Corrida Maluca!

Meus camaradas, que corrida doida!

A temporada de 2016 está bem diferente e com muita imprevisibilidade.  Já tinham os reflexos da temporada passada, com a brigalhada do Rossi com o Marc Marquez e Lorenzo… depois vieram as trocas de equipe, que a cada ano começam mais cedo.

Mas o que está embolando mesmo é a performance dos novos pneus Michelin e as dores do aprendizado da nova ECU única. Os líderes estão caindo como nunca o que faz as coisas embolarem e pilotos lá do segundo e até terceiro pelotão marcarem muitos pontos.

Como bem reparou o nosso amigo Andre Bertrand, quem diria que Hector Barbera é a Ducati com mais pontos no campeonato?

Pois é… esta combinação de regulagem das motos com pneus novos está dando emoção. Se bem que a nova ECU não dá tantos problemas para a Ducati e em menor grau a Yamaha, com muito mais experiência na Magnetti Marelli do que a Honda. E, vejam só, é a Honda que lidera com campeonato com o Marc Marquez. Tá tudo doido.

A corrida de hoje foi incrível em suas múltiplas possibilidades. Subimos a serra para ver a corrida em Itaipava, um programa padrão aqui da galera. Ducatistas unidos e confiantes, afinal Dovi fez a pole e um surpreendente Scott Redding completou a primeira fila em terceiro. Chão molhado e meu Deus…. tirando o Rossi, só tinha Ducati andando rápido na pista!!! O colombiano Yonny Hernandes (com toda a minha torcida) liderando! Quem imaginaria isso? E depois uma fila de Ducati’s que chegou a estar fazendo o pódium completo com 1, 2 e 3. Quem imaginaria isso? Lorenzo em último ou quase isso, Marc Marquz levando passadão das Ducati’s e apenas Rossi mostrou alguma competitividade no início. Quem imaginaria isso?

Aí o sonho terminou com um toró incrível. Yonny caiu antes da bandeira vermelha que interrompeu a prova, mas vinha fazendo uma prova linda. Valeram então as posições da penúltima volta completa, o que colocou Rossi de novo na primeira fila para a relargada.

Mas o que seria um sonho para Ducati, foi desmontando peça por peça, pois Dovi caiu, Petrucci caiu também. Eu já estava achando que depois disso tudo iria dar o de sempre, Rossi e Marc na ponta, faltando só o Lorenzo que continuava lá na rabeira. Mas aí o Rossi estabacou-se também e o australiano Jack Miller passou o Marc Marquez de passagem e assumiu a liderança!! Quem imaginaria isso? As bolsas de apostas em Londres deviam estar pagando 1 milhão prá cada um neste resultado.

jackmiller
Foto Crash.net

E como Marc Marquez está mudado né? Se segurou, não fez cagada, não tentou brigar com o Miller e comemorou o seu segundo lugar como se fosse uma vitória. Que foi mesmo, nestas condições. Miller passou empinando lindamente (eles devem treinar isso, só pode) e mais atrás do Scott Redding reduziu as perdas da Ducati pegando um pódium. Bacana para a Pramac. Outros que se deram bem com a parada foram Iannone, que tinha caído na última volta da parte 1 e que por isso pode voltar para a parte 2, e Lorenzo, que veio se arrastando e chegou em décimo, marcando pontos importantes sobre o Rossi.

Agora vejam como os deuses das corridas são sacanas… Jack Miller, com talvez uma das piores motos do grid, tem uma vitória no MotoGP, a primeira de um piloto privado desde Toni Elias, que já tem tempo pacas. Vinãles com Suzuki oficial e cheio das honras e contratos, não tem, hahaha.

Nestas condições difíceis, as piores motos tem vantagens, vejam o que andou Hernandes na primeira parte. O motivo é que a falta de potência ajuda no piso ruim e que os pilotos estão acostumados em andar em motos que sacondem muito mais, tirar leite de pedra é todo dia para eles. Ao contrário de um Lorenzo, por exemplo, que se a moto não estiver certinha, não anda nada.

Um barato a corrida, rimos muito, torcemos demais, demos um rolé lindo em um dia frio e ensolarado. Difícil pedir mais, talvez só uma vitória do Dovizioso.

galeraalemao
Galera em Itaipava

Abraços para todos e que venham as próximas.

Mário Barreto

 

 

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestas em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo®, www.motozoo.com.br, onde escreve sobre motociclismo. É Mestre em Artes e Design pela PUC-Rio. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

3 comentários em “Corrida Maluca!”

  1. Vou te mandar um tijolaço, mas te adianto que o texto acima merece duas correções:
    1) Petrucci não caiu, teve um problema de motor
    2) a última vitória de um piloto de equipe privada foi do TONI Elías em Estoril 2006

    Entendo que a surra que seu Florminense deu na Mulambada afetou a sua memória.
    É perdoável. 🙂

    1. Tens razão. Jorge Elias é um piloto de motocross, campeão espanhol, que andou correndo aqui no Brasil. Corri contra ele no Supercross da Praça da Apoteose. Ele correu na Equipe Hollywood e pelo Amparo Racing Team. Muito fera e primo do Toni Elias, outra fera. Consertei lá o erro.

  2. A temporada do MotoGP está muito animada e as provas (sim, provas, porque MotoGP também inclui Moto3 e Moto2) de hoje tiveram vencedores inéditos, com toda a emoção que uma primeira vitória traz para o parque fechado e o pódio.

