Fim de semana animado em Spielberg

É, meus amigos, um fim de semana em que os hinos do Japão e do Brasil foram tocados duas vezes não acontece com frequência… Só faltou o Nakagami ganhar a MotoGP hehehe.

O evento já começou animado com o anúncio da entrada da GasGas, a marca catalã comprada pela KTM em 2019, no Mundial, em associação com a Tech 3. Foi a maneira que a fábrica austríaca encontrou para ter duas “equipes de fábrica” no grid. Pol Espargaró voltou e fizeram uma nova oferta para tentar manter o Miguel Oliveira. Pit Beirer está otimista, mas não achei o português muito empolgado.

Meteram uma nova chicane na pista em função do acidente ocorrido em 2020 entre Zarco e Morbidelli, do qual Vale e Viñales escaparam por centímetros. Não achei ruim. A pista continuou rápida e fluida e ficou um pouco mais segura. Escrevo “um pouco” porque o perigo faz parte do esporte e o risco continua lá. Houve situações de motos caídas na pista na própria chicane, mas por sorte ninguém se machucou. Acho que a mudança ajudou a Ducati e sua forte reaceleração: impossível chegar perto de uma desmosedici na curva 3.

Terceira vitória seguida do Bagnaia, algo que não acontecia na Ducati desde a campanha vitoriosa do Stoner em 2007. Bagnaia também é o primeiro piloto italiano depois do Rossi a ganhar três corridas seguidas, mas… não obstante ser um piloto muito rápido e preciso eu não consigo perceber alguma genialidade no Bagnaia. Acho que ele tem a melhor moto do grid e me arrisco a dizer que o trio de capos da Ducati deve “sugerir” para os demais ducatisti que o melhor para a equipe é que a moto 63 vença. Talvez o italiano ainda me convença que é um fora-de-série, mas por enquanto acho que ele é um Dovizioso 2, que teve a melhor moto do grid em 2017 e 2018, ganhou corridas, mas não conseguiu ser campeão.

No FP4 Zarco, Bastianini e Miller tinham melhor ritmo do que o Pecco e eu achava que La Bestia tinha tudo para voltar a vencer. Infelizmente, na disputa com o Martin, Enea saiu da pista na penúltima curva da quinta volta dando uma pancada estranha com a roda da frente na zebra. Quebrou a roda, o pneu dianteiro perdeu pressão, atrapalhou o Zarco na curva 3 e acabou saindo da pista na 4. Fim de prova e uma oportunidade de ouro jogada no lixo.

Zarco dominou os treinos e tinha um ótimo ritmo de corrida, mas se classificou mal (6º), largou pior (completou a 1ª volta em 9º) e deu de cara com um Bastianini quase parado na curva 3 quando já tinha se livrado do Maverick e do Marini. Perdeu um segundo e meio, ficou atrás do Viñales até a volta 19, tirou 2,5s do piloto da VR46, mas chegou quase meio segundo atrás do 4º colocado.

Marini fez o trabalho dele: largou excepcionalmente bem, saindo de 15º para 7º ao final da primeira volta. Passou pelo Viñales e herdou duas posições da Bestia e do Martinator. Foi sua melhor corrida, o que comprova a importância da primeira volta nesse grid tão competitivo.

Jorge Martin deu sorte de não ter derrubado o Miller na curva 1 da última volta. Essa incerteza da Ducati sobre quem será o companheiro do Bagnaia é contraproducente. Correu razoavelmente e salvou um 10º, mas não acredito que tenha somado pontos a seu favor nessa disputa.

As Aprilias sofreram todo o final de semana, principalmente com os freios. Aleix e Maverick foram parar na brita inúmeras vezes nas curvas 1, 2ª, 3 e 4. Segundo os pilotos, pista de stop-and-go não favorecem as RS-GP.

As Suzuki chegaram a andar bem em alguns treinos, mas o próprio Livio Suppo deu uma entrevista na 6ª-feira dizendo que as GSX-RR são as motos que têm a melhor base de acerto, portando andam bem nos primeiros treinos, mas depois as outras fábricas conseguem fazer um ajuste fino que eles não conseguem, e as motos de Hamamatsu acabam ficando para trás. Ainda assim, Mir largou bem e estava em 7º quando teve um high side altíssimo, que só não foi mais grave porque ele caiu na brita. Fraturou o tornozelo, mas espera correr em Misano. Rins apenas correu. Passou o Viñales (que despencou até o 13º), foi passado pelo Binder, herdou umas posições e salvou um 8º. Pelo menos ele já está assinado: parte do desespero do Mir é não ter nada firmado para 2023. Como resultado, teve o sexto DNF do ano. Está se desvalorizando.

As KTM foram bem discretas: cumpriram tabela. Em nenhum momento estiveram perto da ponta e vão ter que caprichar na moto 2023 para justificar o enorme investimento.

