Mir vence trazendo coerência e harmonia ao campeonato!

Boa dia! Que corrida simbólica e importante tivemos hoje. Nem tanto pelas disputas, ou dramas. Foi uma corrida relativamente calma neste ponto. Mas foi importante porque resolveu, como eu já escrevi no título, os mais importantes problemas que afetavam a harmonia da classificação.

Nunca é confortável sagrar um campeão sem vitória, tem um cheiro de ilegitimidade. Além disso, Rins tem sido o melhor piloto da equipe Suzuki, mas que por motivos físicos teve este ano prejudicado. Quando começou a melhorar voltou a andar mais do que Mir e até venceu primeiro, uma outra sombra de ilegitimidade foi jogada sobre Mir.

Como Mir mesmo disse hoje, esta vitória não poderia ter vindo em melhor momento ou de melhor forma. Vencer, ainda mais em um ano em que não estamos vendo vitórias sequenciais, cada hora ganha um, o destaca e quebra o desconforto de talvez ser campeão sem vitória. Muito bom.

E venceu confortavelmente Rins em uma disputa veloz, disputando no cronometro com voltas rápidas em cima de voltas rápidas, sem erros, calmo, no momento de definição do campeonato. Sim, talvez Rins tenha sido mais rápido no passado, mas Mir provou que hoje foi mais rápido e que pode ser tão rápido quanto. E Rins se destacou também porque Mir teve seus problemas físicos no ano passado.

A Suzuki, livre dos holofotes, da pressão, com uma moto relativamente mais simples e sem invenções, com uma equipe unida, com dois pilotos jovens e em um investimento de longo prazo, está perto de impor uma antes impensável classificação final, com campeão e vice-campeão.

Lembrem-se que a Suzuki contratou Rins e Mir e muitos criticaram (eu). Depois não deu mole para ninguém, principalmente a Ducati, e renovou cedo com seus jovens pilotos, dando estabilidade e calma no box. Comparemos com a Ducati, onde o clima é o oposto. Do box da Suzuki não sai fofoca, não sai nada que não seja esportivo.

Hoje provavelmente a Suzuki é a melhor moto na pista. Ágil, previsível, boa em tudo e ótima na entrada da curva. Nos anos anteriores eu tinha medo de que quando ela finalmente ficasse potente, a agilidade iria piorar. Quase todo veículo com pouco motor, parece que faz muita curva, uma vez que o motor não estressa o chassi. Uma coisa é chegar no apex a 400 por hora e ter que frear para fazer a curva, outra é chegar a 300. O motor põe carga em tudo. Pois a Suzuki melhorou o motor sem estragar suas capacidades ciclísticas. Depois veio o problema do consumo, ano passado. A moto era forte mas não podia ser deixada nos mapas fortes a corrida toda, sob pena de acabar a gasolina. Resolveram. Este ano ela começou com a persistência do problema de classificar mal e de começar as corridas de forma mais lenta, melhorando no final. Parece que também está resolvido.

Sendo assim, hoje vimos um resultado coerente com o estado de coisas nas motos e nos pilotos. Harmonizou a relação entre a equipe. Em nenhum momento a Suzuki falou “agora é Mir”, ela deu e está dando um tratamento excelente aos seus dois pilotos que provavelmente irão terminar em primeiro e segundo no campeonato. Rins só pode lamentar sua falta de sorte por ter se machucado, coisa de corrida que atingiu até Marc Marquez. Ele parece poder confiar que sua hora vai chegar se ele merecer. Ele melhorou e sua equipe o levou até onde ele está agora, em terceiro no campeonato, com chance até de ser campeão.

A KTM tem uma trajetória parecida, pilotos jovens, união. Teve um abalo com a desistência do Zarco, mas que ela tratou de forma elegante e na verdade livrou-se de um problema. Zarco tem pressa. Sua moto não é tão simples e sofre um pouco mais por ter escolhido isso. O chassi é diferente, as suspensões são diferentes. Mas este conjunto revela-se extremamente sensível aos ajustes, é uma moto que melhora demais com tempo de pista. Semana que vem ela vai vir voando. E tem motorzão.

Com a Yamaha enrolada em seus problemas de motor, na inconstância de Viñales, na incoerência de ter em um piloto de equipe satélite sua melhor chance, envolvida com as consequências de manter Rossi rodando, e não consegue mais fazer corridas boas em sequencia. Sem o conjunto MM+Honda, os holofotes foram todos para a Ducati+Dovi, mas com o início avassalador de Quartararo, mais os rolos da Ducati, a Yamaha passou a ter a obrigação de ganhar. Quartararo começou tão bem que até hoje é o vice-líder do campeonato, mas em curva francamente descendente. Tudo pode acontecer, mas poucos apostariam nisso.

Para encerrar falando da corrida de hoje, além do que já escrevi, reparo a boa corrida de Nakagami, excelente, o péssimo dia para a Yamaha, um dia normal para a nova Ducati (ruim), um dia normal para a Aprilia (uma bosta).

Semana que vem prevejo mais uma luta de Suzukis x KTM. As Suzukis porque são as mais constantes, e a KTM porque são as que mais melhoram com mais dados.

Hoje o grande Alex Barros passou uma informação que eu não sabia sobre o também grande Ramon Forcada. Que ele trabalhou na Showa. Interessante. Ramon Forcada começou nos GP’s na JJ Cobas, com Alex Crivillé e teve como mentor o imenso Antonio Cobas. Cobas desenvolveu o quadro perimetral em dupla trave de alumínio, só isso. Todos usam esta idéia hoje em dia. Forcada seria o “herdeiro intelectual” de Cobas e é para mim o melhor no box.

Cobas, Crivillé, Forcada. Reparem no quadro na época inovador.

Parabéns Suzuki, parabéns Mir. Lindo resultado, linda corrida. Harmonia é a palavra chave.

Mário Barreto.

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestas em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo®, www.motozoo.com.br, onde escreve sobre motociclismo. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

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