    A Moto3 foi com pista seca, mas é uma categoria em que não é necessário que chova para que haja emoção. É como assistir a um filme de ação em fast forward: 10 ultrapassagens a cada volta só ali no grupinho da frente, que tem normalmente entre 5 a 8 motos. Saber quem vai ganhar, só depois da última curva da última volta. Uma dica: quem entra na curva em primeiro não costuma ganhar. Há quem fique cansado de ver tanta disputa, mas basta assistir às últimas duas voltas para aprender as mais diversas técnicas de deixar o adversário para trás.
    Hoje aconteceu a primeira vitória da Mahindra, marca com que simpatizo desde que o portuguesinho Miguel Oliveira defendia suas cores. É bom para acabar com a hegemonia de KTM e Honda e estimular outras marcas a se aventurarem no circo. Pecco Bagnaia, da VR46 Academy, subiu pela primeira vez no degrau mais alto e o sexto colocado chegou 161 milésimos atrás do vencedor!

    Na Moto2, outra corrida muito disputada até a nona volta, quando o Nakagami deixou para trás o Morbidelli e conseguiu abrir um gap enquanto 4 outros pilotos disputavam a 2ª posição. Torço muito pelo Nakagami que já tinha batido na trave algumas vezes. Em 2013 chegou em 2º quatro vezes seguidas depois de liderar as provas, mas hoje não teve pra ninguém. Foi a primeira vitória do Japão desde 2010, o que é muito legal, pois é o país que popularizou essas máquinas que amamos e já teve alguns pilotos competitivos no MotoGP como Okada, Aoki, Ukawa, Abe, Nakano e Tamada (último vencedor do GP Brasil, se não me engano).
    Um adendo: Rins foi 6º, inexpressivo. Acho que a Suzuki errou feio em escolher Rins e não o Zarco (meu piloto favorito do Moto2, 2º hoje, que atualmente lidera o campeonato). Rins é rápido como o Iannone e tão descerebrado quanto: capaz de besteiras homéricas. Zarco teria composto um time mais equilibrado. Espero vê-lo na Tech 3.

    E o MotoGP? Corrida de chuva sempre abre oportunidades para os kamikazes, ou seja, aqueles que não disputam o campeonato e não têm nada a perder (“Hospital or Glory”, citou o Marquez). Na corrida parte 1 foi o Hernandez: passou todo mundo e estava abrindo. Já tinha um colchão confortável de tempo, mas aí o cara pensa: “a pista vai secar e os pilotos de ponta vão me pegar” e não tira a mão. Acabou na brita: uma pena! Os britânicos, acostumados a correr na chuva, também vinham bem, assim como o Petrucci, que gosta de uma pista molhada. Rossi, o mais experiente, e o que estava mais atrás na disputa pelo campeonato, também vinha muito bem. Poucas quedas, entre elas mais uma do Iannone, que vinha em 5º. Em determinado momento, três Ducatis na ponta: Petrucci, Dovi e Redding, e… bandeira vermelha!!! A situação estava mesmo perigosa e ninguém enxergava nada. Já imaginaram, um pódio só de Ducatis? Mas a alegria durou pouco, pois haveria relargada e o grid seria composto pelas posições da penúltima volta.
    A chuva diminuiu, o pessoal botou pneu de chuva macio na traseira e partiu para mais 12 voltas. Muitas quedas desta vez e a explicação técnica que correu pelo paddock é que o pneu traseiro com mais grip evidenciou os problemas dos dianteiros duros demais. Pedrosa, que estava bem na primeira parte da corrida, foi o primeiro a perder a frente. Depois Crutchlow, Dovi, Aleix Espargaro e Rossi (esse em um vacilo imperdoável, pois estava 2s à frente do Marquez, liderando). Nessa altura, com Lorenzo fazendo uma corrida burocrática lá no fim do pelotão, Marquez se viu na frente com o Miller sem nada a perder atrás dele. Aí percebemos que o Moleque amadureceu: deixou o Miller passar e tratou de ficar na pista e papar os 20 pontinhos, abrindo 24 do Lorenzo e 42 do Rossi. Com uma Honda muito inferior às Yamahas está liderando com certa folga um campeonato que ele poderá administrar, brigando por vitórias em suas pistas favoritas (como a próxima, na Alemanha) e cedendo pontinhos nas que não vai tão bem.
    Detalhe importante: Miller pilota uma Honda, ou seja, a vitória ficou “em casa”, da Marc VDS. O Marc van der Straten é patrão do irmão dele e amigo da família, ou seja: todo mundo ficou feliz. A emoção do Miller foi contagiante. Eu o achava meio arrogante na Moto3, embora muito rápido. A passagem direta para o MotoGP foi precipitada, na minha opinião, mas ele está dando banho no Tito Rabat, que foi campeão na Moto 2 e teve 13 vitórias por lá. Estava no lugar certo, na hora certa, e não caiu. Palmas pra ele!
    Tivemos quatro Ducatis entre os 7 primeiros, e o Barbera continua sendo a Ducati com mais pontos. Viñalles será um bom substituto para o Lorenzo: também medrou com a chuva e nem apareceu na transmissão. Os dois levaram o troféu Amarelão pra casa.

    Três semanas até a próxima corrida… vou ficar com síndrome de abstinência!

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