Dá gosto de ver

Depois de longas 5 semanas de férias o circo da motovelocidade voltou à ativa empolgante como nunca. Há que se dar os parabéns para a Dorna, que criou um regulamento em que pelo menos 13 motos têm todas as condições de vencer corridas. A LCR venceu corridas, a Tech 3, a Petronas e a Pramac também. Aí temos 5 fábricas que já venceram e a 6ª, a Aprília, disposta a investir para também ter o seu momento de glória.

Da corrida o Mario já escreveu muito bem na sua coluna. O Martinator é fora de série e tem potencial para ser campeão. Eu o sigo desde a Moto3 e a KTM tem uma enorme dor-de-cotovelo de tê-lo perdido para a Ducati, por isso mesmo tratou de promover o Raul Fernandez, outro piloto de grande potencial, para a Tech3. O único que não ficou feliz com isso foi o próprio piloto, pois a Yamaha estava com uma mala de dinheiro para lhe dar uma M1 2022. Ser promovido para o MotoGP é o sonho de qualquer corredor, mas a equipe oficial da KTM já tem contrato com o Binder até 2024 e está negociando para estender o contrato do Oliveira, que acaba em dezembro de 22. O espanhol previa um futuro melhor na fábrica de Iwata. Só que a KTM usou uma cláusula de prioridade no caso do Raul e o fez tão intempestivamente que deixou o Hervé Poncharal de calça arriada: seus pilotos ficaram sabendo que estavam desempregados pelo twitter. Feio.
Falando neles, o Iker Lecuona foi uma grata surpresa andando muito bem na pista molhada. Já que ele não tem espaço na categoria rainha, se eu fosse o Aki Ajo montaria a equipe de Moto2 com ele e o Pedro Acosta, que voltou a dar show na Moto3. O menino está 53 pontos à frente do também excelente Sergio Garcia e deve ser o campeão de 2021. Por mais novo que seja, não faria sentido mantê-lo nas 250cc.

O fato é que o MotoGP está muito equilibrado e as largadas são 80% do resultado. Na primeira largada de domingo, Bagnaia e Marquez estavam bem colocados, junto com Mir, Quartararo e Viñales. Dada a bandeira vermelha, voltou tudo à estaca zero e na segunda largada Miller, Martin e Zarco foram bem melhores. Bagnaia e Marquez ficaram pra trás na primeira curva e Viñales largou dos boxes e ficou se arrastando na pista. Na entrevista, desceu o malho na equipe sem o menor constrangimento. Parece que está acertado com a Aprilia, mas isso ainda não foi confirmado.

Com motos de desempenho parecido as ultrapassagens estão dependendo de um erro de quem vai à frente ou de uma certa forçada no melhor estilo Moto3. Marquez gramou umas 8 ou 9 voltas atrás do Bagnaia sem conseguir ultrapassá-lo. O mesmo se deu com o Zarco atrás do Miller, embora eu ache que o francês está respeitando demais as motos oficiais. Isso já aconteceu em Barcelona.

As Suzukis melhoraram muito com o holeshot, perdendo muito pouco na aceleração para as Ducatis. Rins atribuiu seu sétimo lugar a um problema no freio dianteiro, que estava esponjoso. As KTM sofreram com os pneus dianteiros, já que mesmo o composto duro não é rígido o suficiente para as suspensões WP. Oliveira saiu da corrida com um pedaço de pneu faltando, mas o Binder, graças a uma boa segunda largada, chegou em um ótimo 4º lugar. Esse foi um que agradeceu pela bandeira vermelha, pois largou muito mal da primeira vez, caindo para 20º.

Outros que aproveitaram muito bem a segunda largada foram os pilotos da LCR. Nakagami e Alex Marquez andaram por muito tempo em 5º e 6º, mas o irmão caçula andou errando umas freadas e perdeu posições para Binder, Rins e Marc, chegando em 9º. Pol Esparagaró foi única Honda a não pontuar e está cada vez mais deprimido nas entrevistas.

Valentino chegou mais de 26s atrás do líder, perdendo quase 1 segundo por volta. Conseguiu um 13º graças aos pilotos que foram punidos por uma volta longa após “pisarem” 5 vezes fora da pista. Precisa melhorar para ter uma despedida digna do fenômeno que ele sempre foi, dentro e fora das pistas. Rossi criou o marketing dos pilotos, que agora têm número próprio, logos, merchandising, e botam muito mais dinheiro no bolso. Dos veteranos, Pedrosa deu show, embora ele tenha dito que foi bastante conservador nas primeiras voltas da segunda largada, apreensivo com o acidente acontecido na primeira. Crutchlow se divertiu. Está com a moto mais lenta da Yamaha e sentiu a falta de ritmo, além de não gostar desse circuito. A expectativa é ir melhor na semana que vem e conseguir um desempenho razoável no GP da Inglaterra.

Um último comentário: parece que foi o pódio mais jovem do MotoGP, sendo Mir, com 23 anos, o mais velho dos 3. A nova geração chegando com força!

A volta longa afetou pilotos do MotoGP e da Moto2. Aliás, é um castigo complicado, com um S apertado que convida o sujeito a errar de novo e ter que repetir. Foi o que aconteceu com o Agura na Moto2, que podia até ter disputado a ponta com o Bezzecchi e acabou em 5º. Os supostamente imbatíveis pilotos do Aki Ajo cometeram erros na prova, saindo da pista e acabando em 4º, o Gardner, e 7º, o Raul. O piloto da VR46 ganhou sua primeira prova do ano e voltou pra disputa, a 9 pontos do vice-líder e a 44 do australiano. Quem teve seu primeiro bom resultado foi o segundo piloto da VR46, Celestino Vietti, chegando em 6º. Esse foi muito bem na Moto3 e aos poucos está se entendendo com a moto da Kalex. Outro que foi muito bem é o maluco Aron Canet, o único chassi Boscoscuro nos Top11 do campeonato. Ano que vem ele também vai de Kalex, já que assinou um contrato de 2 anos com a Pons Racing.

A corrida da Moto3 foi bem diferente do normal, uma vez que a pista estava molhada mas não chovia e alguns pilotos resolveram largar de pneus slick, inclusive o turco que estava na pole, que decidiu depois do tempo e teve que largar dos boxes. O único que teve um certo sucesso nessa estratégia foi o Darryn Binder, que chegou em 6º a 20 segundos do líder. A prova foi uma disputa sensacional entre o Pedro Acosta e o Sergio Garcia, que trocavam voltas mais rápidas a cada passagem. No final, Garcia caiu na penúltima curva da última volta, mas a vantagem que os dois tinham era tão grande que ele remontou e ainda chegou em 2º lugar. Em terceiro, o bom e velho Fenati, o que resultou em um pódio com uma KTM, uma Gas Gas e uma Husqvarna: três marcas do mesmo grupo.

Semana que vem tem mais, com mais dados recolhidos para melhorar o acerto das motos e muita gente com vontade de apagar o mau resultado de ontem. Estou contando as horas!

Pai orgulhoso do João e da Nanda, botafoguense, motociclista e cabalista. 15 anos como CIO e membro do Board de empresas multinacionais, participando no desenho e implantação de processos de logística, marketing, vendas e relacionamento com clientes e canais de vendas, inclusive por dispositivos móveis; Morador em Londres, é Fluente em Inglês e Espanhol, com conhecimentos avançados (leitura) e intermediário de Francês e Italiano; Possui cidadanias brasileira e francesa.

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