Ducati Multistrada Enduro


Meus camaradas, tive hoje a tardia oportunidade de conhecer, no sentido bíblico, a Ducati MTS Enduro. Espetáculo!

Peças boas, de qualidade. Bem feitas

Nem é o último modelo, e eu também não saberia apontar se mudou alguma coisa importante de lá para cá. Mas o modelo que testei é completíssimo, com todos os opcionais disponíveis.

O ideal seria poder contar com motos da Ducati, último tipo. Tenho conversado sobre isso com o CEO do Brasil, o Diego Borghi. Ele me prometeu que assim que a Ducati voltar a ter uma revenda no Rio, o nível de atendimento que os ducatistas, o ForzaRio, o Motozoo e todos os cariocas recebem, irá dar um salto de qualidade. Bom poder contar com isso.

A MTS Enduro impressiona muito. Por seu tamanho, pela qualidade de construção. É uma moto que grita: “sou cara, sou potente, nasci para estrondar”. O tanque é enorme, a moto é bonita, tem detalhes matadores, mas as proporções são mastodônticas. Não acho que é a mais bonita das MTS.

O volume do tanque domina o design da moto

Eu imaginei que a Enduro seria uma concorrente direta das KTM, uma moto profissional na performance e na aparência, mas não é bem assim. A Ducati escolheu um caminho diferente da KTM, que tem detalhes bem racing. A Ducati esconde parafusos e envelopou uma moto braba, com equipamentos profissionais, dentro de uma roupa de luxo. É quase um Audi Q7!! kkkkkkk.

Tudo tem tampinha, o motor fica quase escondido, lisinha, classuda, polida. É uma proposta um pouco diferente. Já que é assim e sendo chato, achei que alguns plásticos poderiam ter um acabamento melhor. São bons, bem feitos, mas me pareceram sem o nível acabamento. Por exemplo aqueles pretos que cobrem a frente do tanque e o interior da carenagem.

Taí o cockpit. Mais elegante do que esporte.

Também achei que o sistema de regulagem do parabrisa poderia ser mais suave, mais bem feito. Nem digo elétrico, mas com um acionamento mais preciso e deslizante. O parabrisa em si funciona muito bem, desviando bem o ar da cabeça ou deixando passar o vento para bater no peito. Importante em dias muito quentes.

A moto é alta, pesada quando desligada. O Armando, dono da moto e que tem também uma novíssima BMW, acha leve comparando com a bávara… No final do dia eu fiquei bem mais corajoso, mas na hora em que peguei a moto eu fiquei bem preocupado. O tamanho e o peso pedem um respeito e força nos braços. Muito equilíbrio e cuidado ao parar com a moto, para mim que tenho apenas 1.74m.

Andando ela tem um motorzão e vários computadores para ajudar. Parada, ela precisa é de arroz com feijão nos braços. Dá até frio na espinha lembrar dos filmes de divulgação, com aqueles pilotos gigantes saltando com esta moto…

Pedi forças a São Gaston Rahier, programei um monte de cuidados na mente, para não jogar a moto no chão. Nem é triste, mas com 57 anos, não sou mais o piloto de MX que já fui um dia. A falta de força dá até uma falta de jeito. Parar com ela, para mim, requer um estudo de topologia do terreno, para não ser pego no degrauzinho maldito, na areiazinha desgraçada. Tenso, mas andando meio metro este problema some, ela evolui com suavidade.

Bom seria se eu tivesse esta altura!!!

Parado fiquei na pontinha dos pés, mas andando tudo se encaixa muito bem, o banco é confortável e os comandos estão todos bem na mão. A visibilidade dos espelhos é perfeita, eles não vibram e são enormes. O painel alterna o design de noite e dia automaticamente, e é bem visível, raramente é ofuscado ou ofusca, com ótima leitura e todas as informações bem visíveis e disponíveis. A iluminação é um capítulo à parte. Faróis estupendos, faróis auxiliares e lanterna traseira hipnótica de tão bonita.

O farol auxiliar dianteiro.
Esta lanterna é muito maneira.
Escolhendo o Ride Mode

Ao chegar em casa me dediquei a estudar os comandos e o painel de controle. A moto está equipada com o Ducati Link, sendo capaz de syncar por bluetooth o meu iPhone com o painel. Neste link vc pode controlar músicas, pode atender o telefone, ver quem está te ligando e se comunicar com o Ducati  Link App, que fica logando os seus rolés.

O painel tem todas as informações de forma bem arrumada e legível.
Olha ali a moto controlando as músicas do meu iPhone…
A tela de configuração sem inspiração

O resultado final do design de interface é bom, sem ser excepcional, mas a navegação pode melhorar. Isso é uma coisa meio comum no meio automotivo, nos carros é a mesma coisa. A interface com o usuário para a configuração é inconsistente, as vezes difícil, as vezes complicada. Tenho certeza de que pode melhorar. O botões são grandes mas com uma luva grossa fiquei em dificuldades de operar. Os botões são OK,  a interface de interação com o piloto, para configuração, é que eu acho que é feia e sem inspiração.

A botãozada do lado esquerdo.
A botãozada do lado direito.

O aplicativo Ducati Link é interessante mas é também outro que pode melhorar muito, mas muito mesmo. Considero apenas como um “bom começo”

Pilotei com garupa, adequando no painel as suspensões elétricas/eletrônicas para este uso e meti a grandona na estrada. Saí do Rio, fui a Petrópolis, cruzei a serra pelo manjado Vale das Videiras e voltei pelo outro lado. Clássico. Teve curvas de montão, teve BR-40, teve Arco Metropolitano. Não teve Enduro. Comigo acho que nunca terá. Tenho arrepios só de imaginar o que deve ser acelerar este foguete enorme em condição de terreno irregular.

