Alex Barros é um dos maiores pilotos de MotoGP de todos os tempos.
Fora do Mundial desde 2007, 13 anos, seu prestígio internacional permanece intocado. Conquistou tudo isso com resultados na pista, com seu comportamento fora dela.
Participou de quase tudo o que aconteceu nas corridas em sua fase mais moderna. Só faltou correr contra Roberts Senior, mas correu com Mamola, Wayne Rainey, Eddie Lawson, Mick Doohan, Kevin Schwantz e todos os outros grandes pilotos da Golden Age.
Para vencer sua primeira prova na categoria principal, de Suzuki 500 em 1993, teve que andar mais do que seu companheiro de equipe e campeão do mundo Kevin Schwantz, mais do que o tricampeão Wayne Rainey, mais do que o pentacampeão Mick Doohan, do que o campeão Alex Criville, do que Luca Cadalora, John Kocinsky, entre outros. É muita dureza, tem que ser muito bom para isso.
Como começou muito cedo, seu talento o conectou com a era seguinte onde enfrentou feras incríveis. Por exemplo quando venceu pela primeira vez de MotoGP, uma das maiores alegrias que tive na vida. Acho que nunca gritei tanto em um evento esportivo.
Uma corrida especial por dezenas de motivos, uma corrida para lá de especial. Contextualizando… Valentino Rossi em sua terceira temporada na Honda, foi campeão faltando ainda 4 etapas para o final do campeonato. Um domínio incrível de um campeonato que ainda misturava motos de 2T e 4T. As 1000cc 4T já começaram dominando, nunca perderam sequer uma prova para as 500, com o domínio total da Honda RC211V 5 cilindros. Venceram 14 das 16 provas.
Honda e Valentino Rossi estavam discutindo duro sobre um novo contrato, com a Honda valorizando seu equipamento, e Rossi valorizando-se. Neste ponto importante, a Honda fez o movimento de trazer do Japão uma outra RC211V, que ficava por lá com o piloto de testes, e a entregou nas mãos de Sito Pons e Ramon Forcada. Como Loris Capirossi já tinha assinado com a Ducati para estrear em 2003, a Honda vetou-o para andar com a moto, que ficou na mão de Alex Barros.
Pois bem, em sua primeira corrida com a moto, contra 12 de Rossi, Barros que até então estava de 2T, largou de quinto e venceu a prova. Um feito que quase me matou do coração.
E continuou barbarizando no que foi chamado de mundialito, estas 4 últimas provas, vencendo mais uma em Valencia e marcando mais pontos do que o campeão Valentino Rossi, que só ganhou uma delas, mesmo assim em pega feroz com Alex Barros.
Com isso a Honda achou ter provado que a moto é que dominava, emputeceu Rossi e desencadeou uma sequência de decisões que levaram Barros para a Yamaha, e depois Rossi para a Yamaha e Barros para a Honda, mas isso já seria outra história. O que não faltam são histórias, eu escreveria um livro.
Barros não foi o primeiro brasileiro a vencer no mundial. Este feito é de Adu Celso, as foram outras as condições. Outros brasileiros foram Marco Greco Lagartixa e Antonio Jorge Neto, mas Barros fez muito mais do que todos eles, em uma carreira longa, sem grandes acidentes, sem grandes destruições de moto. Foi recordista de velocidade, de largadas seguidas (cai pouco), de pontos, fez pole positions, venceu 7 grandes prêmios. Nunca teve uma única treta com nada ou ninguém. Ao ir para o WSBK também fez história, ao ser o primeiro piloto de GP a vencer nas duas categorias, com uma vitória em Ímola com um equipamento notavelmente inferior ao de seus adversários, os campeões Troy Bayliss, James Toseland, Troy Corser.
Venceu também a prestigiosa corrida de Suzuka 8h, onde talvez a Honda Castrol com Colin Edwards fosse a equipe principal. Corridassa.
É isso, Alex Barros só enfrentou feras, quase sempre com equipamentos inferiores e mesmo assim venceu-os quando deu e firmou-se como um dos maiores, melhores e mais respeitados pilotos de todos os tempos.
Faz 50 anos em muito bom estado. Bem fisicamente, andando de moto e comentando muito bem na Fox Sports. Garotão, a idade lhe caiu muito bem.
Parabéns Alex Barros.
Mário Barreto