A Honda continua dando vexame, conseguindo apenas um 14º com o Alex Márquez, a quase 27 segundos do vencedor. Perder um segundo por volta é ridículo para tamanho investimento. Por isso o Marc Márquez esteve no autódromo. Assim como o Quartararo ele já percebeu que as fábricas européias estão analisando cada brecha do regulamento para introduzir modificações e que o processo tem que mudar. Tudo é muito lento e documentado com os japoneses e eles estão ficando para trás. Ano passado a Suzuki foi a última a introduzir o dispositivo que abaixa a traseira nas acelerações, e estava defendendo o título! Enfim, ridiculamente o Formiga continua sendo o piloto Honda mais bem colocado no campeonato, 15 pontos a mais do que Nakagami, 18 a mais que o Pol e 31 a mais que o irmão. Não adianta ele se recuperar e a moto não andar, se bem que ele, assim como o Quartararo, espreme um segundo da moto. Se a moto estiver dois segundos atrás não vai adiantar muito.

Guardando o melhor para o fim: que corridaça fez o campeão do Mundo!!! A ultrapassagem sobre o Miller já é uma das duas melhores do ano, junto com a do Aleix passando Miller e Binder na última curva de Assen. A declaração do australiano resume tudo: “ele me fez de bobo”. A bobagem que o francês fez na Holanda, que também o prejudicou na Inglaterra, é que deu alguma emoção ao campeonato. Ele podia ter chegado tranquilamente em terceiro nas duas corridas, teria 24 pontos a mais e a mão na taça. Acho que o Bagnaia é o principal adversário, mas, das 7 corridas que faltam, Misano, Tailândia, Phillip Island e Valencia favorecem o atual campeão. A Ducati terá que botar o máximo de motos na frente em Aragón, Motegi e Sepang.
Enquanto isso, Dovi, “o rei de Spielberg”, arrancou um pontinho a 30s da Ducati e mais de 29 do El Diablo. Um segundo por volta… é quanto o francês espreme da M1 no talento.

As outras provas também foram emocionantes, com a dupla vitória do Granado que o deixou a 17,5 pontos do Aegerter. Esses campeonatos de tiro curto são muito complicados porque basta um fim de semana ruim que o sujeito fica fora da disputa. Eric é o maior vencedor da categoria e agora precisa vencer as duas de Misano e torcer para que o suíço não faça nada melhor do que dois terceiros. Aí o brasileiro seria campeão por… MEIO PONTO! Talento ele tem, mas o Aegerter é muito experiente e agressivo. Vamos torcer!

Vitória épica do japonês Ayumu Sasaki na Moto3, após cumprir DUAS penalidades de volta longa, cair para 24º e voltar passando todo mundo, batendo seguidamente o recorde da pista. Max Biaggi ficou enlouquecido. Impressionante também o garoto David Muñoz, que estreou em Mugello e já fez dois pódios (2º na Catalunha e 3º ontem). Nosso Diogo Moreira também está muito bem e fez mais um Top6. Está faltando quilometragem para ele, mas os comentaristas do MotoGP só o elogiam e ele deve correr ano que vem em uma equipe melhor para lutar pelo título.

Outra vitória japonesa na Moto2, assombrando ainda mais o Nakagami. Ai Ogura conseguiu sua segunda vitória e lidera o campeonato um ponto a frente do Augusto Fernandez, que chegou em 5º. Foi uma conquista histórica para a Idemitsu Honda Team Asia, que fez a dobradinha. Uma dobradinha que tinha tudo para ser tranquila após a queda (mais uma) do Celestino Vietti que vinha em terceiro e se aproximando da dupla asiática. A partir daí eles tinham mais de 5 segundos para o Pedro Acosta (que perdeu o 3º lugar na última volta para o Jake Dixon) e vinham tranquilamente aumentando a vantagem, com o box sinalizando P2 OK para o tailandês (que está 90 pontos atrás do Ogura). Aí, na curva 9 da última volta, o Somkiat Chantra meteu a moto por dentro do japonês, quase causando uma colisão, mas o Ogura conseguiu retomar a ponta na última curva, matando do coração toda a equipe. No parc fermé o tailandês ria feito um aloprado… é caso de internação!

Mais duas semanas para Misano, que espero ser tão bom quanto foi em Spielberg.

Até lá!

Pai orgulhoso do João e da Nanda, botafoguense, motociclista e cabalista. 15 anos como CIO e membro do Board de empresas multinacionais, participando no desenho e implantação de processos de logística, marketing, vendas e relacionamento com clientes e canais de vendas, inclusive por dispositivos móveis; Morador em Londres, é Fluente em Inglês e Espanhol, com conhecimentos avançados (leitura) e intermediário de Francês e Italiano; Possui cidadanias brasileira e francesa.

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