding modes da Ducati são muito bem feitos, devem ser o resultado de exaustivos testes, porque são muito bons e modificam de maneira muito perceptível o comportamento da moto, algo que não pude dizer, por exemplo, dos riding modes da Honda.

Não que eu sinta a diferença dos níveis de controle de tração, de ABS, de quick shifting ou wheeling, sou piloto do tipo antigo, controlo tudo isso usando meu próprio cérebro e meu punho. Nada destes features avançados tem a oportunidade de entrar em ação na minha pilotagem, acho eu. O que faz realmente muita diferença é o mapeamento de acelerador, agora um joystick, e de motor. A moto em Urban é um docinho de côco, tranquila, não te exige reflexo de lince. Em modo Sport é uma hooligan e vc tem que fingir que é o Edi Orioli em cima da moto. É sensacional.

A viagem foi excepcionalmente tranquila, mesmo com a chuva, mas a moto não é uma touring. O banco ficou duro e nos arrasou. A falta de malas nos obrigou a levar mochila, o que cansou. De muito bom tem a saúde sem fim do motor, em Touring Mode, o maravilhoso piloto automático e a sensação de que você pode ir a qualquer lugar. A moto é muito segura, potente e estável. Mas, para viajar com a namorada, a receita seria a Multistrada, para mim, V2, antiga e desmo. E para a cidade, uma Hypermotard ou um Scrambler, a Desert X é muito grande e profissa para o dia a dia, além de despertar a cobiça dos ladrões. Foi quase um stress passar pela baixada com ela, com a restrição de não poder passar correndo a 200 km/h. Cheguei com a bunda doída pelo banco duro e a namorada quase ex-namorada, destruída. Não é para isso.

Vou ficar ainda mais um tempo com a Desert X e espero ter a oportunidade de fazer um off-road, e aí completo a avaliação. Ela é linda né não?

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestras em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo®, www.motozoo.com.br, onde escreve sobre motociclismo. É Mestre em Artes e Design pela PUC-Rio. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

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