Lorenzo no Qatar

MotoGP – Qatar

E finalmente começou o MotoGP 2016!

Marcamos de assistir juntos e torcer pela Ducati, que vinha de bons treinos. Mas no final, acabou rolando um repeteco do que sempre acontece. Os “Aliens” na ponta e as motos de fábrica dominando.

Para este ano temos grandes novidades no regulamento e nas motos. Todos com pneus Michelin, todos com ECU Magneti Marelli, todos com protótipos, acabaram as Open, todos com mais gasolina no tanque.

Vamos comentar rapidamente e por partes. Primeiro os pneus. Os novos Michelin andaram dando uns sustos. Os Bridgestones que saíram estavam em um nível muito alto de performance e todos estavam apreensivos com a qualidade dos novos pneus. Podem esquecer. Lorenzo fechou a prova mais rápido do que o ano passado e ainda pulverizou o recorde do Casey Stoner. Não precisa falar mais nada. A Michelin foi melhorando os pneus durante os treinos e o que se viu foi que duraram bem a prova inteira. As melhores voltas do Lorenzo foram as últimas. Mas os pneus não são iguais aos antigos. O Michelin traseiro é melhor do que o da Bridgestone mas o dianteiro é ainda considerado um pouco pior. O japonês era adorado principalmente pela Honda e Marc Marquez. Os novos pneus favorecem a Yamaha e ao estilo do Lorenzo.

A ECU nova também favorece a Yamaha e Ducati. A Honda, cheia de segredos com a sua caixa de marchas super rápida ZeroShift e com o seus dados do torsiômetro, é a que tem muito menos experiência com a ECU italiana. A Ducati, em contraste, sabe tudo dela. Tanto que a Honda treinou sofrendo, mas, como sempre, tem grana para contratar e colocar um monte de gente boa futucando os settings e na hora da corrida, apresentou-se rápida.

Sobre as motos começamos o ano com uma Yamaha MUITO acertada e com a folga de ter mais 2 litros de gasolina. Sem muitas mudanças, a Yamaha 2016 está testando e usando asinhas aerodinâmicas e talvez a maior diferença seja a posição do tanque de gasolina. É a moto a ser batida.

Marquez no Qatar
Marquez no Qatar

A Honda continua com os problemas do ano passado. Um motor excepcionalmente forte e intratável. Precisa de uma eletrônica dominadora. Justo o que a Honda tem menos experiência, a nova ECU. Estão usando o chassi 2015 porque o 2016 virou mais lento. Marc Marquez e muito habilidoso e arranca desempenho na marra, mas Pedrosa precisa de uma moto certinha para andar.

Dovi no Qatar
Dovi no Qatar

A Ducati melhorou um pouco mais a GP15 e a nova Desmosedici GP parece ser uma moto muito boa. É quase unanimidade no padock que o que a Ducati precisa agora é de um alien para tocar a moto. A moto estaria pronta para ganhar, mas Dovi e Ianonne não seriam os pilotos. Stoner seria, mas não quer correr. Dizem então que a Ducati Marlboro irá fazer uma oferta milionária para Jorge Lorenzo.

A Suzuki treinou muito bem e Maverick Viñales está surrando o Aleix Espargaró. Esperava mais dela na corrida e o que se viu foi uma melhora, mas ainda não está dando. A moto tem potência mas reclamam da falta de aceleração.

A Aprilia esta com o desenvolvimento muito atrasado, a moto parece gorda, RS-GP é o nome dela. Tem que gramar muito.

E depois de tanta expectativa a corrida foi relativamente tranquila. Confirmou a boa forma da Yamaha e do Lorenzo. Ele é um dos pilotos mais chatos de olhar correndo, pois é suave, quase não se mexe na moto, pouco espetáculo. Quem diria que ele fez suas voltas mais rápidas e bateu recorde ali no finalzinho? Não dá para ver, é muito preciso. Largou bem, levou um pau das Ducati’s na reta mas sempre soube que tinha mais moto no miolo. E mesmo assim tinha mais moto de reta do que o Marc Marquez. Quando passou as Ducati’s, baixou a cabeça e fez o que faz sempre. Sequencia infinita de voltas rápidas e sem erros, que esgotam os concorrentes.

Atrás as Ducati’s vieram brigando entre si de maneira idiota. Ianonne é meio lambão, quase jogou o Dovi no chão, só para depois levar um estabaco sozinho. E perigoso, quase levou mais uns com ele. Foi o Ianonne de sempre, rápido e cai cai. Um Crutchlow, que também estabacou-se. Dovi é um excelente piloto, ex-campeão do mundo de 125, rápido, bom de informações, mas falta uma faca nos dentes.

Marc Marquez veio brigando com a moto. Não dava nem para o cheiro na reta contra as Ducati’s. E nem nas curvas. Mas o moleque é muito talentoso e as 2 ou 3 voltas que deu quando cismou de passar o Dovi foram um show de malabarismos. Vinha todo torto e balançando, obrigando a moto na força bruta. Tanto que não deu, Dovi devolveu a passagem e chegou na frente dele.

Rossi, mesmo chegando em quarto, e sendo o vencedor da corrida no ano passado, fez uma corrida razoável. Conseguiu seguir o pelotão dianteiro, mas nunca teve desempenho para passar.

Pedrosa fez o que pode, ele só anda com moto certinha e a RCV está longe disso. Vinãles decepcionou chegando em sexto, mesmo chegando bem mais perto da ponta do que o ano passado. Mas ele largou de terceiro, vinha apavorando nos treinos, eu esperava mais.

Foi bom, as motos parecem estar mais perto umas das outras. Tomara que Honda e Yamaha não se distanciem como nos outros anos, que a Suzuki apresente nas provas o que apresentou nos treinos. Que Dovi se anime e que Casey Stoner finalmente dispute uma prova.

Todas as fotos são do CormacGP, muito boas.

Abraços

Mário Barreto.

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestras em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo®, www.motozoo.com.br, onde escreve sobre motociclismo. É Mestre em Artes e Design pela PUC-Rio. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

Um comentário em “MotoGP – Qatar”

  1. Muito bom, Mário!

    Meus pitacos:

    a) irritante a briga de egos dos Andrea! Está faltando inteligência… uma vez que estavam fazendo 1-2, o 2o deveria ter segurado o Lorenzo no miolo enquanto o 1o abria 2s ou 3s. Não seria difícil, pois Losail é uma pistinha semelhante à Hungaroring na F1: basta fazer o miolo por dentro e abrir o motorzão na reta. Perdeu-se uma ótima chance de obter a tão esperada vitória, que daria um gás ao pessoal da fábrica.

    b) quem ainda insiste em negar o valor do Marquez pode vê-lo baixar os tempos desde o último teste pre-temporada e ainda dar um passadão no Rossi, que deve ter dormido com a cabeça-quente. Aliás, Rossi continua falastrão e o Lorenzo fez um gesto de “zip it” (feche a boca) assim que chegou no parque fechado.

    c) triste mesmo é ler “unfortunately electrical issues would come back to haunt the Brit on Sunday night, his bike losing its position on track and giving power when it should have been cutting power. This fact was the cause of his crash on the seventh lap of the race.” sobre o problema do Crutchlow. Saudade dos tempos em que o controle de tração estava na munheca…

    d) Redding e Viñales não renderam o que podiam, mas Aleix Espargaró e Pedrosa foram as grandes decepções.

    e) Barbera em nono merece aplausos!

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