Que dia, meus amigos!
Última corrida do Rossi na Itália, mais um pódio para o Bastianini, primeira vitória do Márquez em um circuito em sentido horário desde Japão 2019, primeira dobradinha da Repsol Honda desde 2017, primeiro pódio do Pol na Honda, o primeiro francês campeão Mundial do MotoGP, primeiro título da Yamaha desde 2015, viradas e reviradas nos campeonatos da Moto 3 e da Moto 2. Foi para ficar sentado na ponta da poltrona, esperando o inesperado acontecer a cada curva.
O título do Quartararo é muito mais robusto e merecido do que o título do Mir, que ganhou um campeonato muito estranho, com apenas uma vitória e nenhuma largada na primeira fila: foi um título da regularidade e economia de pneus. Já El Diablo levou o título com 5 vitórias, 2 segundos e 3 terceiros, 5 poles e outras 9 largadas na primeira fila. É um campeão digno do título.
Essa prova foi decidida no grid, quando a Ducati tentou dar o pulo do gato e mudou seus pneus para duro na frente e médio na traseira. Foi um erro estratégico. Bagnaia ganhou Misano 2 com médio na frente e macio na traseira, em uma temperatura bem mais alta. Foi a receita pela qual a maioria dos pilotos optou, embora Quartararo tenha repetido o médio na traseira que o fez chegar bem perto do italiano na corrida de 19 de setembro. A temperatura caiu durante a prova e ambas as Ducatis oficiais sucumbiram à curva 15, a primeira esquerda depois de uma sequência de seis curvas para a direita.
A corrida teve pegas muito interessantes. Miller largou tâo melhor que o Bagnaia, que teve que frear cedo na curva 1, perdendo até o 2º lugar para o Oliveira, mas ao final da primeira volta já o tínhamos de volta na escolta do Bagnaia, com Márquez fazendo pressão para que as Ducatis não escapassem. Miller caiu cedo e MM ficou em cima do italiano, sem tentar ultrapassá-lo, mas mantendo uma distância inferior a 3 décimos. Faltando 5 voltas Pecco conseguiu abrir 6 décimos e achou que era hora de escapar, para evitar repetição da batalha das voltas finais de Aragón. Caiu. Campeonato decidido, dobradinha da Repsol e Quartararo no pódio, depois de uma ótima corrida de recuperação. Mas ainda rolou um duelo entre El Diablo e La Bestia, com o incrível Bastianini repetindo o pódio em Misano, mesmo largando em 16º.
Dando sequência à brincadeira do Mundialito, Enea é o quarto piloto que mais pontuou nas últimas 4 corridas.
Aragon Misano Austin Misano 2. T
Marquez 20 13 25 25 83
Bagnaia 25 25 16 0 66
Quartararo 8 20 20 13 61
Enea 10 16 10 16 52
Pol 3 9 6 20 38
Mir 16 10 8 0 34
Miller 11 11 9 0 31
E vejam quem marcou mais pontos… aos poucos ele está voltando e o Campeonato de 2022 já se anuncia muito competitivo, com Fabio, Pecco, Morbidelli em melhores condições físicas, Miller tentando não perder a vaga na equipe oficial, as Repsol Honda saindo do buraco, e, se a KTM acertar a mão, um tal de Raul Fernandez incomodando.
Só não boto fé na Suzuki e na Aprilia. A Suzuki se perdeu sem o Brivio. Houve boatos que ele estaria insatisfeito na Alpine e querendo voltar para o MotoGP, mas nada confirmado. Mir está bastante perdido, embora, incrivelmente, seja o terceiro colocado no Mundial, com 4 terceiros e 1 segundo. O tombo dele foi primário e ainda acabou com a corrida de aniversário do Petrucci. Os dois pilotos da Aprilia fizeram corridas bem distintas: o Aleix aparecendo entre os primeiros no início, enquanto Viñales se arrastava no fim do pelotão, mas acabaram juntinhos, com o Maverick em 8º a menos de 2 décimos do companheiro. E acho que só não o passou por respeito.
Rossi fez um honroso 10º e sua despedida foi muito emocionante, com direito a um belo capacete jogado pra galera. Quem o pegou, se sobreviveu, ganhou na loteria. O ponto triste da prova foi a queda do Oliveira na mesma volta em que caiu o Bagnaia. Ele fez uma prova consistente, rodando nos mesmos tempos que o Pol. Teria sido um belo pódio, para compensar todas as dificuldades que ele enfrenta desde o acidente na Áustria. Espero que ele volte a brilhar em Portimão.
Falando rapidamente de Moto 3 e Moto 2, me lembrei daquele famoso Santos 4 X 5 Flamengo. Na Moto 2, Raul Fernandez ia liderando a prova e virando o campeonato a seu favor depois de ter feito belas ultrapassagens enquanto o Remy Gardner andava em 8º sem muito ritmo. Então anunciaram um long lap pênalti pro australiano, que deixaria o espanhol ainda mais tranquilo e ele… caiu! Um tombo esquisitíssimo, na freada da curva 8, sem que ele tivesse cometido nenhum erro. A frente travou e ele foi pro chão a uns 200 Km/h. A MarcVDS fez uma dobradinha (porque acabou a gasolina do Canet logo depois da última curva), Gardner salvou um 7º e vai para Portugal com uma vantagem de 18 pontos (chegou a estar com 8 de desvantagem). Esse campeonato ainda está bem aberto, porque o Raul é um fenômeno e está andando bem em todas as pistas. O australiano não pode vacilar.
Outro que está andando MUITO é o Dennis Foggia. Ele ganhou 4 das últimas 9 corridas e fez pódio em outras 4. São 3 vitórias e um 2º nas últimas 4… E o Pedro Acosta chegou a andar em 9º ontem e a liderança do campeonato estava reduzida a 12 pontos, mas o espanhol caprichou nas duas últimas voltas e conseguiu um 3º lugar salvador. Vai pra Portimão com 21 pontos de vantagem e dificilmente perderá o título, mas o Foggia não vai entregar fácil.
Acho que esses dois campeonatos só serão decididos em Valencia. O MotoGP vai ficar mais relaxado e acho que o francês vai querer selar o título com uma vitória em Portugal. Em Valencia estou apostando no Formiga.
Até lá!