Demolition Derby

Tivemos o milésimo GP em Le Mans com um público recorde de 112.000 pessoas no domingo. A família Ezpeleta está feliz. Eu, nem tanto. Mais uma vez apenas 13 pilotos pontuaram, o que significa que desempenhos medíocres como os do Savadori (36s do líder) e do Folger (quase 50s) foram premiados com 4 e 3 pontos, respectivamente. É o regulamento, eu sei, mas ver protagonistas com 0 pontos dá uma certa tristeza.

Continua a polêmica das punições, com alguns chorões (medíocres) insistindo no aumento delas, enquanto os protagonistas concordando que a única punição realmente justa desde o início do campeonato foi aquela dada ao Marquez, pela lambança de Portimão. E ele a cumpriu, pois o papel timbrado e assinado fazia menção explícita ao GP da Argentina. Ao final ele perdeu 3 Sprint e 3 corridas de domingo. E voltou babando, quase fazendo a pole e disputando na frente no sábado e no domingo. Considerando onde andaram as outras Honda, é um fenômeno. E Mir também correu com o chassi Kalex…

Marini, o chorão da vez, culpou o Alex Marquez pelo acidente entre eles, ignorando que ele foi quem cortou para a direita quando salvou a escapada de frente. Por pouco não pegou também o Bezzecchi, que já se apresenta como o Bastianini 2023. Está correndo muito redondo, é muito mais talentoso que seu companheiro de equipe, e tem a vantagem de correr com uma moto redonda, que foi desenvolvida durante todo o ano passado. Espero muito que o Enea volte em Mugello. Petrucci ganhou um presentão da Ducati e não foi visto por ninguém: tomou 19s no sábado e quase 30s no domingo, mas faturou 5 pontinhos por falta de concorrência.

Ainda sobre o Alex Marquez, ele foi punido com 3 posições de largada em Mugello por ter sido muito ambicioso na primeira volta do GP, atrapalhando Zarco e Binder. Só que na Sprint ele tomou um chega pra lá na disputa pelo 7° lugar com Bezzecchi, Aleix e Viñales e foi parar na areia da chicana do caminho dos bois (chemin aux boeufs) perdendo 8s e caindo pra rabeira da sprint. Aí, normal.

No toque entre Viñales e Bagnaia, achei que o italiano foi imprudente, tentando recuperar por fora a posição. Ele culpa o Viñales, mas MotoGP não tem retrovisor: se ele tivesse tirado a mão poderia recuperar mais adiante. Zerado em 3 corridas de domingo, os adversários agradecem. O campeonato podia estar totalmente sem graça, mas ele está colaborando para manter a audiência.

O grande vencedor do fim de semana foi o Jorge Martin, vencendo no sábado e papando 20 pontos no domingo. Isso vai fazer bem para a autoestima dele, abalada desde que foi preterido pela Bestia. Binder continua sendo leão de sprint. Muito agressivo nas largadas, como tem que ser mesmo.

A Aprilia decepcionou, com Aleix comemorando intensamente o 8° lugar na Sprint, à frente do Viñales, e modestamente afirmando que poderia ter ultrapassado o (muito) bom Augusto Fernandez no domingo, mas deixou o garoto comemorar o quarto lugar, para não correr risco de derrubá-lo, porque, afinal, ele é o piloto mais limpo do grid (n.do.r.: que babaca).

Esse quarto lugar da Tech3 teve sabor de vitória para o sempre simpático Hervé Poncharal. E o terceiro lugar do Zarco levou a torcida francesa ao delírio. Se ele melhorar as largadas pode surpreender no futuro, pois regularmente é o que faz os melhores tempos nas últimas 5 voltas da corrida. Quartararo caiu na Sprint quando vinha virando razoavelmente bem. No domingo ele sentiu dores no braço direito, que já foi operado, e chegou em 7°, à pouco menos de 3s à frente do Morbidelli. Em sétimo porque 6 caíram à frente dele: é desanimador. Depois da corrida ele anunciou que vão voltar a usar o setup que usavam em 2021 e parar de tentar mudar a moto na base do “e se?”. Isso deu certo com o Miller no ano passado. Torço muito pelo aussie, mas este fim de semana foi um daqueles para esquecer: tombos no sábado e no domingo.

No mais acabei não vendo a Moto3 ainda, mas sei que o Diogo Moreira não se encontrou com a moto e zerou na etapa.

Meu favorito Tiger Tony venceu mais uma prova encurtada da Moto2, devido a um horrível acidente envolvendo Arenas, que caiu, e González e Canet atropelaram a moto dele. Sam Lowes, que tinha caído na mesma volta, pode relargar do fundo do grid, mas só conseguiu um 15°. O queridinho da mídia, Pedro Acosta, caiu pelo segundo ano seguido em Le Mans, quando estava em 2°. Salac e Lopez completaram o pódio.

Da MotoE eu desisti assim que eu soube que o Granado não correria por estar com um edema cerebral, resultado de uma queda na corrida de sábado passado em Barcelona, pelo WSBK. Que azar do garoto…

Agora três looooongas semanas até Mugello.

Até lá.

Pai orgulhoso do João e da Nanda, botafoguense, motociclista e cabalista. 15 anos como CIO e membro do Board de empresas multinacionais, participando no desenho e implantação de processos de logística, marketing, vendas e relacionamento com clientes e canais de vendas, inclusive por dispositivos móveis; Morador em Londres, é Fluente em Inglês e Espanhol, com conhecimentos avançados (leitura) e intermediário de Francês e Italiano; Possui cidadanias brasileira e francesa.

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