Este motor DVT é não só muito forte, mas também muito competente. A moto é suave e muito bem mapeada. Quando se retoma com a marcha errada, algo comum quando se anda com garupa e não se quer ficar sacudindo ela, a moto enche sem nenhuma hesitação ou buraco. Dá uma pequena desbalanceada, vibra um pouquinho (a graça de Ducati é essa), mas vai com tudo. Só usei dois modos, o Urban e o Touring. Para o que eu fiz hoje, o Urban mostrou-se muito melhor, com a moto bem mais redonda e cheia. Mais confortável. Em Touring ela ficou nervosa, angustiada de se manter em 6.500 giros, querendo gritar. Com uma garupa nova e cansado de colocar multas nas motos dos amigos, segurei a onda legal e quase não corri com a moto. Quer dizer, quase não dei aceleradas demoníacas como ela pede para dar, principalmente no modo Touring. Passeei com a moto e dei apenas uma tocada realmente forte no Arco Metropolitano e por pouco tempo. Correndo ela vira outra moto, é muito forte nos altos giros.

Subindo a serra e fazendo as curvinhas, a moto é perfeita. Não parece leve nem pesada de direção, agarra as linhas de modo telepático. As suspensões são firmes sem serem desconfortáveis. As rodas são lindas e devem ser muito leves, com um sistema de raiação externo irado e que permite a montagem de pneus sem câmara.

Olhando para a frente a  sensação é de dono do mundo e que vai encarar o que vier pela frente. Muita solidez, suavidade e competência. Vi que ela tem um amortecedor de direção escondidinho lá na frente.

Mesmo sendo bem fortinha, achei que foi preciso trabalhar bem o cambio. Não por falta de motor, mas para não fazê-lo chacoalhar quando com a marcha errada. Acho também que do jeito que anda a tecnologia, ela poderia ter um quickshift.

A tocada tem uma perfeição que faz desconfiar de que a eletrônica está ajudando muito. É muito fácil de andar com ela, muito fácil mesmo. E o comportamento muito perfeito… Mais ou menos a mesma sensação que tive quando provei a Panigale V4. Um monte de peças boas e um monte de computadores ajudando=perfeição de tocada.

Apenas em uma oportunidade, quando o chão ficou completamente trepidante (Japeri… quem conhece sabe o que é isso. Síria perde), o Skyhook retornou com um feedback horroroso. Demorei a entender o que fazer com a moto, porque ele e o ABS ficaram vivos debaixo da minha mão.

As grossas canelas dianteiras com o sistema Skyhook
Detalhe do controle elétrico/eletrônico da suspensão dianteira.

Este texto não pode ser considerado um teste da MTS Enduro 1260… Para isso teríamos que preparar um roteiro que envolvesse um tiquinho de off road e espaço, para acelerar o modo que lhe dá o nome, o Enduro. Sozinho, e com mais uns dias no lombo da moto, eu acredito que serei capaz de abusar um pouquinho na terra. Bem pouco, infelizmente. Bom mesmo seria encarar uma viagem longa com ela, é para isso que ela foi pensada e fabricada. E ótimo mesmo seria eu entrar em uma academia e fabricar uns músculos para ajudar.

Tive um dia maravilhoso. Fiz um passeio de mais de 300 kms, sem nenhum tipo de sentimento que não fosse de felicidade. Nunca faltou potência, equilíbrio, suspensão, competência, qualidade. A sensação no cockpit é de estar equipado para ir ao Alaska. Solidez, de não aturar qualquer desaforo das condições adversas que apareçam. Sobra muita moto para tudo o que se precisar. Não senti o calor do motor hora nenhuma, o que é também um incrível feito para uma moto V2 tão potente, com o cilindro traseiro ali bem no meio das suas pernas.

Veja a galeria com todas as fotos

Obrigado Armando pela montaria.

Link para a Ducati Enduro: https://www.ducati.com/ww/en/bikes/multistrada/multistrada-1260-enduro

Abraços
Mario Barreto.

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestas em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo®, www.motozoo.com.br, onde escreve sobre motociclismo. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

5 comentários em “Ducati Multistrada Enduro”

  1. Excelente. Tem um “vendo” no lugar de “vento”. Esse conteúdo renderia um vídeo excelente e monetizavel no IGTV, Twitter ou YouTube. Mesmo que baoy tenha filmado o deslocamento, poderia editar um com as fotos e, se fosse o caso, filmar umas imagens de cobertura em outro momento.

    Obrigado!

    1. Obrigado Felipão. Eu já tinha consertado o texto em vários lugares, mas percebi que tinha o cache, do cache, do cache… hahahaha. Desabilitei e agora parece que ele está mostrando “o cache” correto!!!!

  2. Passado o medão da Enduro, acostumando mais com ela, dá vontade de escrever outro artigo. Hoje vim trabalhar com ela, sozinho, mais a vontade, andando por buraqueiras já mapeadas, meti uma agressividade na bruta (mas em URBAN mode, leiam agressividade com ressalvas). PORRRAAAAA, ela é MUITO melhor do que a MTS normal. Nem digo de motor, mas de suspensões, de dinâmica. Ela bate no chão bem demais, é bem mais ágil, parece ser mais leve, mesmo sendo gigante. Tem que ter disposição, e é o caso de moto que quanto mais rápido vai, melhor ela vai ficando.

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